Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PASSOS DE TARTARUGA CONTRA A SECA NO RS


Solução distante- ZERO HORA, 08/06/2012 | 06h19

Obras contra a seca avançam a passos de tartaruga no Estado

Dos mais de R$2 bilhões necessários para combater os efeitos da estiagem, apenas 13,6% foram investidos até agora - Marielise Ferreira.


Os períodos de seca com grandes perdas são previsíveis, mas, mesmo assim, as obras necessárias para acabar com a falta de água no Estado, andam vagarosamente. De 2011 até agora, apenas 13,5% do total necessário (mais de R$ 2 bilhões) para acabar com a falta de água foi gasto com obras emergenciais, enquanto 143 municípios estão em situação de emergência e oito enfrentam racionamentos de água no meio urbano.
Registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam ocorrências do fenômeno La Niña desde 1890. Períodos de grandes secas são cíclicos no Estado e deixam perdas na agricultura e no abastecimento humano. Apesar disso, a prevenção sempre é preterida e as obras acontecem de forma emergencial, quando as perdas já são irreparáveis.
— O Estado tem que buscar formas de armazenar água e de melhorar a sua qualidade. Temos 5,4 milhões de hectares em áreas plantadas no Estado e menos de 100 mil delas tem irrigação, o que mostra que há um longo caminho pela frente — avalia o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Marco Mendonça.
O Estado carece de informações sobre a atual situação do uso da água. Estudos feitos pela Emater em 2007 mostram a existência de 33 mil açudes, mas apenas 10% destes foi outorgado pela Secretaria. Com 450 mil propriedades rurais no Estado, apenas 4 mil poços foram outorgados nos últimos três anos, mas o mesmo número de pedidos está numa lista de espera. Depois de ficar sem geólogos para analisar os processos durante todo ano de 2010, a Secretaria ainda trabalha para colocar o trabalho em dia. Os pedidos para abastecimento público tem prioridade e são colocados à frente, mas mais de 60% dos processos acabam sendo devolvidos por erros na documentação.

Em vídeo, veja efeitos da seca no Estado:
 
Os estudos das bacias hidrográficas do Estado, que poderiam dimensionar quanta água existe em cada região frente ao número de usuários, também é um processo lento e que depende das instituições ligadas a cada região. Das 25 bacias existentes no Estado, apenas sete estão em fase de conclusão dos estudos. Outras seis tem o trabalho em andamento, e 12 sequer iniciaram os estudos que poderiam apontar as formas de lutar contra a seca, e as necessidades de cada região. Conforme Mendonça, é unanimidade em todos os comitês de bacia hidrográfica a necessidade de armazenar água para períodos de estiagem.
— Leva de um ano e meio a dois anos para fazer cada estudo, ao custo de R$ 1,5 milhão para cada bacia. Vamos passar por muitas secas antes que o trabalho esteja pronto — salienta.
Ao olho da lei, cabe a cada município elaborar uma política de abastecimento para que não falte água para ninguém. Conforme o promotor Maurício Sanchotene de Aguiar, da promotoria ambiental, União e Estado podem contribuir com obras e recursos, mas a titularidade é do município e da companhia com quem ele tem contrato. Isto não impediu que Erechim, no norte do Estado, vivesse, pela terceira vez em 10 anos, outro longo período de racionamento. Nem que Bagé, no sul do Estado, sofresse com a falta de água nas torneiras.
Sete municípios do Estado enfrentam racionamento de água no perímetro urbano e um oitavo está em estado de alerta e teve o racionamento suspenso até dia 12. Mas as obras para o enfrentamento da seca acabaram sendo emergenciais. Vacaria e Passo Fundo tiveram obras de transposição de rios iniciadas há 15 dias e que aguardam a entrada em operação para reduzir o sofrimento da falta de água.
— Esta seca é excepcional, não se verificavam níveis tão baixos há mais de 60 anos, então não é parâmetro — avalia o diretor de operações da Corsan, Ricardo Rover Machado.
Para enfrentar a seca deste ano, já prevista, a companhia fez uma campanha de controle de perdas e conserto de redes para evitar vazamento. Foram R$ 7 milhões investidos em obras emergenciais para garantir o mínimo de efeito da seca. Outros R$ 930 milhões serão gastos na ampliação de capacidade de barragens até 2015 e o dobro deste valor será aplicado em esgotamento sanitário. Com este investimento, a companhia acredita que poderá manter as torneiras com água por, pelo menos, 30 anos.
O estado das áreas afetadas:
Municípios em situação de emergência — 143
Moradores atingidos pela seca no Estado — 750 mil
Moradores atingidos pelo racionamento — 285 mil

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