Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

domingo, 29 de junho de 2014

EXERCITO AJUDA DESALOJADOS PELO RIO URUGUAI

 ZERO HORA 29/06/2014 | 09h55

por Humberto Trezzi,

Em São Borja, já passa de 1,2 mil o número de desabrigados



Defesa Civil, Brigada Militar e exército trabalham para convencer famílias a deixar suas casasFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS


Difícil mesmo é convencer quem mora à beira do rio Uruguai que chegou a hora de sair de casa. Alguns sempre esperam mais um pouco, na tentativa de evitar o inevitável: o avanço das águas São Borja adentro.

Mande fotos e vídeos pelo Whatsapp da ZH: (51) 9667-4125

Desde sexta-feira a rotina dos integrantes da Defesa Civil Municipal de São Borja, formada por funcionários da prefeitura, tem sido essa. Agora reforçada por ajuda da dois pelotões da Brigada Militar de seis equipes do 2º Regimento de Cavalaria Mecanizada do Exército. Nesse município da Fronteira Oeste já passa de 1,2 mil o número de pessoas desabrigadas (que tiveram de ir a abrigos) ou desalojadas (que foram para casa de familiares). A enchente atinge três bairros.

Os 38 militares do Exército patrulham as áreas ribeirinhas em quatro caminhões e, quando encontram famílias relutantes em sair de casa, fazem um trabalho de convencimento. Na rua Pablo Neruda, que costeia o Uruguai e por isso uma das mais inundadas,Taís Galvão de Bastos, 15 anos, e Paula Rodrigues Ribas, 14, não queriam deixar para trás seus bichinhos de estimação: o gato Tigre (de Taís) e a coelha Bioncé (de Paula). Foram junto para o abrigo improvisado numa associação comunitária do bairro Porto do Angico.

Os militares enchem os caminhões (os 5 Ton, referência à capacidade de carga) com mobília e eletrodoméstico dos flagelados. Depois recomendam chavear a casa e levam as famílias aos quatro abrigos montados pela prefeitura.

Os bombeiros do município também percorrem o caudaloso Uruguai em canoas motorizadas. Vão de ponto em ponto, em busca de possíveis ilhados - gente que não saiu a tempo e foi isolada pelo rio. Até agora não encontraram isolados, apenas pessoas que relutavam em sair, mas tinham condições e foram convencidas.

O rio Uruguai está hoje com 14 metros acima do nível e, como a chuva não para, a convicção geral é que vai superar a marca da última grande cheia, ocorrida em 1998, que foi de 16 metros acima do nível.

RISCO DE DRAMA SE REPETIR EM SÃO BORJA


ZERO HORA, 29/06/2014


por Humberto Trezzi, de São Borja


Risco de drama de 1983 se repetir



Tradicional recanto em que os turistas provam traíra ou dourado frito ao pôr do sol, o bairro do Passo, em São Borja, é gradualmente tragado pela água do Rio Uruguai. A maioria dos 12 bares do local está inundada, desde que a chuvarada começou. No final da manhã de sábado, o Rio Uruguai chegava a 11 metros – a média é de quatro.

Antes do meio-dia de sábado, o comerciante Cezar da Silva teve de remover de caminhão todos os móveis e freezeres do Star Bar, ameaçado pela água. Ele teme que se repita esta semana a maior enchente de que se lembra, a de 1983, quando a água chegou aos 20 metros e paralisou o tráfego entre Brasil e Argentina, por ter inundado a Aduana.

– A cheia de 1998 (outra enchente histórica) será igualada ou superada. Naquela, o nível do rio chegou a 16 metros, e agora não falta muito – avalia o secretário da Defesa Civil Municipal de São Borja, Élcio Carvalho, major reservista da Brigada Militar.

Élcio comanda 20 pessoas que, em quatro caminhões, percorrem vias ribeirinhas em busca de flagelados. Alguns deixam para trás animais de estimação. O número de desabrigados e desalojados cresce a cada hora.

Parte deles está na sede da Associação Comunitária do bairro Porto do Angico. É o caso de Jupira da Luz Leão, 35 anos, Grávida de sete meses, ela espera o quinto filho – os outros quatro estão com ela, dividindo um colchão.

Até as 12h30min de sábado, o Estado tinha 4,6 mil pessoas fora de casa e 52 municípios atingidos por alagamentos.


HUMBERTO TREZZI | SÃO BORJA

CHUVARADA E APREENSÃO EM IRAÍ



ZERO HORA 29 de junho de 2014 | N° 17844

EDUARDO ROSA | IRAÍ


ALAGAMENTOS DE OLHO NA ÁGUA

RIOS CONTINUAM A subir no município do norte do Rio Grande do Sul e podem transformar a enchente desta semana na maior da história. Equipe do Exército deve se deslocar de Ijuí para ajudar a prefeitura no atendimento dos moradores



A velocidade com que a água dos rios Uruguai, do Mel e da Várzea atravessam ruas e invadem casas assusta a população de Iraí, já habituada e enchentes. Sábado pela manhã, cerca de 1,3 mil pessoas estavam fora de casa, e a situação se agravava. Os estragos podem ser os piores da história do município de 8,1 mil habitantes. Caso tão grave só havia sido registrado em 1983.

Enquanto via o volume de água aumentar, o sargento da Brigada Militar Gilson Cezar de Almeida se dividia entre o auxílio a vizinhos e o monitoramento da própria casa, que tinha mais de um andar e meio coberto pelo caldo marrom.

Na quinta-feira, Almeida saiu da residência de madeira em que mora há 15 anos. Retornou uma hora depois e viu o porão sendo tomado pela água. Começou uma mobilização que se estendeu até a madrugada para salvar móveis e eletrodomésticos.

– Acompanhamos a previsão, mas não imaginávamos que seria assim – disse ele, em um barco.

Quem consegue recuperar pertences enfrenta uma série de outros problemas – da falta de energia elétrica e água à dificuldade para fazer refeições e tomar banho. Pela cidade, são vistos telhados e árvores sendo cobertos por água, desespero e constantes pedidos de ajuda ao Centro de Operações da Defesa Civil, que funciona 24 horas no prédio da prefeitura.

– A chuva daqui não influencia tanto. O pior é a água que vem de Santa Catarina e do Paraná – afirmou o prefeito Volmir José Bielski.

Uma equipe do Exército se deslocaria de Ijuí para ajudar administração municipal, BM, bombeiros, Defesa Civil e voluntários.

CHEIA ATINGE ZONA TURÍSTICA DE SÃO BORJA

ZERO HORA 28/06/2014 | 12h46

Cheia atinge zona turística de São Borja. Rio Uruguai está com um nível de 11 metros, contra uma média de 4 metros


por Humberto Trezzi, de São Borja


Maior parte dos bares está inundada na proximidade do Rio em São BorjaFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS


Tradicional recanto em que os turistas provam traíra ou dourado frito enquanto bebericam cerveja ao pôr-do-sol, o bairro do Passo, em São Borja, está sendo gradualmente tragado pelas águas do Rio Uruguai. A maioria dos 12 baresque reúnem centenas de frequentadores à noite está inundada, desde que a chuvarada começou - e não há qualquer sinal de que ela vá parar.

Em São Borja, o rio Uruguai está com um nível de 11 metros, a média é 4 metros. O comerciante Cezar da Silva, que neste sábado teve de remover de caminhão todos os móveis e freezers do seu Star Bar - ameaçado pelas águas - teme que se repita esta semana a maior enchente de que se lembra, a de 1983, quando as águas chegaram aos 20 metros e paralisaram o tráfego entre Brasil e Argentina, por terem inundado a Aduana.

– A cheia de 1998 (outra), com certeza, será igualada ou superada. Naquela o nível do rio chegou a 16 metros e agora não falta muito - lamenta o secretário da Defesa Civil Municipal de São Borja, Élcio Carvalho, que é major reservista da BM.

Élcio comanda uma equipe de 20 pessoas que, a bordo de quatro caminhões, percorre as vias ribeirinhas atrás de flagelados. Alguns deixam para trás animais de estimação. O número de 100 desabrigados e 60 desalojados ainda é pequeno, mas cresce a cada hora.

Parte deles está abrigada na sede da Associação Comunitária do bairro Porto do Angico. É o caso de Jupira da Luz Leão, 35 anos e grávida de sete meses. Será seu quinto filho. Os outros quatro estão com ela, dividindo um colchão.

— A gente mora perto do rio, já é a terceira vez que alaga tudo - comenta.

Outra das flageladas, a estudante Paula Ribas, 14 anos, conseguiu salvar o que considera mais precioso: a coelha Byoncé. As duas estão juntas no abrigo.


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ENCHENTE DESABRIGADOS NO RS

Onde fazer doações para vítimas da chuva



Milhares de pessoas estão desalojadas ou desabrigadas em razão da chuva no Estado. A maior enchente dos últimos 30 anos atinge dezenas de cidades gaúchas. Por isso, a Defesa Civil mantém uma rede de locais de coleta de donativos para os flagelados. Em Porto Alegre, o principal ponto de entrega de doações é o Centro Administrativo Fernando Ferrari. Há também pontos de entrega em quartéis de bombeiros, supermercados, farmácias e órgãos públicos. No Interior, as doações podem ser feitas nas prefeituras ou nas sedes da Defesa Civil. Confira abaixo lista dos locais de coleta.


PARA SE ORIENTAR

O QUE DOAR
Colchões, roupas de cama, roupas e alimentos não perecíveis.

ONDE DOAR - Em Porto Alegre
-Centro Administrativo Fernando Ferrari
Telefones: (51) 3288-6781 e 8443-7446
Horário: 08h30min às 12h e das 13h às 18h em dias úteis
-Defesa Civil
Rua dos Andradas, 1.234 – 10º andar, Centro
Telefone: (51) 3212-6046

ONDE DOAR - Outros locais
Agência Banrisul do Centro Administrativo do Estado
Agências do Banco do Brasil
Arquivo Público
Associação Atlética Banco do Brasil
Atacadão Almoxarifado Sertório
Casa de Cultura Mário Quintana
Centro Administrativo do Estado Fernando Ferrari ( CAFF ) ala sul e norte
Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete)
Cientec
Colégio Militar de Porto Alegre
CTG Caminhos do Pampa
Divisão de Relações Comunitárias da Defesa Civil (Central de Doações)
Emater
Escola de Educação Física da Brigada Militar (Esef BM)
Escola de Educação Infantil do Centro Administrativo do Estado
Escola de Ensino Fundamental Medianeira
Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps)
Hospital de Clínicas
Instituto de Biociências da UFRGS (Campus do Vale)
Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE)
Lojas da Rede Zaffari
Morano Imobiliária
Nella Pietra Pizza (Av. Copacabana, 800 e Moinhos de Vento)
Palácio Piratini
Pão dos Pobres
Pimentinha Brechó Kids
Receita Federal
Regionais de Defesa Civil
Restaurante Centro Administrativo do Estado
Secretaria Estadual da Agricultura
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual da Fazenda
Secretaria da Segurança Pública
Sindicato dos Vigilantes do Rio Grande do Sul
Sul Games Espaço Vídeo Bom Fim
Sul Games Espaço Vídeo 24 de Outubro
Troca Transporte
Vera Zaffari Arquitetura (Moinhos de Vento)

ONDE DOAR - Região Metropolitana
Agências do Banco do Brasil
Estações do Trensurb
Associação dos Taxistas de Canoas
Sul Games (Canoas Shopping)
Nella Pietra Pizza (Centro de Canoas)
Sul Games (Shopping do Vale, em Cachoeirinha, e Bourbon Shopping, em São Leopoldo
Atacadão Almoxarifado Gravataí

ONDE DOAR - No Interior
-Prefeituras
-Regionais da Defesa Civil (abaixo)
-Caxias do Sul: Rua Luiz Michelon, 1.515 - Fone (54) 3215-5766
-Imbé: Rua Iraí, 909 – Fone (51) 3627-3214
-Lajeado: Rua Júlio May, 353, Centro – Fone (51) 3748-6000
-Passo Fundo: Av. Presidente Vargas, 1.501 – Fone (54) 3313-0198
-Pelotas: Rua Bento Gonçalves, 3.207 – Fone (53) 3278-2393
-Santa Maria: Rua Pinto Bandeira, 360 – Fone (55) 3286-1694
-Santana do Livramento: Rua Coronel Ângelo Mello, 747 – Fone (55) 3243-1090
-Santo Ângelo: Rodovia RS 344 – Zona Rural – Fone (55) 3313-8048
-São Luiz Gonzaga: Rua 13 de Maio, 929 – Fone (55) 3352-3594
-Uruguaiana: Av. Min. Assis Brasil, (Aduana) – Fone (55) 3411-2082



sábado, 28 de junho de 2014

ALAGAMENTOS, EVACUAÇÃO E AULAS CANCELADAS



ZERO HORA 28 de junho de 2014 | N° 17843

ALAGAMENTOS. Em SC, evacuação e até aulas canceladas

MAIS DE MIL pessoas ficaram desalojadas devido às chuvas, a maioria em cidades da região Oeste



Achuva intensa provocou apreensão, estragos e medidas preventivas em Santa Catarina. A estimativa é de que mais de mil pessoas ficaram desalojadas. A área mais atingida foi a região Oeste, onde a população estava em alerta preventivo diante de possíveis efeitos ontem à noite.

Uma barragem particular em Ponte Serrada estourou em razão do excesso de água, causando risco de enchente. O resultado foi a necessidade de uma evacuação na cidade de Arvoredo, onde cerca de 30 famílias saíram de casa.

Uma das situações mais graves foi em Videira, onde cerca de 200 famílias foram atingidas pelos algamentos. Em Catanduvas, três comunidades do interior ficaram ilhadas após desmoronamentos e o transbordo de um açude.

Em Itapiranga, aproximadamente cem famílias – 500 pessoas – ficaram desalojadas, segundo o prefeito Milton Simon. Elas tiveram de ir para casas de parentes ou ginásios, após a água do Rio Uruguai invadir a cidade. Foram atingidos, ainda, 50 estabelecimentos comerciais, dois postos de saúde e a prefeitura, que alagou.

Alunos das escolas da rede pública estadual de 64 municípios catarinenses não tiveram aula ontem. A suspensão foi preventiva, diante do risco para a segurança e da escassez de transporte.


TRANSTORNOS E ALERTAS

BLOQUEIO NAS ESTRADAS -Quedas de barreiras afetaram a situação de rodovias no Estado. Até ontem à tarde, pelo menos 14 estradas federais e estaduais tinham pontos de interdição. Em algumas delas, o trânsito só estava liberado em meia pista. Em outras, só podiam passar veículos leves.

PREOCUPAÇÃO EM LAGES - Os 160 mil moradores de Lages, na Serra, se preparavam ontem para possível enchente. O Rio Carahá estava a poucos centímetros de transbordar. O alerta foi repassado para pelo menos 10 bairros, onde moradores foram orientados a sair de casa para evitar riscos.

CALAMIDADE E DESOLAÇÃO EM IRAÍ


ZERO HORA 28/06/2014


EDUARDO ROSA | IRAÍ


MUNICÍPIO DE 8,1 MIL moradores enfrenta uma das piores situações de sua história, até com desabastecimento de água. Parte dos habitantes está sem luz, e os donativos recebidos de outras cidades são armazenados em frente à prefeitura


A prefeitura de Iraí, a 450 quilômetros da Capital, decretou estado de calamidade pública em razão da enxurrada que atinge o município. Há ao menos 350 famílias fora de casa – 1,3 mil dos 8,1 mil moradores.

– Em 1983, o rio demorou de quatro a cinco dias para chegar a esse nível (está em 17,5 metros). Agora, foi em 24 horas – comentou o vice-prefeito e responsável pela Defesa Civil da cidade, Edson Borges do Canto, lembrando a maior enchente de Iraí até hoje.

Desde quinta-feira, um CTG recebe desabrigados – cerca de 15 famílias estão no local. Doações recebidas de municípios de toda a região são armazenadas em um clube, em frente à prefeitura.

Mesmo sendo um problema recorrente na cidade, a enchente deste ano assustou moradores como a pensionista Maria Lugaresi, 62 anos. Em Iraí há mais de três décadas e desabrigada nesta semana, Maria lembra bem da enchente de 1983, que fez o Rio do Mel atingir 18,3 metros. Até então, havia sido a única vez que ela teve de sair de casa por conta da água. Naquele ano, a família reconstruiu a casa, substituindo a de madeira por material mais resistente e com maior distância do chão. Ontem, às 5h, após uma noite de resistência e tentativa de salvar pertences, Maria deixou a moradia levando pouco. Tirou geladeira, fogão, documentos e roupas.

– É horrível. Todo mundo está chorando, apavorado, nervoso. A gente não dorme – comentou.

No interior, o problema é o acesso a propriedades rurais. A água que alagou diferentes pontos da cidade tem origem, principalmente, no Rio do Mel, que chegou a alcançar 17,5 metros nesta semana. A prefeitura estima que o volume já tenha baixado cerca de um metro até as 19h de ontem.

Há 30 anos na região, o casal de aposentados Wilmar e Irma Patzlaff, 72 e 71 anos, mora a cerca de 500 metros do rio.

– Nunca vimos nada parecido – afirmou Wilmar.

Os dois perceberam a água se aproximar da residência que tem o primeiro piso abaixo do nível da rua na quarta-feira. No dia seguinte, o volume aumentou e cobriu o cômodo, que era usado como depósito. Nos fundos do pátio, o pomar de árvores também ficou completamente submerso. Entre a madrugada e o começo da manhã de ontem, a família decidiu retirar os móveis.

– A população saiu às ruas para oferecer ajuda. Uns amigos vieram para tirar as coisas daqui – acrescentou Wilmar.

ENCHENTE, ESTRAGOS E ALERTA

ZERO HORA 28 de junho de 2014 | N° 17843

CHEIAS NO INTERIOR .ÁGUA SEM PARAR

SAIR DE CASA foi a única solução para muitas famílias diante da chuva intensa, que inundou ruas,obstruiu pontes e bloqueou rodovias. Risco de subir nível do Rio Uruguai preocupa Fronteira Oeste



Os transtornos de uma das maiores enchentes registradas nos últimos 30 anos no norte e no noroeste do Estado se espalharam para outras regiões ontem, em mais um dia de chuva intensa. Além de problemas na Serra, pelo menos quatro municípios da Fronteira Oeste entraram em alerta devido à cheia no Rio Uruguai: São Borja, Itaqui, Uruguaiana e Barra do Quaraí, que já prepararam abrigos em ginásios ou escolas.

Ao todo, 4.675 pessoas tiveram de deixar suas casas até o começo da noite. As cidades com maior número de desabrigados e desalojados eram Iraí (1,3 mil), Porto Xavier (623) e Barra do Guarita (600), informou a Defesa Civil.

Com a previsão de novas precipitações para hoje, a perspectiva é de que o quadro se torne ainda mais delicado nos 52 municípios atingidos pela tormenta:

– Provavelmente, teremos em cidades como Iraí e Porto Xavier o aumento do nível do Rio Uruguai, o que traz o risco de as cidades que estão mais para baixo serem atingidas – alerta o geólogo e engenheiro João Manuel Trindade Silva, coordenador do monitoramento de rios da Secretaria do Meio Ambiente do Estado.

GOVERNO FARÁ REUNIÃO COM CIDADES ATINGIDAS

Em Porto Mauá, no Noroeste, a preocupação era de que o nível do Rio Uruguai ultrapasse 21 metros. Caso isso ocorra, superará a marca da enchente de 1983, quando chegou a 20,7 metros. Naquele ano, a tormenta deixou mais de 17 mil desabrigados no Estado.

Por determinação do governador Tarso Genro, uma comitiva do governo se reunirá hoje pela manhã com representantes dos municípios em situação difícil. O secretário do Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas do Estado, Jorge Branco, garantiu que os municípios atingidos pelas cheias estão sendo monitorados e receberão materiais como água potável e kits de higiene.

– Neste primeiro momento, o objetivo é preservar a vida, mas já iniciamos um levantamento dos prejuízos – explicou o secretário.

Além de deixar milhares fora de suas casas, a enchente também interrompe ligações rodoviárias e aquaviárias às margens do Uruguai (veja no quadro).

De acordo com o geólogo e professor da UFRGS Antonio Pedro Viero, as precipitações ocorridas na região da bacia do Uruguai em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul juntam-se à chuva registrada nas próprias cidades ribeirinhas, aumentando o nível do rio:

– O Rio Uruguai é o corpo hidro-receptor de uma área muito grande, que começa na Serra, no Rio Pelotas, no Rio Canoas, no Rio do Peixe e em outros rios de Santa Catarina – ressalta Viero.







sexta-feira, 27 de junho de 2014

CHUVA TIRA 3 MIL PESSOAS DE CASA E AFETA 39 CIDADES GAÚCHAS



Atenção redobrada. Chuva tira 3 mil pessoas de casa e afeta 39 cidades do RS, aponta novo balanço. Norte e Noroeste são as regiões mais atingidas

ZERO HORA  em 27/06/2014


Em Iraí, rios atingem níveis históricos, provocando inundaçõesFoto: Fernando Sucolotti / Prefeitura Municipal de Iraí,divulgação


O número de municípios prejudicados pela chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o início da semana foi atualizado e subiu para 39, conforme o último boletim da Defesa Civil Estadual — no início da manhã, eram 30. A quantidade de pessoas fora de casa também aumentou: passou de 1.593, para 3.081.


Desse total, o órgão contabilizava, até as 11h desta sexta-feira, 2.686 desalojados (que estão na casa de familiares ou conhecidos, por exemplo) e 395 desabrigados (que precisam de abrigo do poder público). As regiões mais atingidas são Norte e Noroeste.


Confira a lista atualizada das cidades

Cruzaltense, Barão do Cotegipe, Getúlio Vargas, Erechim, Centenário, Jacutinga, Itatiba do Sul, Aratiba, São José do Ouro, Floriano Peixoto, Áurea, Erval Grande, Marcelino Ramos, Barra do Rio Azul, Maximiliano de Almeida, Ponte Preta, Nonoai, Viadutos, Caiçara, Campo Novo, Tenente Portela, Jaboticaba, Palmitinho, Pinheirinho do Vale, Cristal do Sul, Cerro Grande, Iraí, Novo Tiradentes, Alpestre, Barra do Guarita, Esperança do Sul, Tiradentes do Sul, Vicente Dutra, Nova Candelária, Três de Maio, Novo Machado, Porto Vera Cruz, Porto Mauá, Unistalda.



Previsão de mais chuva para esta sexta-feira

A sexta-feira será mais um dia de chuva em todas as regiões do Rio Grande do Sul. E os maiores acumulados devem ficar por conta da faixa norte do Estado.

De acordo com a meteorologista Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia, essas precipitações devem dar uma trégua apenas na segunda feira — no entanto, na quarta, voltam a cair no RS. Entre a noite de quinta-feira e o amanhecer de sexta, Frederico Westphalen e Santo Augusto tiveram acumulados significativos.

SC tem dois municípios em situação de emergência

O alerta para as chuvas em Santa Catarina continua nesta sexta-feira. As áreas mais atingidas nos últimos dias e as cidades à beira dos rios do Peixe, Uruguai e Chapecozinho continuam em atenção pelos volumes de chuva e nível dos rios. Nesta sexta-feira, a previsão é de chuva a qualquer hora em todas as regiões catarinenses.

Até o fim da noite de quinta-feira, dois municípios já haviam decretado situação de emergência segundo informações da Defesa Civil: Rio das Antas e Palmitos.

terça-feira, 10 de junho de 2014

11 MORTOS PELA CHUVA NO PARANÁ


 O ESTADO DE S. PAULO 10 Junho 2014 | 10h 58


JULIO CESAR LIMA


Bombeiros encontram corpo de 1 dos 6 desaparecidos pelas chuvas no Paraná. Vítima estava presa entre na margem do Rio do Macaco, no interior do Estado. No Oeste, vaca é encontrada morta em árvores



Curitiba (PR) – O Corpo de Bombeiros de Altamira do Paraná encontrou na tarde de segunda-feira (9) o corpo de uma das seis pessoas que estavam desaparecidas por causa das chuvas. A vítima estava presa entre árvores e entulhos na margem do Rio do Macaco. Segundo a imprensa local, o homem foi arrastado pela correnteza do rio quando ele tentava atravessar a ponte que cruza o rio na Estrada Dois Irmãos. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Campo Mourão. Com o resgate, cai para cinco o total de pessoas que continuam desaparecidas no estado, segundo dados da Defesa Civil do Paraná.

Por causa da gravidade da situação, o governo estadual deve decretar estado de emergência em mais 50 municípios, para que dessa forma eles possam comprar materiais de urgência com dispensa de licitações. Desde o final de semana o número de cidades atingidas não para de aumentar. A Defesa Civil divulgou na manhã de terça-feira (10) que aumentou de 124 para 132 municípios e um total de 422.435 pessoas afetadas pelas chuvas que deixaram desabrigadas até agora 12.957 pessoas.

As chuvas também provocaram nove mortes no Paraná. Duas pessoas morreram em Medianeira e duas em Guarapuava, uma em Laranjeiras do Sul; uma em Campina do Simão, uma em Guaraniaçu, uma em Sulina e outra em Quedas do Iguaçu. No sábado, um aposentado que morava na Cidade Industrial, em Curitiba, também morreu vítima da enchente que invadiu sua casa.

Nas estradas que cortam o estado ainda existem 11 pontos de interdição, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal. A área mais atingida é a da rodovia BR-277, que liga o Porto de Paranaguá a Foz do Iguaçu e passa pela região dos Campos Gerais, uma das mais atingidas pela chuva.

Vaca presa em árvores - Uma vaca arrastada pela correnteza de um rio em Quedas do Iguaçu, uma das 124 cidades atingidas pelas chuvas que caem no Paraná desde o final de semana, foi encontrada morta e presa entre algumas árvores na área rural do município. A Defesa Civil encontrou o animal na tarde de segunda-feira (9), depois que o nível do rio que corta a região começou a baixar.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

SEPARAÇÃO DA BRIGADA MILITAR AGRADA BOMBEIROS

CORREIO DO POVO 04/06/2014 22:28

Cíntia Marchi / Correio do Povo

Aprovada pela Assembleia Legislativa, desmembramento deve ocorrer até julho de 2016



Separação da Brigada Militar agrada Bombeiros
Crédito: Joao Vilnei / Especial CP


A proposta de separação do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar, aprovada em primeiro turno na Assembleia Legislativa na terça-feira, repercutiu positivamente na corporação. O desmembramento se dará ao longo de dois anos até 2 de julho de 2016, e neste período o comando da instituição desenvolverá uma série de ações para efetivar o processo de emancipação. “Este prazo será importante porque temos uma grande estrutura organizacional, bem como de patrimônio que não é possível transferir de uma hora para outra”, diz o comandante dos Bombeiros, coronel Eviltom Pereira Diaz. Atualmente, a corporação conta com 2,6 mil homens.

Se a proposta passar no segundo turno, no dia 2 de julho, o governador Tarso Genro nomeará o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militares e uma equipe de transição. “Este grupo terá até 120 dias para apresentar o detalhamento de como será a separação”, revela. “Não temos os mesmos objetivos da Polícia ostensiva e, ao contarmos com estrutura própria, poderemos nos focar no trabalho de prevenção, combate a incêndio, ações de defesa civil e busca e salvamento.”

O coordenador do núcleo de oficiais bombeiros da Associação dos Oficiais da BM (AsofBM), major Rodrigo Dutra, lembra que haverá um interstício de três sessões para a votação em 2º turno, mas, salienta, não deverá ocorrer problemas para a aprovação pelos deputados. “No primeiro turno, foi unânime a aprovação da PEC.”

O major afirma existir um clima de satisfação e de esperança entre o efetivo. Tanto que na terça, quando foi aprovada a proposta, os presentes começaram a cantar o hino do RS, sendo seguidos por deputados. “Demonstramos ter esperança em nós mesmos”, salienta. “Nunca estivemos tão unidos e, com certeza, estamos escrevendo mais uma página na história.”




quarta-feira, 4 de junho de 2014

MENOR RIGOR NA LEI KISS

ZERO HORA 03/06/2014 | 20h25

por Carlos Ismael

Prevenção a incêndios. Com cinco das 27 emendas aceitas, Assembleia aprova a Lei Kiss. Exigência de contratação de seguro de responsabilidade civil para qualquer tipo de estabelecimento foi eliminada



Municípios terão um prazo de 12 meses para adequarem as suas legislações locaisFoto: Ronald Mendes / Agencia RBS


O projeto de lei completar que altera a legislação com normas de prevenção e proteção a incêndios no Estado, conhecida como Lei Kiss, foi aprovado na noite desta terça-feira na Assembleia Legislativa.

A proposta recebeu 27 emendas, das quais cinco foram aceitas. Entre as principais modificações na legislação sancionada em dezembro pelo governador Tarso Genro, está a eliminação da exigência de contratação de seguro de responsabilidade civil para qualquer tipo de estabelecimento. Também fica permitida a expedição de autorizações precárias de funcionamento para edificações consideradas de baixo risco de incêndio, desde que já tenham protocolado Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI).

A aprovação do projeto foi possível depois que parlamentares e representantes de entidades de classe costuraram um acordo que elaborou uma emenda global (a de número 27), apelidada de emendão, reunindo a maioria das reinvindicações de todos os setores impactados pela lei.

Apesar disso, houve um princípio de desentendimento quanto à necessidade de contratação de seguro para alguns tipos de estabelecimentos classificados como local de reunião pública, entre eles casas noturnas e boates. Na sanção da lei original, o artigo que tratava do seguro foi vetado pelo Executivo. No projeto de lei complementar, foi incluído um novo artigo para tornar a exigência obrigatória apenas para edificações com lotação igual ou superior a 800 pessoas. Havia exceção apenas para Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), salões paroquiais, salões comunitários e ginásios de esportes comunitários e escolares.

Na emenda 27, o parágrafo que tratava do seguro ficou de fora, mas, antes de ela ser protocolada, entidades perceberam que o ponto polêmico havia sido incluído novamente no documento.

— Recolocaram o que nós havíamos combinado de retirar. Dessa forma, nós não vamos votar — chegou a afirmar o deputado Frederico Antunes, líder da bancada do PP, antes da votação.

— O seguro encarece muito a execução da obra. É um custo muito elevado que não preserva vidas. Pode inclusive provocar um relaxamento no cuidado com a segurança. O proprietário pode pensar que se tem seguro não precisa se preocupar — completou o presidente do Conselho Regional de Engenharia do Estado (Crea-RS), Luiz Alcides Capoani.

Depois de algumas horas de debate, ficou decidido que a obrigatoriedade do seguro seria apresentada em uma emenda separada. No plenário, contudo, as manifestações foram de contrariedade e a proposta encaminhada pelo Deputado Valdeci Oliveira, líder da bancada do PT, acabou rejeitada.

De acordo com o deputado Adão Villaverde (PT), as alterações aprovadas não flexibilizam a lei de proteção contra incêndio.

— Não tenho dúvida de que nós estamos fazendo os ajustes fundamentais para dar celeridade a operacionalização do que a lei prevê — comentou.

As mudanças na lei ainda precisam ser aprovadas pelo governador, que tem 15 dias para sancionar ou vetar o projeto. O líder do governo na AL, deputado Valdeci Oliveira (PT), acredita que não haverá discordância.

– A princípio não haverá veto, principalmente porque a emenda 27, que reúne a maioria das alterações, foi construída com a participação do governo, de entidades e dos bombeiros – afirma.

terça-feira, 3 de junho de 2014

DEPUTADOS APROVAM SEPARAÇÃO DOS BOMBEIROS DA BM ATÉ 2016



No plenário, bombeiros pressionaram aprovaçãoFoto: Letícia Costa / Agência RBS



ZERO HORA 03/06/2014 | 20h22

por Letícia Costa

Pimeiro turno. Esperada há décadas, medida foi aceita por unanimidade na Assembleia Legislativa



Assinada em março pelo governador Tarso Genro, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 232/2014, que trata da separação dos Bombeiros da Brigada Militar foi aprovada por unanimidade pelos deputados estaduais na noite desta terça-feira. Com 44 votos a favor e nenhum contra, os parlamentares concordaram com o desmembramento da corporação até 2 de julho de 2016.

A emenda que antecipava a separação em um ano não foi aprovada por falta de votos suficientes. Seriam necessários 33 votos favoráveis, e a emenda obteve apenas 32.

— O fundamental é se tornar um órgão independente — afirma Ubirajara Ramos, coordenador-geral da Associação de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs).

Como se trata de uma PEC, o tema deve passar por uma votação em segundo turno, que deve ocorrer na sessão de 17 de junho. Só então, a partir da confirmação dos deputados, um grupo de trabalho será formado para, em até 120 dias, definir uma legislação própria do Corpo de Bombeiros. Entre os detalhes, deve ser definido o efetivo da corporação.

Cerca de 100 bombeiros acompanharam a votação no plenário da Assembleia Legislativa, entre eles o comandante Eviltom Pereira Diaz. Eles comemoraram com aplausos e cantaram o Hino Rio-grandense após a aprovação do desmembramento, almejado há décadas.

– Com a separação, estaremos melhor focados no que precisamos. Hoje, temos 2.685 bombeiros e este número será mantido – comenta o coronel Eviltom.