Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

DESASTRES NATURAIS E ELEIÇÕES NO RS


ZH 01 de setembro de 2014 | N° 17909



PEDRO TELLES*




Dados oficiais mostram que há razão para temer o agravamento do problema. Na primeira década deste século, foram registrados 3.343 desastres naturais no Estado, um crescimento de 111% com relação à década anterior, de acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil. Em 2012, o Rio Grande do Sul enfrentou a pior seca dos últimos 60 anos, cujo prejuízo alcançou R$ 2 bilhões – com o setor agrícola sendo o principal afetado. Há dois meses, fortes chuvas deixaram milhares desalojados.

Em ano eleitoral, o tema deve ser abordado por candidatos ao governo estadual e também por presidenciáveis, já que outros Estados enfrentam problemas semelhantes. Porém, pouco se ouve falar de um assunto profundamente relacionado a desastres naturais: mudanças climáticas.

Resultado da emissão de gases de efeito estufa por atividades humanas, as mudanças climáticas são consideradas o maior desafio enfrentado pela Humanidade atualmente – e entre suas principais consequências está a intensificação de eventos naturais extremos. O El Niño e a La Niña, por exemplo, fenômenos identificados como grandes responsáveis pelas tragédias ao sul do país, tendem a se agravar com tais mudanças.

Em diversos países, as mudanças climáticas são tema importante no debate eleitoral. De Alemanha e Estados Unidos a Filipinas e Bangladesh, candidatos apresentam propostas para lidar com o problema e enfrentar suas causas.

No Brasil, o assunto ainda é tratado de forma marginal. Mudanças climáticas não entram nem no campo das promessas e passam longe de se tornarem prioridade em políticas públicas. Enquanto isso, os desastres seguem se acumulando e, em vez de medidas de prevenção efetivas, resta à população a ajuda humanitária depois que o estrago já foi feito.

Passou da hora daqueles que pretendem governar o Rio Grande do Sul e o Brasil dizerem como vão cuidar do problema.


Assessor de Políticas Públicas do Greenpeace


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