por Humberto Trezzi, de São Borja
Risco de drama de 1983 se repetir
Tradicional recanto em que os turistas provam traíra ou dourado frito ao pôr do sol, o bairro do Passo, em São Borja, é gradualmente tragado pela água do Rio Uruguai. A maioria dos 12 bares do local está inundada, desde que a chuvarada começou. No final da manhã de sábado, o Rio Uruguai chegava a 11 metros – a média é de quatro.
Antes do meio-dia de sábado, o comerciante Cezar da Silva teve de remover de caminhão todos os móveis e freezeres do Star Bar, ameaçado pela água. Ele teme que se repita esta semana a maior enchente de que se lembra, a de 1983, quando a água chegou aos 20 metros e paralisou o tráfego entre Brasil e Argentina, por ter inundado a Aduana.
– A cheia de 1998 (outra enchente histórica) será igualada ou superada. Naquela, o nível do rio chegou a 16 metros, e agora não falta muito – avalia o secretário da Defesa Civil Municipal de São Borja, Élcio Carvalho, major reservista da Brigada Militar.
Élcio comanda 20 pessoas que, em quatro caminhões, percorrem vias ribeirinhas em busca de flagelados. Alguns deixam para trás animais de estimação. O número de desabrigados e desalojados cresce a cada hora.
Parte deles está na sede da Associação Comunitária do bairro Porto do Angico. É o caso de Jupira da Luz Leão, 35 anos, Grávida de sete meses, ela espera o quinto filho – os outros quatro estão com ela, dividindo um colchão.
Até as 12h30min de sábado, o Estado tinha 4,6 mil pessoas fora de casa e 52 municípios atingidos por alagamentos.
HUMBERTO TREZZI | SÃO BORJA
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