Os pequeninos olhos japoneses estão arregalados, provavelmente, para sempre, após a atual catástrofe, sem dimensões calculadas. Aprenderam que contra a força da natureza não há nível de segurança absoluta, por mais que haja previsão e planejamento. Ainda mais quando o assunto é segurança nuclear, num país sujeito a terremotos.
A 'síndrome de Hiroshima e Nagasaki' - fruto não da força da natureza, mas do ódio e da vingança humanas - está de volta aos japoneses depois de 65 anos. O mundo assistiu também, em 1986, o maior acidente nuclear da história da antiga União Soviética, com a explosão do reator de Chernobyl. Hoje, está na iminência de ver a maior tragédia do território japonês.
Na atual Ucrânia, Chernobyl e Pripjat, cidades próximas ao reator que explodiu, há uma zona proibida, com uma área contaminada de 2.600 metros quadrados. O local tornou-se ponto de turismo controlado, onde é permitido apenas quinze minutos de permanência ao visitante, devido ao risco da radiação.
O admirável povo japonês, de cultura milenar, aprendeu que, contra a força da natureza, toda segurança é relativa
Cinco anos após do desastre, foi descoberto que uma região da Bielorrúsia, a 140 quilômetros do local do acidente, havia recebido radioatividade. A diferença entre o Japão e Chernobyl é que a densidade demográfica é 20 vezes maior na Ásia. Os reatores de Fukushima têm mais material radioativo e libera muitas partículas na atmosfera, dizem os especialistas.
Os nipônicos estão em estado de choque. Parte de seu território pode, inclusive, ficar inabitável por até 300 anos. As realidades que atormentam o povo japonês passam por racionamento de energia, crise de abastecimento de alimentos, filas em aeroportos, frio, fome, planejamento de rotas de fuga ou permanência dentro de casa. Especialistas dizem que as pessoas precisam ser retiradas de áreas próximas dos reatores a pelo menos a 30 km de distância de Fukushima. Outros, no entanto, consideram essa distância curta demais e que a população de Tóquio, a 270 km de distância, corre riscos de contaminação, caso a situação fuja ao controle. Há resíduos radioativos na capital do país levados pelo vento.
As mais recentes notícias dão conta que a batalha dos japoneses para resfriar três reatores do complexo de Fukushima é dramática - o nível de gravidade foi elevado de 4 para 5, três abaixo do que ocorreu em Chernobyl - ainda que tenham logrado nas últimas horas resfriar os reatores com milhares de litros de água. O nível de radiação na usina caiu 20 pontos. O Japão talvez não tenha perdido o controle da situação como afirmam os EUA, a Europa e a Rússia. Tomara que não perca a esperança de reverter e minimizar o gravíssimo quadro.
O admirável povo japonês, de cultura milenar, aprendeu que, contra a força da natureza, toda segurança é relativa. Foram surpreendidos pelo terremoto seguido do tsunami. Por essa o Japão não esperava. Definitivamente, contra o poder do Césio, do Urânio e do Plutônio toda previsão e planejamento são relativos. O improvável é provável que ocorra. Só resta torcer para que os nipônicos possam se reerguer das marcas traumáticas desse momento. O país ainda é uma grande potência e os olhos dos japoneses, com toda certeza, permanecerão mais abertos.
Milton Corrêa da Costa - O GLOBO, 18/03/2011 às 17h40m. Artigo do leitor
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
terça-feira, 22 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
OS 50 DE FUKUSHIMA
CENÁRIOS NUCLEARES. Os heróis que são a esperança de um país - ZERO HORA 17/03/2011
Enquanto o mundo teme uma catástrofe nuclear no Japão, um grupo de especialistas arrisca suas vidas para prevenir o desastre.
A frase acima poderia ter sido retirada de um trailer de um filme de ação, mas se refere a heróis de carne e osso.
Entre 180 e 200 homens altamente treinados trabalham na usina nuclear Fukushima 1. Correm o risco de ficarem seriamente doentes ou até de morrer, para evitar a ameaça de um vazamento maior. Ontem, todos foram obrigados a deixar a usina depois do aumento dos níveis de radiação. No entanto, pouco depois, o grupo regressou à planta, em meio a temores de uma possível contaminação radioativa. Para se proteger, vestem roupas especiais e máscaras. Trabalham em turnos de 50, para limitar o tempo de exposição à radiação. Por isso, são chamados de “os 50 de Fukushima”.
– Há evidências de que em alguns pontos das instalações haja doses de radiação que ameaçam a vida. Eu acredito que eles estão fazendo um trabalho muito heroico – afirmou Robert Alvarez, ex-conselheiro do Departamento de Energia dos EUA, em entrevista à CNN.
De acordo com a rede ABC, a usuária do Twitter @NamicoAoto, 27 anos, postou essa semana que seu pai é um desses heróis.
– Ele se candidatou apesar de estar se aposentando. Os meus olhos se encheram de lágrimas. Em casa, ele não parecia ser alguém que poderia enfrentar grandes missões. Mas hoje, tive muito orgulho dele. Rezo para que volte bem para casa.
Para evitar o derretimento de reatores, caminhões jogaram água do mar para resfriá-los, uma medida inédita:
– Estamos navegando em águas desconhecidas, as pessoas estão improvisando. O uso da água do mar não está em nenhum manual – ressalta Ira Helfand, da organização Médicos pela Responsabilidade Social.
Enquanto o mundo teme uma catástrofe nuclear no Japão, um grupo de especialistas arrisca suas vidas para prevenir o desastre.
A frase acima poderia ter sido retirada de um trailer de um filme de ação, mas se refere a heróis de carne e osso.
Entre 180 e 200 homens altamente treinados trabalham na usina nuclear Fukushima 1. Correm o risco de ficarem seriamente doentes ou até de morrer, para evitar a ameaça de um vazamento maior. Ontem, todos foram obrigados a deixar a usina depois do aumento dos níveis de radiação. No entanto, pouco depois, o grupo regressou à planta, em meio a temores de uma possível contaminação radioativa. Para se proteger, vestem roupas especiais e máscaras. Trabalham em turnos de 50, para limitar o tempo de exposição à radiação. Por isso, são chamados de “os 50 de Fukushima”.
– Há evidências de que em alguns pontos das instalações haja doses de radiação que ameaçam a vida. Eu acredito que eles estão fazendo um trabalho muito heroico – afirmou Robert Alvarez, ex-conselheiro do Departamento de Energia dos EUA, em entrevista à CNN.
De acordo com a rede ABC, a usuária do Twitter @NamicoAoto, 27 anos, postou essa semana que seu pai é um desses heróis.
– Ele se candidatou apesar de estar se aposentando. Os meus olhos se encheram de lágrimas. Em casa, ele não parecia ser alguém que poderia enfrentar grandes missões. Mas hoje, tive muito orgulho dele. Rezo para que volte bem para casa.
Para evitar o derretimento de reatores, caminhões jogaram água do mar para resfriá-los, uma medida inédita:
– Estamos navegando em águas desconhecidas, as pessoas estão improvisando. O uso da água do mar não está em nenhum manual – ressalta Ira Helfand, da organização Médicos pela Responsabilidade Social.
quarta-feira, 16 de março de 2011
O EFEITO JAPÃO
O martírio sem fim da população japonesa, que começou com um terremoto seguido de tsunami, ambos de efeitos devastadores, e hoje se amplia com o temor da contaminação nuclear, impôs uma paralisação em segmentos importantes da atividade econômica, cujos efeitos tendem a se espalhar até mesmo pelo Brasil. Justamente no momento em que as atenções devem se concentrar no socorro às vítimas dessa catástrofe, a desestabilização econômica e o acidente nuclear classificado como “apocalipse” pelo comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, passam a disputar a atenção, pelo seu potencial devastador. Por isso, sem prejuízo do socorro à população atingida, é importante que também essas questões incluídas às pressas na pauta internacional possam merecer atenção imediata, facilitando o caminho para medidas eficazes.
A tragédia que vitimou um número ainda incalculável de pessoas, destruindo ícones de uma sociedade civilizada, como carros e meios de transporte de maneira geral, casas, prédios e uma infraestrutura aparentemente mais preparada que as demais para resistir a adversidades naturais, alterou também o ritmo de atividades importantes do setor produtivo. Num mundo globalizado, onde qualquer evento tem o poder de provocar impacto em cadeia, não é difícil imaginar o que pode ocorrer quando a terceira maior economia do planeta é confrontada com fenômenos múltiplos de tais proporções.
O que se constatou no Japão é que, de um momento para outro, montadoras de veículos, fábricas de motores, siderúrgicas e indústrias eletrônicas responsáveis, além do abastecimento do mercado interno, pelo fornecimento para outros mercados, incluindo o brasileiro, tiveram suas atividades descontinuadas ou simplesmente paralisadas. Os reflexos, visíveis sob a forma de Bolsas de Valores em queda e de operações financeiras em stand by, tendem a se estender de imediato à economia real. Diante da tragédia já consumada e de tanto sofrimento humano, é preciso conter consequências além das inevitáveis, o que vai depender da capacidade de uma imediata mobilização internacional. Isso não impede que cada país, muitos deles ainda com sua economia combalida pela crise global, trate de tomar suas próprias providências para se precaver internamente.
Neste contexto de desfecho ainda imprevisível, a vulnerabilidade das usinas atômicas do Japão, até então aparentemente imunes às forças da natureza, é um fator que não pode ser desconsiderado. Essa alternativa de geração de energia não está em xeque. No Japão e nos demais países dos quais já faz parte da matriz energética, porém, esse é o momento de avaliar se os padrões hoje em vigor são adequados para garantir com segurança a retomada da atividade econômica e a minoração do sofrimento de tantas pessoas atingidas direta ou indiretamente por esse pesadelo de consequências tão reais e tão perversas.
EDITORIAL ZERO HORA 16/03/2011
A tragédia que vitimou um número ainda incalculável de pessoas, destruindo ícones de uma sociedade civilizada, como carros e meios de transporte de maneira geral, casas, prédios e uma infraestrutura aparentemente mais preparada que as demais para resistir a adversidades naturais, alterou também o ritmo de atividades importantes do setor produtivo. Num mundo globalizado, onde qualquer evento tem o poder de provocar impacto em cadeia, não é difícil imaginar o que pode ocorrer quando a terceira maior economia do planeta é confrontada com fenômenos múltiplos de tais proporções.
O que se constatou no Japão é que, de um momento para outro, montadoras de veículos, fábricas de motores, siderúrgicas e indústrias eletrônicas responsáveis, além do abastecimento do mercado interno, pelo fornecimento para outros mercados, incluindo o brasileiro, tiveram suas atividades descontinuadas ou simplesmente paralisadas. Os reflexos, visíveis sob a forma de Bolsas de Valores em queda e de operações financeiras em stand by, tendem a se estender de imediato à economia real. Diante da tragédia já consumada e de tanto sofrimento humano, é preciso conter consequências além das inevitáveis, o que vai depender da capacidade de uma imediata mobilização internacional. Isso não impede que cada país, muitos deles ainda com sua economia combalida pela crise global, trate de tomar suas próprias providências para se precaver internamente.
Neste contexto de desfecho ainda imprevisível, a vulnerabilidade das usinas atômicas do Japão, até então aparentemente imunes às forças da natureza, é um fator que não pode ser desconsiderado. Essa alternativa de geração de energia não está em xeque. No Japão e nos demais países dos quais já faz parte da matriz energética, porém, esse é o momento de avaliar se os padrões hoje em vigor são adequados para garantir com segurança a retomada da atividade econômica e a minoração do sofrimento de tantas pessoas atingidas direta ou indiretamente por esse pesadelo de consequências tão reais e tão perversas.
EDITORIAL ZERO HORA 16/03/2011
AMEAÇA RADIOATIVA - 50 COMBATENTES ANÔNIMOS DA CATÁSTROFE
THE GUARDIAN, ZERO HORA 16/03/2011
Atingidos por um terrível terremoto, exauridos depois de dias às voltas com uma crescente crise nuclear e preocupados com o fato de que seus entes queridos se encontram a poucos quilômetros da usina atingida, os fatigados trabalhadores na usina de Fukushima 1 devem ter imaginado que um novo dia finalmente traria alívio. Mas foi o contrário.
Entre 50 e 70 empregados – agora conhecidos como os 50 de Fukushima –, todos com vestimenta de proteção, foram deixados na usina de Fukushima para combater uma miríade de problemas. Alguns estão trabalhando nos danos e nos níveis de radiação causados pelas explosões, enquanto outros esfriam reatores com água do mar para tentar evitar um vazamento de radiação potencialmente catastrófico.
Os trabalhadores são o equivalente, na indústria nuclear, aos soldados da linha de frente, expostos a consideráveis riscos enquanto 80 de seus colegas evacuados assistem de uma distância segura. Quinze pessoas no local, incluindo membros da força de autodefesa, foram feridos nas explosões.
Um especialista disse no canal de TV NHK que os trabalhadores enfrentam uma “situação muito grave”. Um nível de 100 mSv por hora poderia causar infertilidade em homens sem equipamento de proteção em um período curto, por exemplo, enquanto outros estudiosos sugeriram que qualquer técnico afetado se recuperaria dos efeitos porque todos seriam retirados em caso de aumento da radiação. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) disse que 150 trabalhadores tiveram níveis de radiação monitorados, e 24 haviam passado por descontaminação.
Trabalhadores continuaram a lutar durante a noite, injetando água do mar para resfriar os reatores nas unidade 1, 2 e 3.Poucos podem ser otimistas em relação ao que virá com um novo dia.
Atingidos por um terrível terremoto, exauridos depois de dias às voltas com uma crescente crise nuclear e preocupados com o fato de que seus entes queridos se encontram a poucos quilômetros da usina atingida, os fatigados trabalhadores na usina de Fukushima 1 devem ter imaginado que um novo dia finalmente traria alívio. Mas foi o contrário.
Entre 50 e 70 empregados – agora conhecidos como os 50 de Fukushima –, todos com vestimenta de proteção, foram deixados na usina de Fukushima para combater uma miríade de problemas. Alguns estão trabalhando nos danos e nos níveis de radiação causados pelas explosões, enquanto outros esfriam reatores com água do mar para tentar evitar um vazamento de radiação potencialmente catastrófico.
Os trabalhadores são o equivalente, na indústria nuclear, aos soldados da linha de frente, expostos a consideráveis riscos enquanto 80 de seus colegas evacuados assistem de uma distância segura. Quinze pessoas no local, incluindo membros da força de autodefesa, foram feridos nas explosões.
Um especialista disse no canal de TV NHK que os trabalhadores enfrentam uma “situação muito grave”. Um nível de 100 mSv por hora poderia causar infertilidade em homens sem equipamento de proteção em um período curto, por exemplo, enquanto outros estudiosos sugeriram que qualquer técnico afetado se recuperaria dos efeitos porque todos seriam retirados em caso de aumento da radiação. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) disse que 150 trabalhadores tiveram níveis de radiação monitorados, e 24 haviam passado por descontaminação.
Trabalhadores continuaram a lutar durante a noite, injetando água do mar para resfriar os reatores nas unidade 1, 2 e 3.Poucos podem ser otimistas em relação ao que virá com um novo dia.
A CIVILIDADE DE QUEM PERDEU TUDO
NO CORAÇÃO DA TRAGÉDIA. A civilidade de quem perdeu tudo - ZERO HORA 14/03/2011
Grande parte dos moradores de Sendai – capital da prefeitura (província) de Miyagi, no nordeste do Japão – perdeu a casa, amigos e familiares, mas, apesar disso, todos conservam um senso de disciplina e civilidade exemplares à espera da comida e da água potável, cada vez mais raros desde o terremoto seguido de tsunami que arrasou a região na sexta-feira. Com uma garrafa nas mãos, uma dezena de pessoas esperava ontem, pacientemente, na fila de distribuição de combustível. Ninguém levantava a voz, não havia ninguém exaltado. A atmosfera era estranhamente calma e ordenada em Sendai.
A onda gigante destruiu a zona costeira. Em meio à lama, o telhado de uma casa se destaca, virado de cabeça para baixo. Mais além, há um monte quase irreconhecível de aço retorcido: cinco automóveis, “fundidos” pela força das águas. Uma geladeira e um sofá parecem ter sido cuidadosamente posicionados no topo de uma montanha de escombros.
– Algumas pessoas perderam toda a família, não têm mais nada – lamenta Miki Otomo, professora de inglês de Sendai.
– A situação continua sendo difícil, mas fazemos o máximo possível para ajudar as vítimas. A ajuda aos sobreviventes é a prioridade, porque a esperança de encontrar pessoas vivas quase desapareceu – afirma Emiko Okuyama, prefeito de Sendai.
O número oficial de mortos na tragédia japonesa subiu ontem para 2,4 mil, conforme a polícia, mas estimativas extraoficiais indicam que 10 mil pessoas teriam perdido a vida. Também ontem, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), na sigla em inglês) recalculou em 9 a magnitude do terremoto de sexta-feira, contra 8,9 anteriormente. Assim, o sismo japonês passa a ser o quarto mais forte já registrado desde que começaram as medições.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Um povo ordeiro que se posta com civilidade em situações graves como esta, respeitando o direitos mais singelos das outras pessoas, tem a nossa admiração. Nas calamidades ocorridas no Chile, nos EUA e no Haiti as forças de defesa civil e policiais se depararam com saques e busca frenética por alimentos. É preciso que o Brasil tenha um código de postura para estes casos, além de um sistema de Defesa Civil preparado para enfrentar todas as situações e com o povo devidamente orientado.
sábado, 12 de março de 2011
REAÇÃO ÀS CATÁSTROFES
Os desastres naturais, como o pavoroso terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão e a recente enxurrada na Zona Sul do Estado, causam compreensível perplexidade e despertam reações nem sempre sensatas, que vão do misticismo exacerbado ao catastrofismo ambiental. Diante de um quadro consumado de adversidades climáticas provocado em grande parte pela ação humana, porém, de nada adianta simplesmente buscar culpados em meio à comoção generalizada. A prioridade no momento é a solidariedade às vítimas, no âmbito psicológico e material. Mas é preciso também que a humanidade possa reagir de forma solidária e responsável para evitar ao máximo esse tipo de ocorrência e reduzir seus danos, que são sempre superiores aos custos de medidas de prevenção normalmente postergadas por administradores públicos.
Catástrofes como as registradas agora sempre ocorreram. Os mesmos avanços que permitem hoje às populações de países de todo o mundo presenciarem em tempo real esses fenômenos naturais, porém, contribuem para torná-los cada vez mais frequentes e de efeitos avassaladores. Estudos avalizados até mesmo pelas Nações Unidas têm alertado para o agravamento dos problemas em consequência particularmente do aquecimento global. Não se trata simplesmente da manutenção de um quadro que, sob a forma predominantemente de enxurradas e deslizamentos no Brasil e de terremotos seguidos de tsunamis em países como o Japão, com implicações pela costa do Pacífico, tem se mostrado cada vez mais comum. A estimativa é de que esses fenômenos tendem a ser cada vez mais frequentes e intensos, o que exige uma mudança radical na forma de encará-los.
Individualmente ou de forma coletiva, cada habitante de toda comunidade, em qualquer parte do planeta, tem o dever de agir, como cidadão e como profissional, para reduzir as chances de danos causados pela ação da natureza. Nesta área, o mínimo gesto é importante – desde uma revisão nos hábitos de consumo até o cuidado com o descarte do lixo, com as opções de transporte, passando por maior pressão junto aos governantes de todas as instâncias da federação para que invistam em equipamentos precisos de prevenção climática, em mecanismos eficientes de alerta para situações de risco, em educação ambiental, em energias alternativas, em sistemas de transporte menos poluentes, em obras de infraestrutura adequadas para a contenção das águas, mas também em mais fiscalização para evitar ocupações irregulares e o desmatamento, por exemplo. É igualmente importante que a população colabore, seja para evitar áreas de risco, seja para abandonar de imediato locais em situação de emergência.
Da mesma forma, é fundamental que as obras viárias já executadas e as que vierem a ser projetadas daqui para a frente possam levar em conta o agravamento acelerado das condições climáticas. As catástrofes são inevitáveis, mas suas consequências podem ser atenuadas.
EDITORIAL ZERO HORA 11/03/2011
Catástrofes como as registradas agora sempre ocorreram. Os mesmos avanços que permitem hoje às populações de países de todo o mundo presenciarem em tempo real esses fenômenos naturais, porém, contribuem para torná-los cada vez mais frequentes e de efeitos avassaladores. Estudos avalizados até mesmo pelas Nações Unidas têm alertado para o agravamento dos problemas em consequência particularmente do aquecimento global. Não se trata simplesmente da manutenção de um quadro que, sob a forma predominantemente de enxurradas e deslizamentos no Brasil e de terremotos seguidos de tsunamis em países como o Japão, com implicações pela costa do Pacífico, tem se mostrado cada vez mais comum. A estimativa é de que esses fenômenos tendem a ser cada vez mais frequentes e intensos, o que exige uma mudança radical na forma de encará-los.
Individualmente ou de forma coletiva, cada habitante de toda comunidade, em qualquer parte do planeta, tem o dever de agir, como cidadão e como profissional, para reduzir as chances de danos causados pela ação da natureza. Nesta área, o mínimo gesto é importante – desde uma revisão nos hábitos de consumo até o cuidado com o descarte do lixo, com as opções de transporte, passando por maior pressão junto aos governantes de todas as instâncias da federação para que invistam em equipamentos precisos de prevenção climática, em mecanismos eficientes de alerta para situações de risco, em educação ambiental, em energias alternativas, em sistemas de transporte menos poluentes, em obras de infraestrutura adequadas para a contenção das águas, mas também em mais fiscalização para evitar ocupações irregulares e o desmatamento, por exemplo. É igualmente importante que a população colabore, seja para evitar áreas de risco, seja para abandonar de imediato locais em situação de emergência.
Da mesma forma, é fundamental que as obras viárias já executadas e as que vierem a ser projetadas daqui para a frente possam levar em conta o agravamento acelerado das condições climáticas. As catástrofes são inevitáveis, mas suas consequências podem ser atenuadas.
EDITORIAL ZERO HORA 11/03/2011
sexta-feira, 11 de março de 2011
PREVENÇÃO DE CATÁSTROFES
No momento em que o Rio Grande do Sul socorre vítimas e lamenta os estragos de outra enchente, desta vez em municípios da Zona Sul, o Estado e o país devem vencer etapas que superem o interminável debate sobre investimentos públicos em sistemas de detecção de desastres e em equipamentos para a Defesa Civil. A situação gaúcha, com suas peculiaridades, não é muito diferente da realidade brasileira. Enquanto as catástrofes se repetem, com a perda de vidas e danos materiais cada vez maiores, por conta das mudanças climáticas e da ação humana no ambiente, os governos, em todas as esferas, são vacilantes, especialmente na adoção de medidas preventivas. Discussões e estudos técnicos já foram feitos à exaustão. É o momento da atitude concreta, para que o poder de atuação do setor público não se limite ao socorro emergencial às vítimas das áreas atingidas.
Tem sido assim nos últimos anos, quando, a cada evento traumático, há o ensaio de uma mobilização geral, no sentido de ampliar a capacidade de intervenção estatal. Passada a comoção, boas ideias se juntam a projetos abandonados sob os mais variados argumentos, entre os quais o da falta de recursos. Poucas áreas são tão prioritárias hoje quanto a da prevenção de desastres climáticos. As consequências maiores são as mortes, o flagelo de comunidades inteiras e a destruição de famílias. Efeitos pouco avaliados, no entanto, atingem também o cotidiano de cidades e a atividade econômica. Perdem os atingidos e perdem também o Estado e o país, com os transtornos disseminados por tais fatos.
A abordagem dos desastres na região serrana do Rio é um caso exemplar de lentidão. O primeiro escalão do Executivo foi acionado na época, em meio à consternação, com o objetivo de reforçar o sistema de defesa, e só recentemente o assunto voltou a ser comentado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Disse o ministro que o Sistema Nacional de Alerta contra Desastres Naturais deve funcionar em todo o país no final deste ano. O plano dependeria de estudos geotécnicos. Por mais detalhados que sejam tais levantamentos, é muito tempo para que o país conte com técnicos e equipamentos disponíveis em outros países.
Foi exatamente por falta de condições para prevenir moradores e evacuar áreas sob risco que, na região da Serra do Rio, morreram mais de 800 pessoas no início do ano. Quase na mesma época, enxurradas ocorridas no Estado de Queensland, na Austrália, com a mesma intensidade, não fizeram mais de 20 vítimas fatais. Descontadas as características geológicas e até mesmo sociais das duas regiões, o que os australianos tiveram foi o suporte do setor público, com previsão, planejamento de retirada das populações antes dos desastres e agilidade no socorro aos atingidos.
Prejuízos decorrentes de catástrofes ambientais têm, na maioria dos casos, evidente relação com a degradação do ambiente, pela ocupação de encostas e pelo desmatamento das margens de rios. Mas esses fatores, que também merecem atenção urgente, devem ser abordados com outras medidas que fortaleçam a capacidade dos governos de interferir preventivamente, com mecanismos de alertas como os radares dopplers, habilitados para prever tempestades. A ação posterior, de suporte às vítimas, exige igualmente que os órgãos responsáveis contem com quadros e material adequados aos novos desafios do desequilíbrio climático, para que a intervenção pública não dependa apenas do heroísmo de homens mal equipados.
EDITORIAL ZERO HORA 11/03/2011
SISTEMA DEFICIENTE - METEOROLOGIA FALHA
SISTEMA DEFICIENTE. Por que a meteorologia falha? ZERO HORA 11/03/2011
Especialistas reclamam da falta de radares e de integração das redes meteorológicas para antever enxurradas e salvar vidas.
A tormenta no sul gaúcho expôs as deficiências da previsão no tempo no Brasil: nenhum modelo meteorológico alertou para a chuvarada. Especialistas cobram a instalação de mais radares doppler no Estado para antever com precisão o local e a intensidade das precipitações, além de aumentar a rede de estações meteorológicas e a integração entre elas. O investimento permitiria indicar a ocorrência de eventos extremos, como tornados ou enxurradas, em áreas mais delimitadas e com uma antecedência de até seis horas, o que poderia acelerar medidas preventivas e salvar vidas.
– É uma questão de prioridades. O que é mais importante: investir em radares me teorológicos ou em obras para Copa do Mundo e Olimpíada? – provoca Gustavo Escobar, um dos coordenadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).
Atualmente, só há dois desses radares no Estado, um em Canguçu e outro em Santiago. Um grupo de trabalho enviou ao Ministério da Ciência e Tecnologia um projeto para ampliar o número desses radares no país – dos 30 atuais para 48 – mas sua aprovação depende de alto investimento: cada radar custa R$ 2,4 milhões.
– Além desse custo, é necessário comprar material sobressalente, contratar e treinar pessoal, instalar o aparelho em uma área remota. Isso custa em torno de três vezes o valor do radar – explica o coordenador-geral de agro- meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Alaor Moacyr Dall’Antonia Jr.
Supercomputador promete avanços
Os especialistas ressaltam, porém, que o superequipamento por si só não basta para melhorar a precisão nos prognósticos meteorológicos. Conforme o coordenador do 8º Distrito de Meteorologia, Solismar Damé Prestes, eventos como o sistema de baixa pressão que provocou a enxurrada exigem um trabalho complementar para serem previstos. Solismar lembra que, mesmo nos Estados Unidos – coberto por 155 aparelhos Doppler – , a identificação e localização desses fenômenos, que se formam rapidamente em áreas pequenas, é completada por equipes em terra, em aviões e em barcos.
A esperança dos meteorologistas é de que a previsão ganhe avanços nos próximos meses. O Inpe comprou um supercomputador que gera dados mais precisos sobre o tempo.
– Com os dados gerados pelo supercomputador, poderemos aumentar nossa precisão para cada dois quilômetros – afirma Yoshihiro Yamasaki, professor da UFPel.
A tragédia de 2009
- O fenômeno que atingiu a região sul do Estado não é novidade para seus moradores, nem para as autoridades. No final de janeiro de 2009, a região sofreu uma enxurrada semelhante. Pelotas, Turuçu, Morro Redondo e Capão do Leão, os municípios mais atingidos, somaram pelo menos 11 vítimas, tiveram isolados milhares de moradores, ruíram 44 pontes e duas rodovias, as BRs 392 e 116, ficaram interrompidas por dias. Construções históricas, como as charqueadas de Pelotas, foram atingidas e danificadas. À época, foi considerada uma das maiores tragédias climáticas do Estado. O BALANÇO - 11 mortos, 3,3 mil flagelados, 4 cidades em emergência, 44 pontes atingidas e 2 BRs bloqueadas
Especialistas reclamam da falta de radares e de integração das redes meteorológicas para antever enxurradas e salvar vidas.
A tormenta no sul gaúcho expôs as deficiências da previsão no tempo no Brasil: nenhum modelo meteorológico alertou para a chuvarada. Especialistas cobram a instalação de mais radares doppler no Estado para antever com precisão o local e a intensidade das precipitações, além de aumentar a rede de estações meteorológicas e a integração entre elas. O investimento permitiria indicar a ocorrência de eventos extremos, como tornados ou enxurradas, em áreas mais delimitadas e com uma antecedência de até seis horas, o que poderia acelerar medidas preventivas e salvar vidas.
– É uma questão de prioridades. O que é mais importante: investir em radares me teorológicos ou em obras para Copa do Mundo e Olimpíada? – provoca Gustavo Escobar, um dos coordenadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).
Atualmente, só há dois desses radares no Estado, um em Canguçu e outro em Santiago. Um grupo de trabalho enviou ao Ministério da Ciência e Tecnologia um projeto para ampliar o número desses radares no país – dos 30 atuais para 48 – mas sua aprovação depende de alto investimento: cada radar custa R$ 2,4 milhões.
– Além desse custo, é necessário comprar material sobressalente, contratar e treinar pessoal, instalar o aparelho em uma área remota. Isso custa em torno de três vezes o valor do radar – explica o coordenador-geral de agro- meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Alaor Moacyr Dall’Antonia Jr.
Supercomputador promete avanços
Os especialistas ressaltam, porém, que o superequipamento por si só não basta para melhorar a precisão nos prognósticos meteorológicos. Conforme o coordenador do 8º Distrito de Meteorologia, Solismar Damé Prestes, eventos como o sistema de baixa pressão que provocou a enxurrada exigem um trabalho complementar para serem previstos. Solismar lembra que, mesmo nos Estados Unidos – coberto por 155 aparelhos Doppler – , a identificação e localização desses fenômenos, que se formam rapidamente em áreas pequenas, é completada por equipes em terra, em aviões e em barcos.
A esperança dos meteorologistas é de que a previsão ganhe avanços nos próximos meses. O Inpe comprou um supercomputador que gera dados mais precisos sobre o tempo.
– Com os dados gerados pelo supercomputador, poderemos aumentar nossa precisão para cada dois quilômetros – afirma Yoshihiro Yamasaki, professor da UFPel.
A tragédia de 2009
- O fenômeno que atingiu a região sul do Estado não é novidade para seus moradores, nem para as autoridades. No final de janeiro de 2009, a região sofreu uma enxurrada semelhante. Pelotas, Turuçu, Morro Redondo e Capão do Leão, os municípios mais atingidos, somaram pelo menos 11 vítimas, tiveram isolados milhares de moradores, ruíram 44 pontes e duas rodovias, as BRs 392 e 116, ficaram interrompidas por dias. Construções históricas, como as charqueadas de Pelotas, foram atingidas e danificadas. À época, foi considerada uma das maiores tragédias climáticas do Estado. O BALANÇO - 11 mortos, 3,3 mil flagelados, 4 cidades em emergência, 44 pontes atingidas e 2 BRs bloqueadas
quinta-feira, 3 de março de 2011
OFICIAL EXEMPLAR É PRESO POR APONTAR PROBLEMAS NOS BOMBEIROS
Bombeiro é preso por apontar problemas na corporação. Além de fazer críticas, o oficial pede melhores condições de trabalho - Jornal do Brasil, Jorge Lourenço - 03/03/2011
Antes considerado um oficial exemplar do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, o capitão Lauro Botto se tornou a ovelha negra da corporação por uma transgressão bem incomum: falar demais. Não que o capitão Botto tnha vazado informações confidenciais. O que ele fez foi pedir melhores condições de trabalho para a categoria.
Ex-aluno de jornalismo, o bombeiro chamou a atenção de colegas com o blog Diário Bombeiro Militar e chegou ser candidato a deputado estadual nas últimas eleições.
– Não tinha muitas esperanças de ganhar – lembra o capitão, que conseguiu 13 mil votos e hoje é suplente do Partido Verde. – Havia muita gente poderosa na disputa, e a minha candidatura não tinha nenhum centavo.
http://www.diariobombeiromilitar.com.br/
Antes considerado um oficial exemplar do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, o capitão Lauro Botto se tornou a ovelha negra da corporação por uma transgressão bem incomum: falar demais. Não que o capitão Botto tnha vazado informações confidenciais. O que ele fez foi pedir melhores condições de trabalho para a categoria.
Ex-aluno de jornalismo, o bombeiro chamou a atenção de colegas com o blog Diário Bombeiro Militar e chegou ser candidato a deputado estadual nas últimas eleições.
– Não tinha muitas esperanças de ganhar – lembra o capitão, que conseguiu 13 mil votos e hoje é suplente do Partido Verde. – Havia muita gente poderosa na disputa, e a minha candidatura não tinha nenhum centavo.
http://www.diariobombeiromilitar.com.br/
Assinar:
Postagens (Atom)