EDITORIAIS
O incêndio da última terça-feira na zona norte da Capital escancarou mais uma vez as deficiências do Corpo de Bombeiros do Estado, notadamente a falta de efetivo suficiente para o trabalho e a absoluta precariedade dos equipamentos indispensáveis para o combate ao fogo. Faltam viaturas, faltam caminhões-pipas, faltam escadas especiais, falta um sistema de comunicação e, segundo relatos dos próprios soldados, às vezes falta até mesmo água.
Seria cômico se não fosse trágico. O relatório do subcomandante da corporação em Porto Alegre a respeito da ação desta semana mostra bem o desespero de profissionais treinados para a função, mas que não conseguem atuar com eficiência devido aos entraves materiais. Mais exasperante só mesmo a burocracia, que dificulta o encaminhamento de soluções para esses problemas mesmo quando os governantes se sensibilizam com a situação dos bombeiros.
Depoimentos de soldados publicados ontem por este jornal são mesmo de comover. Eles passam frequentemente por constrangimentos e riscos, por falta de roupas de proteção e de outros equipamentos de segurança pessoal. Pior: confessam-se impotentes diante de situações que poderiam ser resolvidas com escadas apropriadas, como, por exemplo, o atendimento a prédios altos.
E, quando os bombeiros não conseguem fazer o seu trabalho, a população corre perigo.
Diante de tão calamitosa situação, é impositivo que os depoimentos dos soldados do fogo sejam recebidos pelos administradores mais como um pedido de ajuda do que como manifestação de rebeldia. Eles não estão ferindo a disciplina da corporação militar a que pertencem. Estão defendendo a vida da população e dos contribuintes que sustentam o serviço e a própria administração.
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