Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
domingo, 5 de junho de 2011
A DISPARIDADE SALARIAL FOMENTANDO CONFLITOS ENTRE IRMÃOS
O protesto dos bombeiros do Rio de Janeiro tem origem nos salários miseráveis que recebem e nas más condições de trabalho oferecidas, o mesmo indicador que mobiliza outras manifestações nos demais Estados da federação.
Em todos os Estados, as polícias e os bombeiros pedem socorro ante o descaso dos Governantes e da União tendo em vista as proximidades de um Copa do Mundo e de uma Olimpíada quando os olhos do mundo se voltam para o Brasil.
No caso do Rio, não posso concordar com a escolha do Quartel General do Corpo de Bombeiros para o protesto, com impedimento da saída das viaturas de socorro, pressão contra colegas, ações de violência e vandalismo, se é ocorreram. Mas infelizmente, esta decisão errada levou um protesto pacífico a um conflito não desejado e vergonhoso.
Hoje, a realidade mostra que os Comandos da PM e dos Bombeiros, que lá no Rio são forças militares estaduais independentes, não têm mais gerenciamento efetivo nas políticas salariais impostas pelos governantes. Portanto, é inoportuno e improdutivo apelar para eles a melhoria dos salários, já que esta é formulada e aplicada pelo Governador e aprovada em plenário pela Assembléia Legislativa, e estes dois Poderes tratam diretamente com as categorias envolvidas só ouvindo os Comandos quando desejarem. Aqui no RS esta postura é muito evidente.
É lamentável este conflito tenha colocado em lados opostos bombeiros militares e policiais militares, e estes tenham que se degladiar por uma situação de miséria e insegurança financeira e funcional vivida por todos os militares estaduais. Irmãos contra irmãos, todos descontentes, conscientes dos problemas e passando pelas mesmas necessidades lutando pela mesma causa em lado oposto - um protestando e outro cumprindo o dever.
Porém, num outro lado, pessoas que deveriam governar e se preocupar com as condições de trabalho, com a segurança e com a saúde financeira de seus agentes públicos, agem com descaso; aumentam seus próprios salários; criam cargos comissionados; prometem nas campanhas mas não cumprem no mandato; e negligenciam setores vitais que deveriam garantir direitos ao cidadão.
Já está ultrapassada a idéia de que o regime militar estadual impede mobilizações, manifestações, críticas e protestos, pois, nestes últimos anos, vem ocorrendo uma profunda transformação no sentimento de cidadania dos servidores militares estaduais, devido aos maus exemplos vindos dos membros dos três Poderes, à constante depreciação dos seus valores pelos governantes, do desrespeito aos seus princípios mais elementares, à falta de reconhecimento pela sua dedicação, à desvalorização dos riscos de morte que enfrentam, ao desprezo de sua segurança funcional e financeira, e às tentativas de manipulação das instituições policiais e de bombeiros militares estaduais criando militantes políticos e conflito de classes.
Espero que, no caso do Rio, saia uma solução negociada e pacífica para que este conflito e suas consequências, e que novas lágrimas apareçam só para saudar o resgate da dignidade e reconhecimento de uma profissão essencial para a defesa e proteção do cidadão, sem esquecer que, nos outros Estados de federação, um pavio idêntico já está aceso.
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