Prédio comercial onde começou o incêndio estava em situação irregular
DE SÃO PAULO
O Corpo de Bombeiros afirmou que estava irregular o prédio comercial localizado na avenida Ipiranga onde se iniciou o incêndio na madrugada desta sexta-feira (8). O fogo começou em uma academia no prédio comercial, se alastrou e atingiu também três andares de um edifício residencial. Mais de 50 pessoas passaram mal por conta da fumaça.
O tenente coronel Walmir Correa Leite disse que o AVCB (Alvará de Vistoria do Corpo de Bombeiros) do prédio onde funcionava a academia SmartFit estava com a licença vencida desde março.
Os bombeiros, segundo o tenente-coronel, fizeram uma vistoria no edifício no dia 29 de março e pediram que medidas fossem tomadas para regularizar a documentação, o que não ocorreu. "O que é fato é que o prédio não poderia estar funcionando", disse o bombeiro que não soube detalhar o que exatamente faltava para o edifício regularizar a sua situação.
O fogo se alastrou ainda mais rápido porque vários imóveis do prédio residencial tinham botijões de gás. " Os botijões de gás viraram maçaricos no incêndio", explica Roberto Rensi Cunha, comandante dos Bombeiros Metropolitanos. Os prédios ficam localizados na rua do Boticário com a avenida Ipiranga.
Outro problema encontrado pelo comandante dos bombeiros foram as portas corta-fogo trancadas no edifício comercial.
O prédio residencial e o comercial foram interditados pela Defesa Civil. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Jair Paca de Lima, os moradores estão subindo em pequenos grupos para retirar documentos e objetos pessoais.
O incêndio começou por volta da 1h e foi controlado duas horas depois por 48 equipes do Corpo de Bombeiros, totalizando 150 homens. Os bombeiros estão nesta manhã fazendo o trabalho de rescaldo nos imóveis.
Os moradores do prédio residencial de 25 andares foram forçados a deixar os 146 apartamentos e acompanharam na rua o trabalho dos bombeiros. Muitas pessoas passaram a madrugada sentadas nas calçadas da avenida Rio Branco, algumas delas utilizavam cobertores para se proteger do frio da madrugada. Outras seguravam crianças e animais de estimação que conseguiram retirar dos apartamentos.
DIFICULDADES NO RESGATE
Segundo os bombeiros, um dos problemas enfrentados no resgate foi o da comunicação. Muitos estrangeiros, entre eles chineses, bolivianos e peruanos, vivem no local e não entendiam as ordens dadas por bombeiros para deixar os apartamentos. Alguns se recusaram a abrir as portas com medo de roubo e os bombeiros tiveram que arrombar.
Assustado com o incêndio, um homem de origem oriental tentou se jogar pela janela de um apartamento no 4º andar do prédio residencial. Por diversas vezes ele colocava as pernas para o lado de fora da janela e desistia quando os moradores da região, que acompanhavam o trabalho dos bombeiros, gritavam em coro: não.
De acordo com os bombeiros, mais de 50 pessoas que inalaram fumaça foram atendidas em um posto de socorro montado na avenida Ipiranga. Elas eram retiradas do prédio pelos bombeiros e levadas a lonas coloridas estendidas na rua Rio Branco de acordo com o grau de gravidade. Nas lonas verdes eram colocados os casos mais leves, na amarela os medianos e na vermelha os mais graves.
Editoria de Arte/Folhapress
Após a seleção dos pacientes, médicos do Grau (Grupo de Resgate e Atenção as Urgências e Emergências) faziam a medição de oxigenação no pulmão e batimentos cardíacos e anotavam a caneta na mão das vítimas para controle.
Cerca de 30 pessoas, moradoras de um prédio vizinho na esquina da avenida Rio Branco com a avenida Ipiranga, foram levadas à Santa Casa de São Paulo e aos hospitais São Paulo, Vergueiro e das Clínicas. A vítima mais grave foi um idoso que sofreu queimaduras de segundo grau. Um bombeiro também foi atendido após cortar a mão.
As causas do incêndio serão investigadas.
08/11/2013 - 09h18
Moradores reclamam de demora dos bombeiros para atender incêndio em SP
MARTHA ALVES
DE SÃO PAULO
Vizinhos dos prédios atingidos pelo fogo na academia SmartFit, no centro de São Paulo, reclamam que os bombeiros demoraram muito para chegar ao local.
O zelador, Rene Teodose, 37, que mora em um prédio comercial ao lado de um dos edifícios atingidos, disse que estava dormindo quando começou o incêndio na academia.
Segundo Teodose, a mulher o acordou e ele imediatamente começou a gritar de uma sacada para os moradores do prédio residencial deixarem o local. " Fiquei rouco de tanto gritar, mas se não fosse por mim muita gente teria morrido intoxicada pela fumaça", disse o zelador.
O desespero de Teodose era tanto que ele tentou apagar o fogo usando um hidrante do prédio, mas depois desistiu e passou a utilizar uma mangueira jogando água da sacada do edifício para tentar apagar o fogo.
" De repente a fumaça cobriu tudo e ninguém viu mais nada, se os bombeiros tivessem chegado naquele momento que tentei apagar o fogo a academia não estaria destruída", afirma.
O capitão do Exército, Rodrigo da França Mesquita Lopes, 35, que mora em um prédio na rua Boticário, quase em frente à academia onde começou o incêndio, também reclama que os bombeiros demoraram para chegar." Liguei para os bombeiros e eles demoraram uns 20 minutos para chegar", disse.
Os bombeiros contestam a versão dos moradores da região e dizem que quando as pessoas estão em uma situação de risco o tempo de espera parece maior que o real.
O comandante Roberto Rensi Cunha, dos Bombeiros Metropolitanos, afirma que a corporação recebeu a primeira chamada à 1h01.
" No deslocamento e chegada ao local do incêndio foram gastos entre 8 e 9 minutos", garante o comandante.
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