Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

FOGO E TENSÃO


ZERO HORA 26 de fevereiro de 2014 | N° 17716


Incêndio destrói loja na Capital

Chamas atingiram prédio de 2,5 mil metros quadrados, demoliram telhado de estabelecimento vizinho e shopping foi evacuado



Um incêndio destruiu uma loja de 2,5 mil metros quadrados, comprometeu parte da estrutura de outra e fez com que um shopping fosse evacuado ontem à noite, na zona norte da Capital. As chamas teriam se iniciado por volta das 19h30min. O prédio da loja Decorville foi consumido pelo fogo. Cerca de 40 homens em nove viaturas do Corpo de Bombeiros trabalharam para combater o fogo no estabelecimento da Rua Frederico Mentz, que chegou a ser controlado perto das 21h30min.

Logo depois novos focos foram identificados nos fundos do prédio, destruíram o telhado da empresa vizinha Feltros Renner, e ameaçavam alcançar um depósito de combustível da empresa Viação Ouro e Prata.

Quando o fogo recomeçou, de acordo com os bombeiros, havia 40 ônibus no pátio. Mas a maior preocupação passou a ser os cerca de 320 mil litros de combustível armazenados no local, em quatro tanques de 60 mil litros cada, que poderiam ser atingidos e provocar uma explosão. Em meio a isso, funcionários retiraram documentos, computadores e outros equipamentos da sede da empresa de ônibus para evitar que fossem destruídos.

– Na hora que começou, estava tomando lanche e ouvi os estouros. Achei que era a torcida do Grêmio na Arena. Era na empresa. Ajudamos, tiramos tudo (da sede). Éramos mais de 20 funcionários. Muita tensão por causa dos tanques – contou Albino Sodré Barbosa, motorista da empresa.

Donos de loja incendiada estavam inconsoláveis

Enquanto isso, por medida de segurança, o DC Shopping foi evacuado. Perto dali, os donos da Decorville pareciam não acreditar no que estavam vendo. Acompanhando cada passo do trabalho dos bombeiros, eles evitavam dar entrevista, mas repetiam que não tinham qualquer ideia sobre a origem do incêndio. Quando o fogo se iniciou, a loja estava fechada.

– Foi uma correria, todo o nosso pessoal saiu logo tentando ajudar, foram ligando as mangueiras nos hidrantes. Começamos a molhar os muros para ver se amenizava o calor – lembrou a superintendente do DC Shopping, Marise Mariano.

No início da madrugada, o incêndio era considerado controlado pelos bombeiros, com ajuda da chuva.




Falta de estrutura se repete



Assim como no incêndio do Mercado Público, em julho do ano passado, a carência na infraestrutura dificultou a atuação do Corpo de Bombeiros da Capital. Apesar de as viaturas chegarem ao local poucos minutos após o chamado, foi preciso esperar uma hora até que uma segunda escada Magirus, por exemplo, fosse levada até o local.

Enquanto isso, os bombeiros utilizaram a única escada mecânica disponível na cidade. Na época do incêndio no Mercado Público, Porto Alegre já contava com apenas uma escada em funcionamento, quando o ideal seria ter pelo menos três, de acordo com a corporação.

Os percalços enfrentados indignaram moradores da região e funcionários das empresas que acompanharam o combate às chamas. Presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar, o tenente coronel José Carlos Riccardi Guimarães criticou a fragilidade dos bombeiros:

– Só temos uma escada magirus, e isso não é novidade. Desde o incêndio no Mercado Público, já alertava isso. Bombeiros pedem socorro.

O próprio subcomandante da corporação em Porto Alegre, major Rodrigo Dutra, admitiu que toda a Região Metropolitana só dispõe de uma escada mecânica:

– Felizmente, o incidente se deu em uma zona desabitada e industrial. Senão, a tragédia poderia ser maior.

A carência não se resume só a escadas. Outra situação considerada complicada envolve a falta de viaturas. Segundo a Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs), enquanto o ideal seria ter pelo menos dois caminhões por estação, hoje apenas uma viatura guarnece cada posto. Comandante dos bombeiros da Capital, o tenente-coronel Adriano Krukoski conta que desde 1998 a corporação não recebe viaturas compradas pelo Estado.

Coordenador da Abergs, Ubirajara Ramos também se queixa da ausência de efetivo ideal. Hoje, há 2,6 mil bombeiros no Estado, enquanto, segundo a entidade, o ideal seria ter 10 mil.

Na Estação Passo D’areia, responsável pela área do DC Shopping, onde ocorreu o incêndio de ontem, seriam necessária mais duas estações. As bases Sarandi e Anchieta estão previstas em projeto para desafogar a região, mas nunca saíram do papel, argumenta Ramos:

– Há mais de cinco anos há essa promessa. A cidade cresceu para os lados da Zona norte, a população aumentou e, mesmo assim, o projeto não saiu do papel. Se der duas ocorrências ao mesmo tempo, não tem como atender.

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