Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
MEMÓRIA POR ÁGUA ABAIXO
AROLDO MEDINA - Major da Brigada Militar. ZERO HORA, 20/12/2011
A atual Defesa Civil é uma instituição destinada a agir na prevenção de desastres ou imediatamente após a sua ocorrência, para socorrer as pessoas atingidas. Sua origem remonta há mais de 50 anos. Apesar da sua idade e importância, a estrutura de que dispõe no Brasil é pequena ao ser confrontada com o tamanho da sua missão e responsabilidade. Clama por mais atenção e socorro das autoridades governamentais constituídas.
A natureza do seu trabalho está na capacidade dos seus gestores em estar preparados para enfrentar qualquer adversidade global que atinja um grande número de pessoas, colocando a vida da população em risco. O preparo impõe ao gestor conhecer o problema valendo-se de um estudo científico. Este estudo precisa de uma base sólida de informações normalmente coletadas em fontes confiáveis que tenham estabilidade.
Em 2003, a equipe de gestores da Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul, em parceria com a equipe de governo eletrônico da Procergs (Companhia de Processamento de Dados), desenvolveu um banco de dados online que registrava os principais dados relacionados aos desastres naturais ocorridos no Rio Grande do Sul, disponibilizando as informações, em um site criado na internet (defesacivil.rs.gov.br). Qualquer pessoa podia consultar, por exemplo, quais os municípios atingidos por granizo ou qualquer outro fenômeno meteorológico, no período especificado. Os órgãos de imprensa se valiam muito desse canal de informação.
Dispensável discorrer sobre a importância de manutenção desse histórico e dos dados estatísticos, para a realização de qualquer planejamento sério de resposta a desastres.
Ao longo de quatro anos (2003-2006), essa página da Defesa Civil do RS esteve em contínuo processo de evolução e aperfeiçoamento, ao ponto de provocar, em 2006, a visita ao Palácio Piratini (sede da Defesa Civil estadual) de um grupo de cientistas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), interessados em adotá-la como modelo nacional. No período de (2007-2010), a página foi mantida e atualizada.
A nova página da Defesa Civil do RS, recentemente lançada, abandona um sistema de TI (Tecnologia de Informação) com oito anos de práxis, colocando no ar um novo site que se limita à divulgação de notícias a partir de 1º de janeiro de 2011, dispensando um rol de informações variadas que o banco disponibilizava para consulta de qualquer pessoa, desde 2003. Uma importante memória preservada em fotos e notícias foi completamente removida, além de outros dados que também foram por água abaixo.
Precisamos amadurecer politicamente e entender que certas informações produzidas num governo não são propriedade do governo, e sim, pela sua natureza, como é o caso da Defesa Civil, são informações de Estado. Portanto, sendo do interesse de toda a população, que não deve ser exposta a processos de disputas partidárias, teimosos em apagar memórias.
Felizmente, todos os dados armazenados na Procergs, órgão 100% confiável para guardar informações de Estado, em qualquer período, podem ser totalmente recuperados e democraticamente disponibilizados a todos. Basta apenas boa vontade política, que o governador Tarso Genro pode determinar.
SUMIÇO POLÊMICO. Defesa Civil ficou sem banco de dados em site. Informações voltarão a estar disponíveis na internet, diz atual administração - NILSON MARIANO, zero hora 20/12/2011
Quem for pesquisar o histórico da queda de granizo no site da Defesa Civil do Estado, para comparar com o bombardeio de gelo que assustou os gaúchos no dia 14, sairá frustrado. O banco de dados da instituição, com informações sobre desastres naturais acumuladas desde 2003, não está disponível no portal.
Na semana passada, ao ver as cenas de telhados perfurados por granizo do tamanho de uma maçã, o ex-coordenador da Defesa Civil (DC) no governo Germano Rigotto, major Aroldo Medina, consultou o site da instituição, mas não achou o banco de dados que ajudara a montar. Inconformado, lembrou que as informações são vitais para pesquisadores do clima, universidades e no planejamento para socorrer populações atingidas.
– Não são dados de um governo, mas, sim, de Estado. São indispensáveis na resposta adequada a um desastre, seja na prevenção ou na assistência – observou o oficial.
Medina contou que o banco de dados foi criado em 2003 pela equipe da DC, em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs). Trazia informações sobre fenômenos meteorológicos, períodos de ocorrência e municípios castigados. Técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) visitaram o Palácio Piratini, em 2006, para conhecer a experiência.
Assunto leva gestores e ex-gestores a divergir
A atual administração da DC garante que o banco de dados voltará a ficar disponível no site. Chefe da Divisão de Administração e Comunicação Social da entidade, o major Ari Ferreira explicou que houve necessidade de trocar o portal, porque o anterior estava obsoleto, não comportava mais as atualizações. Com a mudança, constatou-se que o banco de dados antigo era incompatível com o novo sistema.
O major Ferreira assegurou que as informações estão sendo reinseridas gradualmente. Do total de 1 milhão de dados, cerca de 600 mil – a maioria sobre o volume e a distribuição da chuva – estão disponíveis. A intenção é terminar a migração em 30 dias.
– Nós mesmos temos cobrado da nossa equipe técnica a volta do banco de dados – disse o oficial.
O chefe da Divisão de Administração e Comunicação Social acrescentou que também houve dificuldades no início das operações, porque gestores do governo anterior teriam “esquecido” de repassar a senha. Responsável pela DC na administração Yeda Crusius, o major Aurivan Chiochetta negou a insinuação.
– Quem passou as informações fui eu. E nada foi sonegado. Elas não pertenciam a mim, mas ao povo, aos municípios, ao Estado. Tudo foi disponibilizado – afirmou Chiochetta.
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