Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sábado, 25 de julho de 2015

SERVIÇOS DEFICIENTES



ZERO HORA 25 de julho de 2015 | N° 18237


EDITORIAL




A cheia que atingiu a região metropolitana de Porto Alegre evidencia a insuficiência dos serviços básicos e o despreparo dos administradores públicos para situações de emergência. São casos que se repetem em todo o Estado, a cada transtorno provocado por eventos naturais, e que parecem surpreender os governos. Mesmo que se reconheça a dimensão dos danos, com todas as suas repercussões sociais, não se admite que as respostas não correspondam ao drama enfrentado pelas populações mais vulneráveis. E esses são, invariavelmente, os moradores das periferias, que habitam áreas próximas das margens dos rios.

Não é possível que cidades inteiras fiquem cinco dias sem água, como aconteceu com Alvorada e com partes de outros municípios. Os serviços públicos podem argumentar que não conseguem atender a todas as demandas, nas mais variadas áreas, e terão seus pretextos aceitos. Mas não há como aceitar com resignação que a falta de um insumo básico se prolongue por tanto tempo. As explicações técnicas, sobre bombas d’água submersas e outras desculpas, apenas demonstram a falta de alternativas a impasses provocados por cheias como a atual.

As enxurradas irão se repetir, mais adiante, e a cada ano teremos o mesmo cenário. Se nada for feito, ouviremos as mesmas explicações. É inconcebível que empresas estatais tentem convencer os consumidores de que não há como resolver o impasse da falta de água quando de enchentes. Devem existir meios de criar estruturas para situações emergenciais, que possam ser acionadas, ou estaremos diante da confissão de que, em pleno século 21, as pessoas podem, sim, ficar sem água por uma semana, como se esse fosse um problema incontornável.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

VÍTIMAS DA NEGLIGÊNCIA



ZERO HORA 15 de julho de 2015 | N° 18227


EDITORIAIS



Toda vez que o Estado enfrenta um período de chuvas continua- das, como ocorre neste mês, populações ribeirinhas ficam ao desabrigo e mobilizam recursos emergenciais que poderiam ser empregados de forma preventiva para evitar a urbanização descontrolada e outros problemas geradores de calamidade. Precipitações acima da média só se transformam em calamidade quando as comunidades deixam de lado providências mínimas em relação ao meio ambiente no cotidiano, mas principalmente quando o poder público se omite em relação à infraestrutura adequada, às moradias clandestinas e à ocupação de áreas impróprias para a habitação.

Neste primeiro momento, portanto, as atenções precisam se concentrar na ajuda aos que tiveram que deixar suas casas em consequência da invasão das águas. Esta é mais uma oportunidade, também, para avaliar as razões pelas quais os moradores de áreas de risco não foram alertados com antecedência sobre providências necessárias para reduzir perigos, transtornos e prejuízos como os enfrentados nas últimas horas.

Antes mesmo de as águas baixarem, porém, é preciso que representantes da comunidade e do poder público se mobilizem para apostar em ações continuadas. A população pode contribuir muito se zelar por um destino correto para o lixo e evitar a ocupação de áreas que agridam o meio ambiente. E o poder público precisa ser cobrado a levar adiante obras de saneamento que são lançadas oficialmente repetidas vezes, mas andam sempre em ritmo lento e não se concluem.

Programas de saneamento exigem volumes elevados de recursos das três instâncias da federação, dificilmente se concluem num mandato e, como os resultados são pouco visíveis, quase não rendem votos. Até por isso, precisam ser acompanhados muito de perto pelos munícipes, de forma permanente.