Crime teme que equipamento filme favela. Baile funk forçou transferência de abrigo - POR CHRISTINA NASCIMENTO - O DIA, 05/07/2011
Rio - A simulação feita ontem pela Prefeitura do Rio em 20 comunidades para testar o sistema de alerta contra chuvas fortes revelou que o tráfico é um entrave para que a operação funcione perfeitamente. A presença de agentes da Defesa Civil é vista com desconfiança em favelas não-pacificadas, onde já houve registro de depredação de equipamento que amplifica a sirene. Criminosos temeriam a existência de câmeras de monitoramento.
Na Rocinha, uma das comunidades em que ocorreu simulação ontem, o baile funk que atrapalhou o treinamento. A quadra que serviria de ponto de ‘abrigo’ para os moradores não pôde ser usada, porque a festa só terminou às 10h — horário previsto para que as sirenes tocassem e agentes e voluntário iniciassem a retirada das pessoas das casas. Das 20 comunidades em treinamento, metade não foi pacificada. Entre elas estão Rocinha e favelas do Complexo do Lins.
O subsecretário municipal de Defesa Civil, Márcio Motta, admitiu que é preciso trabalho de convencimento maior em comunidades sem UPP. “Eles acham que vão ser filmados. Mas isso não existe. É uma coisa nova para eles e para nós também. Nesse momento, nosso maior esforço é convencê-los de que é uma atividade da prefeitura que vai salvar vidas”, afirmou ele.
Apesar das dificuldades, a prefeitura avaliou como positivo o exercício. Os 2.100 agentes, voluntários e lideranças comunitárias conseguiram percorrer as residências de 8 mil famílias — todas moradoras de áreas de maior risco. Até outubro, 60 comunidades estarão com o sistema de alarme, ligado a super-radar meteorológico do Centro de Operações da prefeitura. Até 2014, serão 117 favelas.
‘É para acreditar nessas sirenes’, alerta Eduardo Paes
No Morro da Formiga, na Tijuca, onde o prefeito Eduardo Paes participou da simulação, retirando uma família de um dos imóveis em ponto de possível deslizamento, há 340 casas em área de risco. “É para acreditar nessas sirenes. Por trás delas, tem um levantamento sério sobre as áreas de alto risco na cidade. Temos tecnologia, radar, meteorologistas 24h por dia, o Centro de Operações e o sistema que aciona essas sirenes a partir do momento que de fato o risco existe”, alertou.
Na Formiga, o treinamento começou às 9h. Agentes comunitários receberam mensagem de celular informando sobre a simulação e a possibilidade chuva moderada a forte. Às 9h50, o segundo torpedo: chuva forte confirmada. Era preciso alertar para a necessidade de retirada dos moradores das áreas de risco. Às 10h, a sirene tocou. A dona de casa Mariza dos Santos Miranda, 46 anos, lembrou situação real que viveu. “Já tive que sair correndo com 6 filhos. Mas valeu a pena. Fomos salvos”.
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
terça-feira, 5 de julho de 2011
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