O martírio sem fim da população japonesa, que começou com um terremoto seguido de tsunami, ambos de efeitos devastadores, e hoje se amplia com o temor da contaminação nuclear, impôs uma paralisação em segmentos importantes da atividade econômica, cujos efeitos tendem a se espalhar até mesmo pelo Brasil. Justamente no momento em que as atenções devem se concentrar no socorro às vítimas dessa catástrofe, a desestabilização econômica e o acidente nuclear classificado como “apocalipse” pelo comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, passam a disputar a atenção, pelo seu potencial devastador. Por isso, sem prejuízo do socorro à população atingida, é importante que também essas questões incluídas às pressas na pauta internacional possam merecer atenção imediata, facilitando o caminho para medidas eficazes.
A tragédia que vitimou um número ainda incalculável de pessoas, destruindo ícones de uma sociedade civilizada, como carros e meios de transporte de maneira geral, casas, prédios e uma infraestrutura aparentemente mais preparada que as demais para resistir a adversidades naturais, alterou também o ritmo de atividades importantes do setor produtivo. Num mundo globalizado, onde qualquer evento tem o poder de provocar impacto em cadeia, não é difícil imaginar o que pode ocorrer quando a terceira maior economia do planeta é confrontada com fenômenos múltiplos de tais proporções.
O que se constatou no Japão é que, de um momento para outro, montadoras de veículos, fábricas de motores, siderúrgicas e indústrias eletrônicas responsáveis, além do abastecimento do mercado interno, pelo fornecimento para outros mercados, incluindo o brasileiro, tiveram suas atividades descontinuadas ou simplesmente paralisadas. Os reflexos, visíveis sob a forma de Bolsas de Valores em queda e de operações financeiras em stand by, tendem a se estender de imediato à economia real. Diante da tragédia já consumada e de tanto sofrimento humano, é preciso conter consequências além das inevitáveis, o que vai depender da capacidade de uma imediata mobilização internacional. Isso não impede que cada país, muitos deles ainda com sua economia combalida pela crise global, trate de tomar suas próprias providências para se precaver internamente.
Neste contexto de desfecho ainda imprevisível, a vulnerabilidade das usinas atômicas do Japão, até então aparentemente imunes às forças da natureza, é um fator que não pode ser desconsiderado. Essa alternativa de geração de energia não está em xeque. No Japão e nos demais países dos quais já faz parte da matriz energética, porém, esse é o momento de avaliar se os padrões hoje em vigor são adequados para garantir com segurança a retomada da atividade econômica e a minoração do sofrimento de tantas pessoas atingidas direta ou indiretamente por esse pesadelo de consequências tão reais e tão perversas.
EDITORIAL ZERO HORA 16/03/2011
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
quarta-feira, 16 de março de 2011
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