ZERO HORA 05 de setembro de 2013 | N° 17544
EDUARDO TORRES
REAÇÃO AOS SAQUES. Moradores de região inundada de Alvorada usam botes para impedir furtos
Munidos com lanternas e sinalizando com luzes e gritos, um grupo de pelo menos oito moradores da Vila Americana, em Alvorada, percorre em botes, todas as noites, as ruas alagadas. Ameaçados pelos “piratas da enchente”, eles resolveram criar uma patrulha de proteção.
Desde o início da cheia na região, há 10 dias, pelo menos 10 casas foram saqueadas por bandidos.
– Uma senhora foi obrigada a abandonar a casa, e não deu tempo de levar nada. Quando voltou, no outro dia, se desesperou. Tinham levado até os fios da casa – diz um morador de 39 anos.
Os relatos de bandidos se aproveitando das casas vazias e da dificuldade de acesso se acumularam nos últimos dias. Os criminosos chegam à Vila Americana por água, em barcos motorizados, vindos de lugares distantes. Com o alagamento, o Rio Gravataí e o Arroio Feijó criaram canais que os ligam ao fundo da vila.
– Os vizinhos começaram a nos procurar comentando que, na madrugada, chegaram a ouvir até 30 tiros. Virou um salve-se quem puder. Alguém tinha de fazer alguma coisa – desabafa o taxista Cláudio Silva dos Santos, 42 anos, um dos líderes do grupo.
Grupo chegou a trocar tiros com criminosos
A Brigada Militar chegou a ser chamada nos primeiros casos de tiros. Mas, sem uma embarcação, os PMs pouco podem fazer. Santos e outros vizinhos se cotizaram para comprar um bote inflável e roupas de pesca para navegar na área alagada. Faz 10 dias que ele não trabalha no táxi.
Outros moradores, que já tinham barcos, passaram a se revezar. Uma casa de dois pisos na Rua Marquês do Pombal virou guarita nas madrugadas. Uma lomba, na Rua Doze de Maio, é outro ponto de observação.
– Se alguém vê uma movimentação, liga para o pessoal nos barcos. Quando nos aproximamos, fazemos um sinal com a lanterna e damos um grito para ver se a pessoa responde. Se não responde, certamente não está aqui, no meio da madrugada, para alguma coisa boa – define Santos.
Aos poucos os patrulheiros entenderam o modo de agir dos piratas. Ao se aproximarem das casas, eles dão sinais com lanternas, gritam e até atiram. Se ninguém responde, têm a certeza de que podem saquear.
Os bandidos já foram interceptados ao menos duas vezes. Um quarteto chegou a ser perseguido. Dois suspeitos acabaram espancados pelos moradores e confessaram terem vindo de Cachoeirinha. Em outra ocasião, moradores armados teriam trocado tiros com os bandidos. Ninguém foi preso.
Brigada descarta policiamento na água
A perspectiva de mais chuva para os próximos dias e a ausência de solução eficaz contra os alagamentos mantêm os patrulheiros em alerta. A Brigada Militar, no entanto, não tem um plano contra os saqueadores.
– A água já está baixando. Acredito que, em um dia, já é possível o acesso a pé. Não vejo necessidade de termos um barco nesse momento – afirma o comandante do 24º BPM, tenente-coronel Rogério Maciel.
Ao contrário do que dizem os moradores, ele garante que os policiais atenderam a todos os chamados nesse período. Sem registrar tiroteio ou saques a residências.
Em São Leopoldo, na semana passada, a reação da Brigada Militar foi diferente. Durante uma semana, até o domingo passado, policiais do Pelotão de Operações Especiais do 25º BPM patrulharam os bairros Feitoria e Camélias – cobertos pela água – com um barco e um jet ski, cedidos pelos bombeiros.
Conforme a assessoria de comunicação do batalhão, a ação se repetiu todas as noites. E nenhum caso de saque foi registrado na localidade.
REAÇÃO AOS SAQUES. Moradores de região inundada de Alvorada usam botes para impedir furtos
Munidos com lanternas e sinalizando com luzes e gritos, um grupo de pelo menos oito moradores da Vila Americana, em Alvorada, percorre em botes, todas as noites, as ruas alagadas. Ameaçados pelos “piratas da enchente”, eles resolveram criar uma patrulha de proteção.
Desde o início da cheia na região, há 10 dias, pelo menos 10 casas foram saqueadas por bandidos.
– Uma senhora foi obrigada a abandonar a casa, e não deu tempo de levar nada. Quando voltou, no outro dia, se desesperou. Tinham levado até os fios da casa – diz um morador de 39 anos.
Os relatos de bandidos se aproveitando das casas vazias e da dificuldade de acesso se acumularam nos últimos dias. Os criminosos chegam à Vila Americana por água, em barcos motorizados, vindos de lugares distantes. Com o alagamento, o Rio Gravataí e o Arroio Feijó criaram canais que os ligam ao fundo da vila.
– Os vizinhos começaram a nos procurar comentando que, na madrugada, chegaram a ouvir até 30 tiros. Virou um salve-se quem puder. Alguém tinha de fazer alguma coisa – desabafa o taxista Cláudio Silva dos Santos, 42 anos, um dos líderes do grupo.
Grupo chegou a trocar tiros com criminosos
A Brigada Militar chegou a ser chamada nos primeiros casos de tiros. Mas, sem uma embarcação, os PMs pouco podem fazer. Santos e outros vizinhos se cotizaram para comprar um bote inflável e roupas de pesca para navegar na área alagada. Faz 10 dias que ele não trabalha no táxi.
Outros moradores, que já tinham barcos, passaram a se revezar. Uma casa de dois pisos na Rua Marquês do Pombal virou guarita nas madrugadas. Uma lomba, na Rua Doze de Maio, é outro ponto de observação.
– Se alguém vê uma movimentação, liga para o pessoal nos barcos. Quando nos aproximamos, fazemos um sinal com a lanterna e damos um grito para ver se a pessoa responde. Se não responde, certamente não está aqui, no meio da madrugada, para alguma coisa boa – define Santos.
Aos poucos os patrulheiros entenderam o modo de agir dos piratas. Ao se aproximarem das casas, eles dão sinais com lanternas, gritam e até atiram. Se ninguém responde, têm a certeza de que podem saquear.
Os bandidos já foram interceptados ao menos duas vezes. Um quarteto chegou a ser perseguido. Dois suspeitos acabaram espancados pelos moradores e confessaram terem vindo de Cachoeirinha. Em outra ocasião, moradores armados teriam trocado tiros com os bandidos. Ninguém foi preso.
Brigada descarta policiamento na água
A perspectiva de mais chuva para os próximos dias e a ausência de solução eficaz contra os alagamentos mantêm os patrulheiros em alerta. A Brigada Militar, no entanto, não tem um plano contra os saqueadores.
– A água já está baixando. Acredito que, em um dia, já é possível o acesso a pé. Não vejo necessidade de termos um barco nesse momento – afirma o comandante do 24º BPM, tenente-coronel Rogério Maciel.
Ao contrário do que dizem os moradores, ele garante que os policiais atenderam a todos os chamados nesse período. Sem registrar tiroteio ou saques a residências.
Em São Leopoldo, na semana passada, a reação da Brigada Militar foi diferente. Durante uma semana, até o domingo passado, policiais do Pelotão de Operações Especiais do 25º BPM patrulharam os bairros Feitoria e Camélias – cobertos pela água – com um barco e um jet ski, cedidos pelos bombeiros.
Conforme a assessoria de comunicação do batalhão, a ação se repetiu todas as noites. E nenhum caso de saque foi registrado na localidade.
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