Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

VEÍCULOS MERGULHADOS NO LODO


ZERO HORA 12 de novembro de 2013 | N° 17612


CLIMA - Veículos mergulhados no lodo



Lúgubre talvez seja o melhor adjetivo para descrever o cenário na Eli Autopeças, oficina mecânica encravada nos fundos de um terreno da Avenida Assis Brasil, zona norte de Porto Alegre.

A palavra tem vários sentidos, e, aqui, nos socorremos ao dicionário: “triste, soturno ou fúnebre, escuro, sombrio ou sinistro”. Até letal, se o contexto incluir as finanças do dono e de terceiros. Todas as definições se aplicam ao local, inundado no início da manhã de ontem devido ao volume excessivo de chuva que caiu sobre o Estado desde a madrugada.

No caso da Eli Autopeças, o azar foi coletivo. Embora um vizinho tivesse detectado o alagamento antes das 7h, o pessoal da oficina só tomou conhecimento da situação por volta das 8h30min. Um dos funcionários, Volmir, descreve o cenário e aponta para o capô de um Gol branco. Há marcas de terra no veículo:

– Estava tudo alagado.

Outro mecânico, Hélio Dias, complementa o relato do colega. Está ao lado de Volmir e de Eli Kieldovicz, 74 anos, o dono da oficina.

– Tinha água nas maçanetas de todos os carros – afirma.

São cinco: além do Gol, Pampa, Chevette, Corsa e Saveiro. Os donos dos veículos se tornaram, da noite para o dia, sócios no prejuízo. Não há certeza de que disponham de seguro e, pior, da cobertura de apólices para o ocorrido. Os prejuízos devem ser superiores a R$ 500 para cada carro que naufragou na enxurrada. Talvez mais, segundo o proprietário da oficina.

Chão embarrado e muita umidade

O Corsa não respondia às insistentes tentativas de ignição. O Chevette também apresentava problemas no módulo de injeção eletrônica. O jeito era dar uma geral para, primeiro, tirar a água dos veículos. O estofamento ensopado ficaria para uma segunda etapa. Provavelmente, terá de ser retirado para uma lavagem completa do interior de cada carro. Aliás, a Eli Autopeças também passará, hoje, por uma faxina completa.

Pela manhã, não restou alternativa aos mecânicos a não ser esperar, resguardados na parte superior do prédio, a água descer. E percorrer uma sinuosa escada foi o primeiro desafio dos trabalhadores. Ao fim do dia, apesar dos estragos, Hélio encontrou ânimo para dizer que vencera a jornada sem escorregões perigosos. Ele e os colegas controlaram o passo no chão embarrado, componente extra para um ambiente já escurecido pelos portões fechados. A isso, Hélio acrescenta, sem ironia, a umidade. Daí a escolha do “lúgubre” como expressão adequada para o cenário.

– Isto é um perigo para caminhar – resume o mecânico.

A turma da Eli Autopeças planeja cuidado redobrado antes e durante as próximas tempestades. E promete também ficar de olho na previsão do tempo.

– Na próxima chuva, vamos cuidar para não ter carro aqui dentro – garante Hélio.

Os veículos atingidos ontem haviam chegado entre quinta-feira e sábado. Para hoje, a ordem é estar a postos às 7h45min para completar a operação limpeza. Menos mal, no caso do quarteto da oficina, foi que ninguém teve problemas com água entrando em suas casas. Ao contrário de José Arceleu, o servente de pedreiro que protagonizou a história da página ao lado, os amigos da oficina dormiriam em quartos secos.



A QUEM RECORRER

Alguém paga pelos móveis danificados e estragos em residências?

O diretor do Procon estadual, Cristiano Aquino, esclarece que há duas situações distintas no que se refere a perdas causadas por eventos da natureza, como a chuva. Quando o imóvel está segurado, o proprietário deve procurar a seguradora e, se não obtiver sucesso, contatar o órgão. Quando não tem seguro, o próprio poder público deve prestar socorro para que as pessoas possam voltar a suas casas.

Eletrodomésticos queimados podem ser ressarcidos?

Sim. Se o consumidor tiver aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos queimados ou danificados por falta de energia, deve entrar em contato com a concessionária responsável pelo fornecimento e pedir uma vistoria de avaliação de danos. Dependendo do caso, o aparelho pode ser trocado ou consertado. De acordo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consumidor tem o prazo de 90 dias para encaminhar sua reclamação à concessionária distribuidora do serviço.

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