ABUSO DE BOA VONTADE. Homens vendiam doações. Para pedir ajuda, dupla presa no Norte de SC usava o nome de instituição da Grande Florianópolis - TAÍSA RODRIGUES E DIOGO VARGAS - DIARIO CATARINENSE, 21/07/2011
Dois homens e um adolescente de 16 anos de Foz do Iguaçu, no Paraná, foram presos ontem, em Joinville, suspeitos de comercializarem roupas, calçados e mantimentos que eram doados pela comunidade.
Diziam ser da Casa Assistencial Abrigo Cristão, entidade de Palhoça, na Grande Florianópolis. Mas a polícia ligou para o endereço dado pelo grupo e descobriu que tratava-se de um brechó, onde são vendidas roupas usadas.
A prisão foi no começo da tarde, quando saíam de uma casa no Bairro Costa e Silva, em Joinville. Policiais militares que faziam rondas desconfiaram e fizeram a abordagem. Eles vestiam coletes azuis com escritos da Casa Assistencial Abrigo Cristão.
Segundo a PM, ganhavam roupas, calçados e mantimentos, mas em vez de entregar os donativos, revendiam-nos para uma loja de roupas usadas. Essa descoberta saiu depois que informaram telefones da entidade a qual prestariam serviços. O primeiro número não funcionou, mas no segundo, veio a surpresa.
– Uma mulher atendeu e disse que era de loja de roupas usadas de Palhoça. Perguntei de onde vinha a mercadoria e ela falou que era de Joinville. Inclusive citou o nome de um dos caras que foi abordado – disse o cabo da PM, Ivonei Polsin.
De acordo com a PM, Juliano Barbosa Tuski, 24 anos, e Jicleiton Ferreira Sklausk, 27, foram presos em flagrante por estelionato pela Polícia Civil e encaminhados à noite ao Presídio de Joinville. Na casa de Juliano, no Bairro Jardim Paraíso, a PM apreendeu dez sacos grandes de doações e quatro caixas com alimentos. Uma Kombi usada para a arrecadação foi apreendida. A PM suspeita que eles ganhariam até R$ 3 mil mensais.
– Eles se aproveitavam da boa fé das pessoas e aplicavam esse golpe – disse o cabo Polsin.
O DC esteve no endereço da Casa Abrigo Cristão que consta na internet, na Rua Menino Deus, Bairro Barra do Aririú, em Palhoça. No número informado, há uma casa. A moradora é do Rio Grande do Sul, está há seis meses no local e não tem vínculo com a entidade.
Ex-coordenadora é dona de brechó
A reportagem apurou que o abrigo funcionou numa casa quase em frente. No local, uma pessoa informou que a entidade funcionaria na Rua Alcino dos Navegantes Moreira, no mesmo bairro. Mas nesse endereço funciona um brechó. A atendente disse que a sua mãe e dona do estabelecimento é ex-coordenadora do Abrigo, e que há seis meses não tem mais relação com a entidade. Segundo a filha, a dona não estava na loja. A comerciante não foi encontrada para comentar o assunto.
A PM informou que a dona da loja será investigada e também pode ser indiciada se houver a confirmação que fazia parte do esquema utilizando o nome da entidade para arrecadar e depois revender as doações.
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