EDITORIAIS
É compreensível que, diante de uma chuvarada como a registrada ontem, que excedeu em um dia a média de precipitação de um mês, o setor público seja incapaz de atender a todas as demandas e evitar muitos dos danos provocados, em especial na Região Metropolitana. Mas, ao mesmo tempo em que se reconhecem os esforços das equipes mobilizadas para atenuar transtornos e prejuízos, é preciso admitir que boa parte do que ocorreu é consequência de deficiências estruturais que ainda não foram tratadas como prioridade.
As enxurradas, com o transbordamento ou o acúmulo de água em cursos d’água, vias públicas e áreas urbanas habitadas, são o efeito mais visível de problemas causados por uma boa dose de imprevidência. Constata-se, nessas situações, que os dutos existentes não conseguem dar vazão a grandes volumes de chuva. O que seria compreensível em situações absolutamente anormais, como pode ser considerado o cenário de ontem, não é assim tão raro. A atual estrutura das redes de escoamento da Capital fracassa também quando eventos climáticos não se enquadram entre os considerados excepcionais.
São repetidos os episódios em que Porto Alegre tem a vida transtornada por chuvas intensas. Não basta alegar que não há como evitar os prejuízos causados por precipitações como a de ontem. É preciso pelo menos adotar medidas preventivas para atenuá-los e montar planos mais efetivos de intervenção nas emergências. Por isso, é urgente uma revisão nas estruturas das grandes cidades, como já foi feito parcialmente em algumas áreas localizadas, ou as chuvas continuarão causando danos econômicos e sociais, mesmo em circunstâncias menos dramáticas. A população, que contribui de forma irresponsável para o entupimento de bueiros, ao descartar lixo em ruas e riachos, também precisa rever hábitos e assumir responsabilidades. As chuvas intensas põem em questão a falta de planejamento dos governos e falhas graves de nossas condutas como cidadãos.
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