Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

INUNDAÇÃO RS - O DRAMA SE ALASTRA


Rios devem subir e agravar enchente - ZERO HORA 22/07/2011

A chuva intensa e o transbordamento de rios já haviam desabrigado ontem mais de 10 mil gaúchos, principalmente nos vales, mas o pior ainda pode estar por vir. Apesar da previsão de tempo seco, a perspectiva é de que os rios continuem subindo nas próximas horas, ampliando as áreas inundadas.

Milhares de gaúchos passaram a última noite insones, de olhos nos rios, esperando pelo pior.

O temor é de que as cheias, que ontem somavam mais de 10 mil desalojados e desabrigados e pelo menos 51 mil afetados, especialmente nos vales do Caí, do Paranhana e do Taquari, se agravassem, atingindo até a Capital.

Enquanto moradores de municípios como Encantado, Lajeado, São Sebastião do Caí e Taquara abandonavam às pressas suas casas invadidas pela enchente, chorando o patrimônio perdido, a Defesa Civil Estadual alertava que a tendência é de que os rios continuem a subir, pelo menos até amanhã. Apesar do tempo seco e do frio anunciados pela meteorologia, o risco é de que a chuva que despencou com intensidade sobre o Estado tenha um efeito retardado, provocando mais transbordamentos.

A enchente foi causada por um período de chuvas muito acima do esperado. Em várias regiões, a precipitação acumulada do início de julho até ontem era três vezes superior à média histórica. Conforme Estael Sias, da Central de Meteorologia, a precipitação concentrou-se na Serra, no Planalto, no Noroeste e no Alto Uruguai, regiões mais elevadas. Ainda há muito água para descer até os vales, sobrecarregando os rios.

– O processo da água descendo é lento, o que torna os próximos dias de apreensão – explica a meteorologista,

Sinos começou a transbordar

Na ilhas do Guaíba, onde desembocam vários do rios avolumados pelas chuvaradas, moradores já se preparavam para deixar suas casas ontem, alertados pelas autoridades sobre os riscos. Em São Leopoldo, o coordenador da Defesa Civil, Silomar Gomes, alertou que o Rio dos Sinos havia começado a transbordar e continuaria subindo até amanhã por causa da chuva nas cabeceiras. Bairros ribeirinhos, como o São Geraldo, entraram em alerta. A previsão é de que cem pessoas sejam removidas hoje das áreas ameaçadas.

O município mais afetado até ontem era Encantado, com 2.220 desalojados e desabrigados. São Sebastião do Caí tinha pelo menos 1,5 mil pessoas fora de casa. Muitas outras temiam a chegada da água às suas casas. A expectativa era de que se possa sofrer, nos próximos, dias a maior cheia em décadas. Às 18h, o Caí chegou a 14m70cm acima do nível normal, superando a marca de 2007, quando 70% da área central da cidade foi inundada.

Na tarde de ontem, enquanto seus filhos e netos se apressavam para buscar refúgio, prevendo o avanço das águas, Edy Mentz, 81 anos, não se convencia a deixar a casa, já lambida pela correnteza, no centro de São Sebastião do Caí. Ela é uma veterana das cheias e convive há 45 anos com os transbordamentos do Rio Caí. Nas próximas horas, saberá se irá testemunhar uma enchente histórica, como alerta a Defesa Civil.

Alerta pelo celular

Ricardo Kich passou a noite sob a ponte dos rios Fão e Forqueta, em Marques de Souza. À 1h, a água passou da marca feita por seu avô há mais de 80 anos. Era o sinal de perigo. Pelo celular, avisou quem mora nas áreas vulneráveis. O esmero de Kich na tarefa foi descrito por Fabrício Carpinejar na série Beleza Interior, publicada em 16 de abril. Desta fez, o vigia da enchente deu sorte: a água entrou em algumas casas, mas ninguém foi desalojado.

Chuva bloqueia 15 vias

O aguaceiro contínuo que cai sobre o Rio Grande do Sul está desmanchando com partes da malha rodoviária, impondo prejuízos às cidades e perigos aos motoristas. Até as 19h de ontem, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Comando Rodoviário da Brigada Militar contabilizavam 15 vias com problemas. Os contratempos se multiplicam. O bloqueio na ERS-122 – entre o distrito de Nova Milano, em Farroupilha, e São Vendelino – obrigou as empresas de ônibus que realizam viagens a partir de Caxias do Sul a mudarem seus itinerários para atender aos usuários daquela região.

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