Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sábado, 28 de junho de 2014

CALAMIDADE E DESOLAÇÃO EM IRAÍ


ZERO HORA 28/06/2014


EDUARDO ROSA | IRAÍ


MUNICÍPIO DE 8,1 MIL moradores enfrenta uma das piores situações de sua história, até com desabastecimento de água. Parte dos habitantes está sem luz, e os donativos recebidos de outras cidades são armazenados em frente à prefeitura


A prefeitura de Iraí, a 450 quilômetros da Capital, decretou estado de calamidade pública em razão da enxurrada que atinge o município. Há ao menos 350 famílias fora de casa – 1,3 mil dos 8,1 mil moradores.

– Em 1983, o rio demorou de quatro a cinco dias para chegar a esse nível (está em 17,5 metros). Agora, foi em 24 horas – comentou o vice-prefeito e responsável pela Defesa Civil da cidade, Edson Borges do Canto, lembrando a maior enchente de Iraí até hoje.

Desde quinta-feira, um CTG recebe desabrigados – cerca de 15 famílias estão no local. Doações recebidas de municípios de toda a região são armazenadas em um clube, em frente à prefeitura.

Mesmo sendo um problema recorrente na cidade, a enchente deste ano assustou moradores como a pensionista Maria Lugaresi, 62 anos. Em Iraí há mais de três décadas e desabrigada nesta semana, Maria lembra bem da enchente de 1983, que fez o Rio do Mel atingir 18,3 metros. Até então, havia sido a única vez que ela teve de sair de casa por conta da água. Naquele ano, a família reconstruiu a casa, substituindo a de madeira por material mais resistente e com maior distância do chão. Ontem, às 5h, após uma noite de resistência e tentativa de salvar pertences, Maria deixou a moradia levando pouco. Tirou geladeira, fogão, documentos e roupas.

– É horrível. Todo mundo está chorando, apavorado, nervoso. A gente não dorme – comentou.

No interior, o problema é o acesso a propriedades rurais. A água que alagou diferentes pontos da cidade tem origem, principalmente, no Rio do Mel, que chegou a alcançar 17,5 metros nesta semana. A prefeitura estima que o volume já tenha baixado cerca de um metro até as 19h de ontem.

Há 30 anos na região, o casal de aposentados Wilmar e Irma Patzlaff, 72 e 71 anos, mora a cerca de 500 metros do rio.

– Nunca vimos nada parecido – afirmou Wilmar.

Os dois perceberam a água se aproximar da residência que tem o primeiro piso abaixo do nível da rua na quarta-feira. No dia seguinte, o volume aumentou e cobriu o cômodo, que era usado como depósito. Nos fundos do pátio, o pomar de árvores também ficou completamente submerso. Entre a madrugada e o começo da manhã de ontem, a família decidiu retirar os móveis.

– A população saiu às ruas para oferecer ajuda. Uns amigos vieram para tirar as coisas daqui – acrescentou Wilmar.

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