Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

RS SOB MAU TEMPO CHEIA HISTÓRICA




ZERO
HORA 19 de outubro de 2015 | N° 18329


Porto Alegre calcula os prejuízos



PREFEITURA DECRETOU SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA em razão dos temporais que atingiram a Capital nos últimos dias. Nível do Guaíba, que chegou a 2m94cm e levou ao fechamento de comportas, baixou e tendência é de que continue diminuindoDepois de decretar situação de emergência, na manhã de ontem, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, está de olho na calculadora. O município precisa comprovar um índice mínimo de prejuízos estipulado pelo governo federal para que o decreto, sem precedente na história recente da Capital, seja homologado pela União, e os recursos possam ser repassados. A contabilidade dos danos deve sair nesta semana.

A prefeitura deve comprovar prejuízos públicos que somem pelo menos 2,77% da receita corrente líquida do município, como danos em escolas, hospitais e rodovias, ou privados que atinjam pelo menos 8,33% dessa receita, como danos em casas, no comércio ou na agricultura. Devido à cheia histórica do Guaíba – que atingiu a marca de 2m94cm no sábado, a maior em 74 anos – e ao temporal da última quarta-feira – com ventos em torno de 100 km/h que destelharam prédios e derrubaram dezenas de árvores e postes –, Fortunati avalia que os índices serão atingidos. Há, ainda, previsão de chuva a partir de hoje na Capital (leia mais na página 20).

ROUPAS E COLCHÕES NÃO SÃO MAIS NECESSÁRIOS

Além dos alagamentos em residências, que castigaram principalmente a região das ilhas, 10 escolas e quatro unidades básicas de saúde foram danificadas. Apenas no Tesourinha, são 230 desabrigados, a maioria da Ilha dos Marinheiros. Outras pessoas que tiveram de abandonar suas residências estão em uma paróquia. No sábado, equipes do Exército auxiliaram os moradores da região. Conforme a Defesa Civil do município, doações de roupas e colchões não são mais necessárias.

– O que estamos vendo é uma situação de emergência, de forma indiscutível, mas temos de comprovar. Caso contrário, o decreto se torna inoperante – disse Fortunati.

Para os moradores prejudicados, a homologação garante o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o repasse temporário de valores via Bolsa Família, para a reconstrução das casas e compra de móveis e eletrodomésticos perdidos devido ao alagamento. Já para o Executivo, a aprovação do decreto garante o repasse de verbas para a reconstrução dos espaços públicos.

No sábado, pela segunda vez em menos de uma semana, o Guaíba atingiu proporções históricas. A água chegou a passar por baixo da comporta do portão principal do cais e sacos de areia foram usados para bloquear a passagem para a Avenida Mauá. O nível só começou a baixar na manhã de ontem, em razão da vazão menor dos rios e da mudança na direção do vento.

A elevação do Guaíba também deixa moradores da zona sul da Capital apreensivos. Durante a madrugada de sábado, as águas começaram a invadir ruas e pátio de residências, provocando alagamentos. Curiosas, muitas pessoas saíram para fotografar as vias que ficaram tomadas pela água.




Mais de 35 mil clientes seguem sem luz no RS

PROBLEMAS ESTÃO CONCENTRADOS na área da AES Sul, principalmente nas regiões Central e Metropolitana. Consumidores reclamam no InteriorApós os temporais da semana passada, 37 mil clientes ainda permaneciam sem energia no Rio Grande do Sul até ontem. A situação é mais grave nos municípios atendidos pela AES Sul, onde 35 mil unidades consumidoras continuavam sem luz.

Segundo a empresa, não há prazo para o restabelecimento do serviço e os problemas ocorrem em toda a área de concessão. Ainda de acordo com a distribuidora, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Canoas, Alegrete, São Sepé e São Francisco de Assis são algumas das cidades onde os transtornos são maiores. No sábado, eram 80 mil clientes no escuro. No pior momento, 490 mil consumidores da AES Sul ficaram sem energia. A companhia diz ter 1,5 mil profissionais tentando normalizar o fornecimento.

Em Santa Maria, eram cerca de 9 mil clientes ainda estavam sem energia elétrica ontem. Segundo a AES Sul, os principais danos são postes quebrados, cabos partidos, galhos e árvores caídos, objetos arremessados pelo vento e danos causados por raios. Equipes de outras regiões estão auxiliando no atendimento. A empresa também informa que solicitou o suporte de equipes de RGE e CEEE para colaborar no restabelecimento do serviço.

Ontem à tarde, moradores dos bairros Itararé e Salgado Filho, em Santa Maria, interromperam duas ruas e queimaram galhos e móveis velhos em protesto pela falta de luz. No sábado, a BR-392 próximo ao bairro Passo das Tropas, na mesma cidade, foi bloqueada por manifestantes durante quase quatro horas. Houve congestionamento de mais de três quilômetros na rodovia, que liga o norte do Estado e Santa Maria com Pelotas e Rio Grande. Os moradores da Vila Ipiranga reclamavam da demora no retorno da energia elétrica e exigiam a presença de uma equipe da concessionária para a liberação do trânsito.

Na área de concessão da CEEE, restam 2 mil clientes, moradores das ilhas em Porto Alegre e Eldorado do Sul sem luz. No sábado, eram em torno de 4 mil. Conforme a empresa, a região está sem energia por medida de segurança em função dos alagamentos. O serviço deve voltar quando a água baixar. A RGE informa que normalizou o fornecimento de luz no sábado.

NÚMERO DE DESABRIGADOS NO ESTADO CAI PARA 7 MIL PESSOAS

O último levantamento da Defesa Civil, divulgado ontem pela manhã, apontou que 7 mil pessoas seguiam fora de casa devido aos temporais no Estado, principalmente na Região Metropolitana. No total, cem municípios foram afetados por chuva, granizo e vento, com quase 35 mil casas atingidas – 26 decretos de situação de emergência chegaram ao governo gaúcho.

Ontem, o governador José Ivo Sartori sobrevoou áreas atingidas pela enchente na Região Metropolitana e vistoriou a central de doações, localizada no centro administrativo. O ministro da Previdência Social, Miguel Rossetto, visitou três cidades que tiveram prejuízos com os temporais.