Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ENCHENTES NO RIO - NEM UM TOSTÃO PARA OBRAS PREVENTIVAS

A conta-gotas. Governo atrasa projetos e não libera nem um tostão para obras contra enchentes no Rio - O GLOBO, 25/09/2011 às 22h46m; Regina Alvarez

BRASÍLIA - A liberação de recursos federais é muito lenta não só para os principais programas do governo Dilma - como foi mostrado na edição deste domingo do GLOBO. A situação é semelhante no caso de obras e serviços essenciais à população. A três meses do início da temporada de chuvas e enchentes de verão, o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, do Ministério da Integração Nacional, conta com investimentos de R$ 296,9 milhões no Orçamento de 2011, mas o dinheiro continua no caixa do governo. Até o momento, o valor executado (pago), de R$ 66,3 milhões, refere-se a investimentos contratados em anos anteriores - 22,3% do total.

Essas obras de prevenção são essenciais para evitar ou atenuar tragédias que se repetem todos os anos, como deslizamentos de terra em áreas de risco. No caso do Estado do Rio, foram reservados R$ 7 milhões para apoio a obras preventivas, mas nenhum tostão foi liberado até agora. Para São Paulo, estão previstos R$ 33,5 milhões, destinados à implantação de reservatórios para contenção de cheias e outras obras preventivas, mas também não houve liberação de recursos.

Na área de segurança, a execução de investimentos dos dois carros-chefe do Ministério da Justiça também é mínima. No Sistema Único de Segurança Pública (Susp), o Orçamento deste ano prevê R$ 317,4 milhões para investimentos, mas, até setembro, foram executados apenas R$ 38,8 milhões - 12% do total, incluindo os restos a pagar (despesas de anos anteriores pagas este ano).

Em relação ao Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que articula políticas de segurança com ações sociais, os investimentos diretos previstos para este ano chegam a R$ 657,7 milhões, mas esses recursos ainda não foram liberados. Até o momento, foram pagos R$ 99,5 milhões relativos a despesas contratadas em anos anteriores. Se comparado esse valor ao previsto no Orçamento, a execução chega a apenas 15,1%.

Já o programa de Prevenção e Repressão à Criminalidade, também do Ministério da Justiça, tem uma dotação de R$ 70,9 milhões para investimentos no Orçamento, mas apenas R$ 285,8 mil foram executados. Com os restos a pagar do ano passado, a verba liberada chega a R$ 16,3 milhões, ou 23% do total.

Dinheiro contra dengue também não sai do caixa

Na Saúde, destaca-se a baixa execução dos recursos para prevenção da dengue, que integra o Programa de Vigilância, Prevenção e Controle de Doenças e Agravos. Dos R$ 9,7 milhões para gastos de custeio com a prevenção da doença, apenas R$ 125 mil foram executados: 1,3% do total, já incluindo nesta conta os restos a pagar.

Os números da execução orçamentária foram extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pelos técnicos da assessoria de Orçamento do DEM no Congresso.

O atraso na execução do Orçamento de 2011 decorre de um conjunto de fatores. Vários ministérios foram fortemente atingidos pelo corte de R$ 50 bilhões realizado em março, mas, em alguns casos, o problema é com a burocracia ou decorrência de falhas na gestão.

A justificativa do Ministério da Integração Nacional para a baixa execução dos recursos para prevenção de desastres naturais é que a verba é liberada por meio de convênios com estados e municípios, que estão sujeitos a um "trâmite rígido, com o intuito de respeitar a legislação e as exigências dos órgãos de controle interno (CGU) e externo (TCU), além de evitar possíveis denúncias de desvios e malversação de dinheiro público". A pasta informou ainda que a Secretaria Nacional de Defesa Civil já empenhou (reservou) cerca de R$ 120 milhões "em pleitos voltados para a prevenção de desastres, com planos de trabalho aprovados, que estão em análise técnica e jurídica para, posteriormente, seguirem os passos da liquidação e do pagamento".

Coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho explicou que a maior parte dos recursos para prevenção e controle da dengue - R$ 800 milhões este ano - foi transferida pela pasta a estados e municípios, para que eles realizem as ações. Em relação aos recursos de ações e investimentos de responsabilidade direta da pasta - aquisição de inseticidas, equipamentos de fumacê, kits diagnóstico e veículos -, que somam cerca de R$ 12 milhões, disse que eles estão sendo empenhados e que, "historicamente, a execução se dá no último trimestre".

Já o Ministério da Justiça informou que houve corte de R$ 1 bilhão no orçamento, "e como 87% do orçamento são destinados a ações de segurança pública, esse segmento sofreu significativa diminuição". E enfatizou que, em geral, a maior parte do orçamento dos programas é executada no segundo semestre. Sobre o Pronasci, justificou que o programa está passando por uma readequação para aperfeiçoamento do controle dos recursos encaminhados aos estados.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - ENQUANTO ISTO, SOBRAM RECURSOS PÚBLICOS PARA FESTAS E CARNAVAIS PELO BRASIL.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CORRUPÇÃO ENDÊMICA E FRAGILIDADE DA DEFESA CIVIL

Relatório aprovado na Alerj. CPI da Serra: corrupção é endêmica na região. 21/09/2011 às 23h54m; O Globo

RIO - Ao abrir a sessão que aprovou na quarta-feira, na Alerj, o relatório da CPI sobre as responsabilidades pela tragédia causada pelas enxurradas em janeiro deste ano, o presidente da comissão, deputado Luiz Paulo (PSDB), disse que as investigações mostraram fortes indícios de "corrupção endêmica" na Região Serrana, segundo informou o site G1.

Como O GLOBO noticiou numa série de reportagens , funcionários públicos e empresários da região montaram um esquema de corrupção para dividir as verbas destinadas a reconstruir as cidades e socorrer as vítimas. Segundo depoimento de um empresário, a propina, normalmente de 10%, passou a ser de 50% após a tragédia. Por causa das denúncias de desvios de recursos, no dia 2 de agosto, a Câmara de Teresópolis afastou, por 90 dias, o prefeito Jorge Mário (sem partido). As enxurradas mataram mais de 900 pessoas.

Na Alerj, o relatório da CPI da Serra foi aprovado por unanimidade, em 22 de agosto, pelos integrantes da comissão. Ontem, o documento foi aprovado no plenário. Na abertura da sessão, o deputado Luiz Paulo chamou a corrupção em Teresópolis de "tragédia dentro da catástrofe".

- A corrupção é estrutural, já existia antes da tragédia - disse ele, explicando por que colocou a corrupção como causa das mortes.

Relatório critica fragilidade das defesas civis da região

O relatório dá 43 sugestões de ações para remediar e prevenir tragédias. Entre as propostas, há dois anteprojetos de lei: um coibindo as ocupações irregulares e outro criando um fundo para catástrofes. Também há a necessidade de se construir, nos próximos quatro anos, 40 mil habitações, além da dragar rios, conter encostas e fazer o controle do uso do solo. Outra necessidade é a de um sistema organizado de Defesa Civil. O relatório, feito pelo deputado Nilton Salomão (PT), faz críticas à "extrema fragilidade" das defesas civis dos municípios da Região Serrana.

O documento será enviado ao Tribunal de Contas do Estado, ao Tribunal de Contas da União, à Controladoria Geral da União e ao Ministério Público, assim como ao governador Sérgio Cabral.

A PREVENÇÃO EM ÁREAS DE RISCO

EDITORIAL CORREIO DO POVO, 23/09/2011


Já faz bastante tempo que milhares de pessoas são vítimas de deslizamentos de terras e inundações no Rio de Janeiro. Entre mortos, feridos e desalojados, tem ficado clara a deficiência nas fiscalizações que deveriam ser encaminhadas pelos órgãos responsáveis. Essa negligência costuma apresentar um alto custo social e esse dano abre caminho para uma reflexão sobre a necessidade de criar novos mecanismos de acompanhamento dos riscos, principalmente com investimentos em prevenção.

Um dos lugares mais atingidos, no estado fluminense, ao longo dos tempos, é a cidade de Niterói. Em 2010, não foi diferente e, junto com Angra dos Reis e Teresópolis, foi palco de uma tragédia que causou óbitos e flagelos. Milhares de residências foram perdidas.

Para tentar evitar que novos sinistros ocorram no futuro, o Ministério Público no município está encaminhando cinco Ações Civis Públicas (ACPs) contra a prefeitura municipal e contra a Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa), com pedido de antecipação de tutela, instituto que solicita a adoção de determinadas medidas antes mesmo do julgamento do mérito pelo juiz.

O poder público, quando lida com a vida das pessoas, deve ser diligente e ágil. O exemplo vindo do Rio de Janeiro deve servir para que os gestores públicos de todo o país ajam de forma célere para evitar que calamidades ocorram. Essa realidade, sabe-se, não é específica daquele estado e, por similaridade, outras unidades federativas do país e outros órgãos municipais devem solicitar levantamentos técnicos para indicar onde há mais probabilidade de ocorrerem problemas.

A questão do déficit de moradia no Brasil assume ares dramáticos. Entretanto, não será com permissividade diante da ocupação de áreas perigosas que esse quadro será equacionado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

BOMBEIROS SÃO PRESOS POR DESOBEDIÊNCIA



Bombeiros são presos por desobediência após protesto no Rio - FERNANDO MAGALHÃES DO RIO - FOLHA.COM, 14/09/2011 - 09h58; Atualizado às 12h55.

O capitão Alexandre Marquesini e o cabo Beneveluto Daciolo, do Corpo de Bombeiros do Rio, telefonaram nesta manhã para familiares avisando que foram presos sob alegação de desobediência e insubordinação.

A Secretaria de Defesa Civil do Rio de Janeiro e o Corpo de Bombeiros informou, em nota, que as prisões ocorreram em função da "recusa [dos bombeiros] de se retirarem da porta do Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, após diversas solicitações".

Os dois detidos estão no Grupamento Especial Prisional do Corpo de Bombeiros, em São Cristovão, na região central do Rio.

De acordo com familiares e manifestantes que estavam no local, por volta da 1h desta quarta, o coronel Ronaldo Jorge Alcântara, subcomandante dos Bombeiros, e o corregedor da corporação, coronel Marcos Tadeu Vieira, solicitaram a presença dos dois no Palácio. Ali os dois foram detidos.

Ainda segundo os manifestantes, um grupo de bombeiros teria partido da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), no centro, na noite de ontem, para o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Ali ficaram em protesto quando foram informados por PMs que deveriam deixar o local.

Um grupo teria ficado e a maioria, ido embora. Os dois líderes foram presos porque teriam permanecido.

Outras lideranças do movimento devem se reunir para discutir a prisão do capitão e do cabo ainda na manhã de hoje. Desde abril deste ano, os bombeiros do Rio reivindicam melhores salários e condições de trabalho.

OUTRO LADO

Segundo a nota, o procedimento de prisão será encaminhado à Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio, que assumirá a condução do processo, já que se trata de crime militar.

A secretaria de Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros afirmam que a pasta trouxe para a corporação "maior capacidade de interlocução junto ao governo" e que houve a autorização do governador Sérgio Cabral para a concessão da gratificação no valor de R$ 350 mensais. O benefício já contemplaria, desde agosto de 2011, 10.143 bombeiros.

O governador também teria antecipado de dezembro para julho os seis meses de reajustes salariais, chegando a 5,58%. Somados aos reajustes de janeiro a junho deste ano, as categorias passaram a acumular 11,5% de aumento salarial em 2011. Com isso, a faixa salarial de um soldado que completar o triênio (em outubro) chegará a R$ 1.935,00.

BOMBEIROS RIO - LÍDERES SÃO PRESOS

Líderes dos Bombeiros são presos, dizem manifestantes - O GLOBO, 14/09/2011 às 04h01m; Athos Moura

RIO - Dois dos líderes do movimentos dos Bombeiros foram presos, no início da madrugada desta quarta-feira, dentro do Palácio Guanabara, conforme informou a deputada estadual Janira Rocha (PSOL) e demais manifestantes que estão acampados na porta da Alerj. Segundo a parlamentar, por volta da 1h da manhã, o subcomandante dos bombeiros e o corregedor, coronéis Ronaldo Jorge Alcântara e Marcos Tadeu Moreira, solicitaram a presença do cabo Beneveluto Daciolo e do capitão Alexandre Marquesini no interior do Palácio e os prenderam. As acusações não teriam sido informadas.
Os manifestantes disseram que durante à noite desta terça-feira, um grupo de bombeiros foi até o Palácio Guanabara. Após os protesto, o subcomandante e o corregedor teriam pedido aos líderes do movimento que retirassem os militares do local. Parte dos bombeiros foi para a Alerj e a outra parte regressou para suas casas.

A deputada Janira Rocha contou que presenciou o momento em que os líderes foram chamados pelos seus superiores. Ainda de acordo com ela, os coronéis não permitiram que ela acompanhasse os bombeiros:

- Eles chamaram o Daciolo e o Marquesini, pediram que entrassem no Palácio e o prenderam. Mais cedo eles haviam dito que se apenas os dois permanecessem no local não haveria problemas.

Janira Rocha também contou que os líderes foram encaminhados para o Quartel Central dos Bombeiros, para prestar depoimento à corregedoria da corporação, e em seguida seriam transferidos para o Grupamento Especial Prisional (Gepe). Ninguém do Corpo de Bombeiros foi encontrado para confirmar a prisão dos militares.

Devido a prisão de Marquesini e Daciolo, o movimento SOS Bombeiros, criado pelos manifestantes, remarcou a concentração do grupo para a porta da Alerj, às 11h da manhã desta quarta-feira. Anteriormente o grupo se reuniria no Palácio Guanabara.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ENCHENTES: A POLÍTICA DE ENXUGAR GELO

Cecy Oliveira, jornalista - Zero Hora 13/09/2011

Assim como todos os anos em setembro chega a primavera, a imprensa noticia enchentes e inundações, perdas econômicas e humanas. Os solidários arrecadam roupas e mantimentos, os municípios decretam situação de emergência, os mais atingidos vão para abrigos, as manchetes duram uma semana e tudo volta ao que era antes.

Por que ainda não aprendemos a conviver com os ciclos da natureza? Por que não se gasta um pouquinho de tempo a prestar a atenção ao comportamento de nossos rios? Por que continuamos a desmatar e invadir as margens e as zonas de inundações construindo casas, fazendo plantios e instalando fábricas que mais cedo ou mais tarde serão levadas pelas águas?

E, principalmente, por que continuamos fazendo os rios de lixeira?

Será que já não passou da hora de evitar em lugar de remediar?

O país já tem know-how de sobra para saber como deve fazer a gestão de seus recursos naturais, trabalhar em uma consistente agenda marrom e tratar seus despejos indesejáveis, sejam eles domésticos ou industriais. Os técnicos brasileiros da área de saneamento e recursos hídricos se destacam mundo afora. Neste mês mesmo, Porto Alegre vai virar a Capital do Saneamento, sediando dois grandes eventos, um internacional, na área de drenagem, e outro, o 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, com mais de 6 mil participantes, com os maiores especialistas nestes dois temas.

É uma boa oportunidade para ouvir e aprender como lidar com o mundo que nos cerca e abriga. E agir tentando virar este jogo, pois estamos a cada ano perdendo de goleada. E não adianta culpar a chuva e os céus que parecem estar querendo nos castigar. É muito mais econômico e racional conviver com o que agora se convencionou chamar de caprichos da natureza.

Já sabemos de cor e salteado, como se dizia antigamente, que os impactos ambientais urbanos são todos inter-relacionados. A expansão urbana contribui para o desmatamento, que enfraquece o solo, causando erosão, que, aliada à falta de um sistema adequado de drenagem, carrega solo e lixo para os corpos d’água. O emprego do asfalto generalizadamente dificulta a absorção das águas pluviais, represando e potencializando a força das enxurradas. O assoreamento reduz a profundidade dos rios e lagos, que a cada chuva mais forte vão sair dos leitos comprometidos, também, pela presença de esgotos sem tratamento e lixo jogado displicentemente pelos moradores. Ao ponto de que se pode até montar uma casa, como o Departamento de Esgotos Pluviais vem fazendo, com sua Casa do Arroio, com os objetos – de fogões a sofás – recolhidos na rede hídrica da cidade.

Não é mais simples, prático e barato trabalhar a favor da natureza em lugar de lutar contra ela?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

TEMPOS DIFÍCEIS E A DEFESA CIVIL

Gastão Gal


Hoje temos observado o quanto o Brasil em um todo está deficiente em bons coordenadores municipais, estaduais ou mesmo federal de defesa civil.

Este quadro é agravado pelo fato de a legislação atual não exigir formação alguma, mas indicação política estes cargos e em raras ocasiões os gestores públicos buscam um técnico no assunto.

Entendo que os coordenadores deveriam ser funcionários de carreira e que exercessem esta atividade permanentemente para não haver processo de descontinuidade nas ações de defesa civil.

Cada vez mais se faz necessário pessoas qualificadas para coordenarem estas instituições tanto a nível municipal, estadual ou federal tendo em vista o aumento do grau de destruição e também a frequência dos adventos danosos causados tanto pela ação fortuita da natureza como pela ação do homem.

Também acho importante a criação de uma faculdade que forme pessoas qualificadas para atenderem estes eventos. Pessoas que deveriam ser aperfeiçoadas e treinadas para manterem a tranquilidade nos momentos mais dramáticos das calamidades.

Estive recentemente em New York e mantive contato estreito com o corpo de bombeiros da cidade e principalmente com a unidade que atendeu o evento no World Trade Center. Disse-me o Cmt do Batalhão de bombeiros que dado à magnitude da calamidade muitas pessoas entraram em pânico e mesmo entre aqueles que deveriam coordenar as ações de socorro nos momentos iniciais.

Muitas autoridades ficaram perdidas e não sabiam como gerenciar o evento e isto é natural, pois eles não foram eleitos para atender estas graves anormalidades, mas deveria ter a sobriedade de escolher pessoas qualificadas e proporcionar a estas pessoas a ação de gerenciar os meios. Existe um erro crasso nas informações quando dizem a defesa civil fez isto a defesa civil fez aquilo, a defesa civil não faz nada a não ser coordenar os meios disponíveis da comunidade e organizar estes meios para não haver superposição de meios em um mesmo atendimento.

Muitas vezes estes administradores públicos no afã de querer ajudar atrapalham o que está capacitado para resolver o efeito danoso da calamidade.

O que ocorre na maioria dos casos no Brasil é que o gabinete de defesa civil é formado por uma pessoa somente quando deveriam ser várias equipes onde estas equipes fossem capacitadas em diversas atuações dado a complexidade dos eventos danosos que podem ocorrer.

Tudo em nosso país e improvisado e para piorar o quadro os meios não são disponibilizados aos coordenadores e muito menos existem investimentos nas prevenções às calamidade.

Outro fator preponderante prende-se ao fato que em momentos de calamidade quem deve gerenciar as ações de Defesa Civil deveria ser o Coordenador de Defesa Civil e agirem em nome do gestor público. Isto somente poderia ocorrer se o Coordenador fosse um técnico no assunto e não indicação política. Esta deficiência pode-se notar nas situações de emergência ou estados de calamidades públicas e nem ouso falar em catástrofes onde, o atendimento deveria ser célere, mas emperra na burocracia.

Volto a afirmar as universidades deveriam urgentemente criar uma Faculdade de Defesa Civil ou mais uma vez veremos a máxima: Em casa depois de arrombada coloca-se tranca de ferro. Fico preocupado com nosso futuro se nada for feito.

Gastão Gal - Major da Reserva Altiva da Brigada Militar. Foi instrutor de Defesa Civil na Academia de Policia Militar do RS, (Oficiais), instrutor na escola de formação de sargentos da Brigada militar e exerceu função de treinamento de Defesa Civil das prefeituras do estado do Rio Grande do Sul como integrante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do S

CHUVA EM SC - QUASE UM MILHÃO DE PESSOAS AFETADAS

Quase 1 milhão de pessoas afetadas pela chuva em SC. Enquanto os rios baixam em algumas áreas, milhares permanecem alojados em abrigos públicos - ZERO HORA 12/09/2011

O número de pessoas afetadas pelas chuvas em Santa Catarina já passa de 920 mil, segundo relatório da Defesa Civil divulgado ontem. Três dias após o cessar da chuva naquele Estado, casas e ruas de Rio do Sul, Itajaí, Aurora e Laurentino ainda estão inundadas.

Pelo menos 174.510 pessoas tiveram de deixar suas casas, sendo que 159.490 se alojaram em moradas de parentes ou amigos e 15.020 estão em abrigos públicos. Entre eles, escolas e salões de igreja.

Até o final da tarde de ontem, Laurentino permanecia isolada. A cheia persiste em parte do Vale do Itajaí porque a água escorre em direção ao mar, que tem seus momentos de maré alta, formando uma barreira natural. A expectativa da Defesa Civil de SC é que o alagamento acabe em dois dias.

Com a dificuldade de comunicação e para contabilizar o prejuízo, alguns municípios demoraram para informar à Coordenação da Defesa Civil o resultado da catástrofe trazida pela chuva. Laurentino, Lontras e Taio tiveram seus decretos aprovados ontem, aumentando para nove o número de cidades em estado de calamidade pública – por ocorrer danos à saúde e aos serviços públicos.

No pátio do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau (Seterb), a água baixou e parte dos veículos apareceram cobertos de lama. No local, ficam veículos retidos por problemas de documentação. Como o rio subiu rápido demais e muitos veículos estavam travados e sem chave, não foi possível removê-los do local.

Três mortos

A Defesa Civil de SC confirmou, ontem, a terceira morte provocada pelas chuvas. Ronaldo Novaes dos Santos, 19 anos, morreu depois de tocar com a cabeça na rede elétrica. Sexta-feira, por volta das 6h, ele estava em uma embarcação com o irmão quando foi atingido pela rede de alta tensão. Sábado, a Defesa Civil confirmou a morte de Antônio José Mendonça, 50 anos, em Itajaí. Ele morreu após cair na água e se afogar. A outra vítima das chuvas foi Valdomiro Carminatti, 66 anos, que morreu quinta-feira em Guabiruba, depois que o telhado do rancho onde ele trabalhava desabou.

Porto de Itajaí segue fechado

As operações no Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu seguem suspensas em função da forte correnteza no canal de acesso aos terminais de Itajaí e Navegantes. As manobras foram interrompidas na quinta-feira, e até ontem 13 navios e dois rebocadores aguardavam, ancorados em alto-mar, pela retomada das atividades. A superintendência do complexo informou que não houve danos aos cais portuários, mas será necessária uma nova medição do calado do rio para que as operações sejam normalizadas.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

CHUVAS EM SANTA CATARINA - A HISTÓRIA SE REPETE


CHUVAS SC. Uma história que você já viu - JÚLIA ANTUNES LORENÇO. Colaborou Marjorie Basso - DIÁRIO CATARINENSE, 09/09/2011


O Estado em alerta. O Vale do Itajaí, onde uma pessoa morreu, foi o mais prejudicado, novamente. Ontem à noite, soldados do Exército foram deslocados para a região. A Defesa Civil do Estado foi enfática: trabalha com o pior cenário possível.

O Rio Itajaí-Açu, em Blumenau, ameaçava chegar aos 13 metros nesta madrugada, podendo ocasionar a pior enchente desde 1984. Em Itajaí, a Defesa Civil pedia para que toda a população procurasse abrigos indicados. A previsão era de que 80% da cidade ficasse embaixo de água.

Diante das notícias, a presidente Dilma Rousseff ligou para o governador Raimundo Colombo, por volta das 21h, de ontem Ela ofereceu liberação de recursos para o Estado.

O avanço das águas do Rio Itajaí-Açu, em Blumenau, que ameaçava chegar aos 13 metros até as 6h de hoje, reflete os últimos três dias de chuva no Estado. As consequências já são conhecidas da população do Vale do Itajaí, a mais prejudicada. Se o alerta for confirmado, esta pode ser a maior inundação, na cidade, desde 1984 (veja ao lado). Em Itajaí, a a previsão da Defesa Civil era alarmante ontem à noite: 80% da cidade deveria amanhecer inundada, como aconteceu em 2008. A população foi orientada a deixar suas casas.

Um homem morreu, em Guabiruba, no Vale do Itajaí, ao ser atingido pelo telhado de um galpão que despencou sobre ele. De acordo com os bombeiros, Valdemiro Carminati, 66 anos, tentava consertar um pilar do galpão que se soltou, possivelmente por causa do solo encharcado.

Moradores do Norte do Estado e da Grande Florianópolis também sofreram com alagamentos e deslizamentos. Pelo menos 499,9 mil pessoas em 60 municípios foram atingidas. Esta é a quarta vez, em menos de 40 dias, que SC está em alerta devido às chuvas. De acordo com o boletim da Defesa Civil estadual das 0h30min, 14 cidades decretaram situação de emergência e 37 emitiram notificações preliminares de desastre. Pelo menos seis rodovias estaduais e quatro federais tiveram o trânsito interrompido.

O major Márcio Luiz Alves considerou a situação crítica, apesar de dizer que não há um comparativo com o que ocorreu em 2008. O nível do rio Itajaí-Açu foi monitorado durante todo o dia. Às 22h30min ele estava com 11,26 metros em Blumenau, onde o rio começa a transbordar com oito metros. Nas enchentes de 1984, o nível chegou a 15,46 metros. O governador Raimundo Colombo esteve na cidade:

– A situação realmente é negativa e o Estado vai dispor toda a sua estrutura para ajudar tanto Blumenau como as outras cidades – informou.

Ele ainda visitou Rio do Sul, no Alto Vale, onde o rio poderia chegar a 12 metros durante a madrugada. A prefeitura decretou estado de calamidade.

O alto volume de chuva, nas últimas 72 horas, supera a média esperada para todo mês, em pelo menos cinco cidades: Campos Novos, Joinville, Blumenau, Florianópolis e Indaial. De acordo com o meteorologista Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia, em nenhum outro Estado do país choveu tanto quanto em Santa Catarina.

O alerta de que os volumes de chuva poderiam chegar a 200 milímetros, entre ontem e hoje – superando a média de 130 a 180 milímetros – foi dado na quarta-feira, pela Defesa Civil. Algumas famílias de regiões ribeirinhas e encostas foram removidas já na quarta-feira. Deslizamentos e alagamentos foram as principais ocorrências.

A população também ajudou a evitar tragédia ainda maior. O gerente de prevenção da Defesa Civil do Estado, Emerson Emerim, disse que as pessoas têm uma percepção maior das áreas de risco:

– A enchente de 2008 fez SC aprender com a dor. A população está menos resistente em sair de casa.

Recorde no nível do Itajaí-Mirim - DIOGO VARGAS | BRUSQUE

O dia ontem foi de muita apreensão e medo entre moradores, autoridades e a defesa civil de Brusque, com o Rio Itajaí Mirim alcançando a marca histórica de 8m76cm. Em 2008, o nível chegou a 8m75cm. A previsão desta vez é ainda pior: o rio pode bater a marca recorde de 9m, com consequências desastrosas.

O dia ontem foi de muita apreensão e medo para os moradores de Brusque e região. Pouco a pouco, foi possível acompanhar o efeito da forte chuva sobre do Rio Itajaí-Mirim.

O nível foi subindo com o passar das horas e o que se temia aconteceu: às 22h40min o rio chegou a 8m76cm, a maior marca da história (na enchente de 2008, chegou a 8m75cm). A expectativa é que pudesse chegar a 9m ao longo da madrugada.

– A população deve ficar atenta e não esperar para deixar a casa na última hora – alertou o diretor da Defesa Civil, Eliseu Muller Júnior.

Às 19h30min, estava em 8m54cm e não havia transbordado na área central. Dezenas de pessoas olhavam a força da água nas margens da ponte Irineu Bornhausen, no Centro.

Várias ruas ficaram alagadas e famílias foram retiradas de casas por precaução. As seis famílias que foram orientadas a sair moram no Parque das Esculturas, localidade que fica na entrada de Brusque.

Há abrigos montados pelo município à disposição da população no pavilhão da Fenarreco.

De dia, houve ruas interditadas nos Bairros Dom Joaquim e Rio Branco com a subida do rio.

No Dom Joaquim, quatro cavalos ficaram encurralados pela água numa parte alta. O dono Osmar Mafra, 82 anos, preferiu não cortar a cerca que faria com que os animais tivessem acesso à rua e pretendia mantê-los no local até a sexta-feira pela manhã.

Até as 20h, haviam sido registradas 22 ocorrências de pequenos deslizamentos, mas sem vítima ou casa atingida. Como o solo está frágil, há riscos de quedas de barreiras nas estradas da região e desmoronamentos sobre casas nas encostas.

Serra em emergência - PABLO GOMES | LAGES

Duas cidades da Serra Catarinense estão em situação de emergência por conta das fortes chuvas desta semana. Correia Pinto e Palmeira registram alagamentos e algumas famílias precisaram deixar as suas casas. Em Lages, a situação era tranquila no fim da tarde, apesar de ter chovido forte o dia inteiro e de o Rio Carahá estar cheio.

Em Correia Pinto, os rios das Pombas, Canoas e Tributo transbordaram em alguns pontos e suas águas atingiram 33 residências em quatro bairros. As aulas da rede municipal foram suspensas, e o ginásio de esportes da Escola José do Patrocínio foi colocado à disposição.

Em Palmeira, algumas localidades estão isoladas e sem acesso. Em Otacílio Costa, o Rio Canoas transbordou em alguns pontos e forçou a interdição das duas pontes.

A pior cheia em 27 anos - DANIELA MATTHES | RIO DO SUL

Rio do Sul enfrenta a terceira cheia em 30 dias. Ontem, a pior delas este ano. Famílias inteiras tiveram que sair de casa em busca de abrigos. Segundo a Defesa Civil, há 27 anos não ocorria uma situação como esta na cidade do Alto Vale do Itajaí.

As mãos trêmulas, os lábios roxos e os olhos vermelhos e úmidos de Gedson Silva Martiano dos Santos denunciam o drama que vive o morador de Rio do Sul. Pela terceira vez, teve que abandonar a casa, já inundada. E ele não estava sozinho. Enchente é, provavelmente, a palavra mais temida e usada pelos rio-sulenses no último mês. Em 30 dias foram três cheias.

Santos tentou, mas da casa em que mora com a família – quatro adultos e duas crianças – conseguiu salvar só um saco com roupas e um computador. A água subiu rápido demais. Ao meio-dia, o rio já estava em 8,93 metros. Encarando o frio e a chuva de setembro apenas com bermuda e camiseta, ele lembrou saudoso do calor e das praias de Alagoas:

– Chegamos aqui há um mês. Já pegamos três enchentes. Viemos do Nordeste, do calor, da praia. Viemos tentar a vida, mas assim está difícil. Não sei o que vamos fazer agora.

Um dos primeiros bairros a alagar em Rio do Sul é o Bela Aliança. Às 9h de ontem, bombeiros e voluntários com caminhões tiravam os últimos pertences da empregada doméstica Silvia Meireles e dos vizinhos. Ela mora na localidade há um ano. Suada e exausta, depois de tirar o que conseguiu de dentro de casa e colocar em uma caçamba, contou que boa parte dos móveis já foi perdida na cheia da semana passada.

Sobre o futuro, ela e o marido ainda não sabem o que fazer:

– Ainda estamos pagando a casa. É simples, mas é nossa.

Ao meio-dia, o comércio baixou as portas e os moradores começaram a se preparar para enfrentar a água barrenta que começava a alagar as primeiras ruas do Centro. O trânsito, nas ruas em que ainda era possível passar, era intenso, mas as calçadas já estavam vazias. Os pátios dos supermercados estavam cheios de quem se preparava para as horas difíceis que mal tinham começado.

Prefeitura decretou calamidade pública

Há 27 anos Rio do Sul não via tanta água. Por volta das 20h, 90% das ruas estavam alagadas, e o Rio Itajaí-Açu estava em 10,29 metros. Subiu 19 centímetros entre 19h e 20h.

– Só sobraram os morros – desabafou um agente da Defesa Civil.

À tarde, o prefeito Milton Hobus decretou estado de calamidade pública, mas até as 22h não havia repassado à Defesa Civil. A previsão era de que, durante a madrugada, o rio chegasse a 13 metros. Em 1984, o nível ficou próximo de 15 metros.

As cidades vizinhas também enfrentaram problemas. Desde o início da manhã, a rodovia SC-382 que liga Rio do Sul a Ituporanga estava com dois pontos de alagamento que impediam a passagem. José Boiteux, Witmarsun e Pouso Redondo decretaram situação de emergência.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PROTESTO DOS BOMBEIROS NO DIA DA INDEPENDÊNCIA

Os Bombeiros Militares realizaram um protesto durante o desfile cívico-militar do dia 07 SET 2011, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio de Janeiro. Paulo Ricardo Paúl