EDITORIAL ZERO HORA 09/06/2012
É preocupante a conclusão do relatório Panorama Ambiental Global, o GEO-5, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), de que apenas quatro de 90 metas ambientais importantes definidas nos últimos 40 anos registraram avanços significativos. Traduzindo a ideia para uma linguagem mais acessível aos brasileiros, as metas ambientais estariam divididas entre as que “pegam” e as que “não pegam”. Segundo o Pnuma, houve importante avanço na erradicação do uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, na eliminação do uso de chumbo em combustíveis, na ampliação do acesso a fontes de água potável e no aumento das pesquisas sobre a poluição dos mares.
Entre os outros 86 objetivos analisados pelo órgão, 40 registraram poucos avanços e 24 praticamente não apresentaram progressos. Finalmente, 14 não puderam ser avaliados em razão de falta de informações. Entre os terrenos em que as melhorias estão estacionadas, estão o combate às mudanças climáticas e a preservação dos estoques pesqueiros. A proteção de recifes de corais registrou retrocesso – a redução dessas formações desde 1980 foi de 38%.
Trata-se de um balanço modesto se for considerado o peso que a questão ambiental adquiriu nas agendas políticas mundial e nacionais nos últimos 40 anos e o próprio fato de que as organizações não governamentais, das quais uma fatia não desprezível se dedica a causas ecológicas, já foram definidas como “a segunda superpotência global”. Está certo o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner, em identificar nas conclusões do relatório “uma mensagem direta para os líderes que vão se reunir na Rio+20”.
Por mais pessimista que seja o cenário atual, há bons motivos para se acreditar que a conferência a ser realizada no Rio entre os próximos dias 20 e 22 seja capaz de produzir resultados mais alvissareiros do que os de sua homóloga, em 1992. O advento da sociedade em rede possibilitou a disseminação de informações sobre a questão ambiental, as empresas estão definitivamente integradas ao debate sobre o tema e governos e organismos multilaterais têm iniciativas concretas para discutir o assunto. Isso ficou patente quando o Banco Mundial conseguiu este ano, pela primeira vez, reunir ministros de Economia do mundo inteiro para abordar o desenvolvimento sustentável.
O recente debate sobre as mudanças no Código Florestal mostrou que o povo brasileiro está mais preocupado do que nunca com as questões referentes a preservação ambiental, uso sustentável de recursos naturais e impacto do desequilíbrio ecológico na qualidade da vida humana e de outras espécies. Será difícil retroceder desse patamar de conscientização, que começa a se estabelecer desde os bancos escolares. Segundo recente pesquisa do Ministério do Meio Ambiente, aproximadamente 13% dos brasileiros dizem ter preocupação com o ambiente, mais do que o dobro dos 6% registrados há seis anos. Está na hora de os mandatários brasileiros refletirem sobre as implicações dessa nova atitude e passarem a agir em consonância com esse novo movimento.
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