Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SÃO PAULO TEM 98 MIL VIVENDO EM ÁREA DE ALTO RISCO

FOLHA.COM 11/12/2012 - 06h51


EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO


A cidade de São Paulo entra na época dos fortes temporais de verão --que devem ocorrer até março-- com 98 mil pessoas morando em áreas com alto risco de desabamento ou deslizamento.

O grande contingente de pessoas em loteamentos precários ou favelas está espalhado por todas as regiões, segundo mapeamento feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e divulgado pela prefeitura em 2011.

A maior concentração está na zona sul. No total, somados todos os graus de risco, há 519 mil pessoas vivendo em áreas da capital com alguma ameaça de deslizamento ou desmoronamento.

Apesar de a gestão Gilberto Kassab (PSD) anunciar ter feito investimentos de R$ 38 milhões no ano passado para remover famílias e concluir obras de redução do risco, apenas 15% da população que vivia em áreas problemáticas saiu dessa situação.

No ano passado, 115 mil pessoas viviam em áreas sob alto risco de tragédia em razão de chuvas fortes.

"A situação ainda é bastante precária, mas o fato de a população em áreas de risco estar diminuindo é relevante", afirma Renato Cymbalista, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Segundo ele, nas décadas de 1980 e 1990, o número [de moradores de áreas de risco na capital] só aumentava.

Antes do mapeamento divulgado no ano passado, o último levantamento confiável da situação de áreas críticas na capital era de 2003.


Editoria de Arte/Folhapress



O mapeamento de 2011, encomendado pela prefeitura, considera apenas as áreas de risco geológico. Não leva em conta, por exemplo, ruas que podem sofrer só enchentes.

Na época, os técnicos do IPT apontaram a necessidade de desocupar imediatamente 1.132 moradias com "risco iminente de cair", mas o poder público demorou seis meses para executar a ação.

ATÉ 2015

Segundo especialistas --e o próprio Kassab--, as áreas de risco ocupadas vão compor a paisagem urbana pelo menos até 2025. As projeções, entretanto, levam em consideração só números oficiais.

Como na cidade existem cerca de 1.600 favelas e nem metade chegou a ser completamente esmiuçada pelo estudo do IPT, o problema pode se arrastar por várias décadas, segundo os técnicos.

"Nós avaliamos as áreas realmente mais problemáticas", afirma Luciana Santos, geóloga da prefeitura e conhecedora das áreas de risco. "Não devemos ter surpresas em locais não estudados."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

USADA SÓ 48% DA VERBA PARA EVITAR DESASTRES



FOLHA.COM 03/12/2012 - 06h30

Governo usou só 48% da verba para evitar desastres

FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA


Antes mesmo do período mais crítico de chuvas, o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), inaugurado em agosto pela presidente Dilma Rousseff, já emitiu alertas de emergência a 407 municípios atingidos por seca ou chuva.

As previsões para os próximos três meses são de chuvas fortes, mas as principais ações para prevenção e resposta a desastres continuam à espera de recursos.

Até o fim de novembro, dos R$ 4,4 bilhões reservados no Orçamento de 2012 para programas em todo o país --sobretudo ações de prevenção na época de chuvas--, o governo se comprometeu a pagar menos da metade --48%, ou R$ 2,1 bilhões. Pagou efetivamente R$ 1,1 bilhão, ou 25%.

O governo federal divide o ônus da baixa execução orçamentária com municípios e Estados. Diz que, como beneficiários, eles precisam cumprir uma série de exigências.

Um dos resultados dessa "dificuldade" em executar ações preventivas é que o governo precisa abrir os cofres para remediar tragédias.

A Comissão de Orçamento do Congresso aprovou crédito extra de R$ 676 milhões para os municípios que sofrem com a seca, principalmente no semiárido do Nordeste --a liberação ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Câmara.

Esse dinheiro extra foi solicitado porque pode ser gasto livremente em ações emergenciais, enquanto a verba do Orçamento é em sua maioria atrelada à prevenção.
Lula Marques/Folhapress

Sala de monitoramento do Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), em Brasília


CULPA DA METEOROLOGIA

"Colocam a culpa na meteorologia, mas nós avisamos com antecedência. Se os governantes não tomarem providências, todo ano vai ser a mesma coisa: enchentes, carros boiando, deslizamentos", afirma o meteorologista Fabrício Silva, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

O prognóstico climático para o verão é de chuvas fortes, em especial nas regiões Sudeste e Sul do país.

"Não vai haver chuva abaixo da média no próximo trimestre", avisa Silva.

A maioria das ações à espera de verbas federais está descrita de forma genérica no Orçamento. São obras para contenção de encostas, controle de cheia e de erosão, drenagem e
canalização de córregos, que envolvem sete diferentes ministérios.

Cabe a Estados e municípios apresentar projetos específicos que, depois de analisados e aprovados pelas pastas, entram na fila de repasses.

Para o Estado de São Paulo e seis municípios paulistas, por exemplo, há R$ 89,15 milhões autorizados.

Desse total, foram comprometidos R$ 500 mil para drenagem no bairro Morrinhos 3, no Guarujá (litoral sul), e R$ 3 milhões para apoio a obras preventivas em diferentes áreas do Estado.

Todos esses recursos foram garantidos no Orçamento por parlamentares de São Paulo por meio de emendas, cujos pagamentos precisam ser autorizados pela presidente.

Não saíram do papel ainda, por exemplo, R$ 45 milhões previstos para Osasco, na Grande São Paulo, e R$ 21 milhões para a capital paulista prevenirem enxurradas, enchentes e cheias.

MONITORAMENTO

Para o chefe do Cenad, Rafael Schadeck, obras de prevenção e um sistema eficiente de monitoramento são igualmente importantes. Para isso, o governo se prepara para criar um software que vai uniformizar e gerenciar todas as informações de áreas de risco e desastres em todo país.

A região serrana, no Rio, e os vales Doce, no Espírito Santo e em Minas, e do Paraíba, na divisa entre São Paulo e Rio, são apontadas como as regiões que mais exigem atenção.


Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BOMBEIROS DA BM NO CENTRO INTEGRADO DE PORTO ALEGRE

 
ZERO HORA 07 de novembro de 2012 | N° 17246

OLHOS NAS TELAS

Compartilhamento de dados com PMs e bombeiros ajudaria a combater trotes

O Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic) ganhará novos olhares e interpretações sobre as informações captadas pelas mais de 300 câmeras de segurança localizadas nas ruas da cidade. Em breve, policiais militares e bombeiros assumirão assentos no centro nevrálgico da prefeitura da Capital, o que poderá agilizar atendimentos e até ajudar no combate aos trotes.

Aparticipação da Brigada Militar (BM) no Ceic, inaugurado em 25 de outubro pela prefeitura, foi confirmada ontem pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, após visita do titular da pasta, Airton Michels, à sala de comando. Ainda não há uma data certa para a chegada dos novos membros, que seriam um PM e um bombeiro.

Atualmente, a BM já tem acesso a imagens da Guarda Municipal de Porto Alegre e da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) – às quais pertence a maior parte das câmeras da cidade – no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). No entanto, a grande vantagem de estar presente no Ceic é poder compartilhar das demais informações de que dispõe.

– Para a polícia ostensiva, a integração com os diversos órgãos presentes ao centro de comando do município permite que a informação tenha mais qualidade. Se alguém percebe alguma anormalidade, e pode ser um funcionário da EPTC, por exemplo, já se pode demandar uma ação – afirmou o comandante do Policiamento da Capital, coronel Alfeu Freitas Moreira.

Dados climáticos ajudarão no trabalho de bombeiros

Para os bombeiros, o ganho será maior porque poderão contar com dados climáticos, essenciais ao trabalho deles. Em tempo real, acompanharão as medições em réguas automáticas do nível do Guaíba, por exemplo. A troca de informações com funcionários de órgãos como a Defesa Civil do município, sentados a poucos metros deles, também será importante.

Há expectativa quanto aos trotes. Denúncias falsas de incêndio ou de crimes poderão ser checadas nas câmeras e compartilhadas com os demais integrantes do Ceic no momento em que surgirem. A chance de desmascarar os mentirosos aumentará. Ao longo do ano passado, a BM recebeu 365.647 trotes somente na Capital.

– Nossa presença no centro de comando vai agilizar o nosso trabalho, vai ajudar a chegarmos mais rápido às ocorrências. O próprio operador que deparar nos monitores com algum problema poderá acionar o Corpo de Bombeiros via rádio – argumentou o comandante dos bombeiros do Estado, coronel Guido Pedroso de Melo.

O Ceic
- Inauguração: 25 de outubro
- Localização: Rua João Neves da Fontoura, no bairro Azenha
- Vídeos: 39 monitores
- Câmeras de rua: 306 (até a semana passada)
- Participantes: 13 órgãos municipais de Porto Alegre

ARMADILHAS COM ÁGUA

 
ZERO HORA 08 de novembro de 2012 | N° 17247

EDITORIAIS

 Com a proximidade do verão e o aumento da temperatura no Estado, multiplicam-se os casos de afogamentos, especialmente em açudes, lagoas e rios, muitos dos quais sem qualquer tipo de vigilância. No Litoral, durante a temporada, as praias dispõem de salva-vidas, mas muitos locais públicos e privados do interior do Estado recebem grande afluência de banhistas sem a intervenção do poder público. São tragédias que poderiam ser evitadas se, entre outras iniciativas, houvesse a difusão de uma cultura individual do aprendizado da natação e a oferta de cursos com esse objetivo, para crianças e adolescentes, em especial os jovens carentes.

São ações singelas, que têm como modelo os exemplos de outros países, e poderiam se multiplicar, se simplesmente copiassem o que já é feito em alguns municípios, com o apoio da Brigada Militar, escolas e outras instituições. No ano passado, 149 pessoas morreram afogadas no Estado. As imagens de salvamentos no Litoral, frequentes durante o veraneio, contribuem para que se crie a ilusão de que as tragédias na água ocorrem em maior número no mar. Mas é em águas doces, de rios, açudes, lagoas, canais e barragens, que mais morrem os brasileiros durante o verão. Não é diferente no Rio Grande do Sul.

Medidas preventivas devem envolver os governos e as comunidades, com a presença de salva-vidas, sempre que possível, a demarcação de áreas públicas e, é óbvio, a vigilância dos adultos. Até porque as crianças e os adolescentes estão entre as maiores vítimas, muitas vezes em acidentes ocorridos em áreas privadas. Essas tragédias têm, como sempre adverte a Brigada Militar, o componente da negligência, quando pais, parentes e amigos se omitem em situações de risco.

O aprendizado da natação contribuiria para a redução do número de mortes nas águas, que somente neste ano, até outubro, chegaram a 115. As escolas poderiam liderar as iniciativas, identificando parcerias com universidades, órgãos públicos e clubes que se disponham a oferecer os espaços adequados a essa prática. Os veraneios certamente seriam menos trágicos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ITÁLIA CONDENA CIENTISTAS POR NÃO TEREM PREVISTO TERREMOTO

 Após terremoto, Itália avalia magnitude de danos a patrimônio cultural Marco Gualazzini/IHT
ZERO HORA ONLINE, 22/10/2012 | 19h13

Em sentença inédita, Itália condena cientistas por não terem previsto terremoto. Entre os condenados estão grandes nomes da ciência na Itália, como o ex-presidente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia


Um grupo de cientistas italianos foi condenado nesta segunda-feira a seis anos de prisão por homicídio culposo por ter subestimado os riscos do terremoto ocorrido em L'Aquila em 2009, uma sentença inédita, que gera polêmicas na Itália.

Entre os sete condenados estão grandes nomes da ciência na Itália, como o professor Enzo Boschi, que presidiu o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, e o vice-diretor da Defesa Civil, Bernardo de Bernardinis.

O terremoto, que devastou a cidade de L'Aquila, varrendo o centro histórico e deixando mais de 80 mil desabrigados, continua sendo um trauma para todos os italianos e gerou polêmicas sobre as negligências que contribuíram para esse trágico registro.

Durante o julgamento, iniciado em setembro, a procuradoria havia pedido uma pena menor, de quatro anos de prisão, contra os sete membros da Comissão de Grandes Riscos, que havia se reunido em 31 de março de 2009 na cidade de L'Aquila, seis dias antes do sismo que provocou a morte de mais de 300 pessoas.

A justiça considera que as autoridades científicas divulgaram informações tranquilizadoras à população, que, caso contrário, teria conseguido agir para se proteger.

"Será um veredicto histórico", antecipou pouco antes da decisão Wania della Vigna, advogada que representa quatro estudantes sobreviventes que residiam na recém-reformada Casa do Estudante da cidade, que desmoronou como um castelo de cartas por causa do desrespeito às medidas antissísmicas.

Mais de 400 tremores sacudiram a região durante quatro meses e, apesar disso, as autoridades não tomaram medidas específicas e se limitaram a advertir que os terremotos não podem ser previstos.

"Estou abatido, desesperado, estava convencido de que seria absolvido", comentou Boschi após tomar conhecimento da sentença.

A defesa dos acusados anunciou que vai recorrer da sentença, que proíbe também que os cientistas ocupem cargos públicos pelo resto de suas vidas.

"Não sinto que tenha sido uma vitória. Está mais para uma tragédia, não trará nossos entes queridos de volta", comentou Aldo Scimia, que teve sua mãe morta durante o tremor.

"Para mim foi um massacre cometido pelo Estado. Com este julgamento, esperamos que nossos filhos possam viver em um mundo mais seguro", acrescentou.

"É uma forma de advertir a quem assume um alto posto no Estado de que é preciso levar a sério o próprio trabalho, porque estamos cansados de que tratem esses postos de qualquer maneira", comentou Ortensia à TVSky, parente de uma das vítimas.

Mais de 5 mil membros da comunidade científica escreveram uma carta aberta ao presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, na qual asseguraram que um terremoto é impossível de ser previsto.

"Com esta decisão, acaba qualquer colaboração entre o mundo científico e o Estado", considerou o físico Luciano Maiani, atual presidente da Comissão de Grandes Riscos.


AFP - Roma

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DESASTRE NA ADMINISTRAÇÃO


15 de outubro de 2012 | 3h 06


OPINIÃO O Estado de S.Paulo


Em mais um ano de enchentes, deslizamentos, destruição e mortes em vários Estados, o governo brasileiro desembolsou até 23 de agosto apenas 26,4% da verba de R$ 3,5 bilhões destinada à Gestão de Risco e Resposta a Desastres, segundo informou no começo de setembro a organização Contas Abertas, especializada no acompanhamento das finanças públicas. Os desembolsos ficam normalmente muito abaixo das dotações orçamentárias e sempre incluem, como neste ano, uma parcela de restos a pagar.

Desastres naturais, tratados como eventos de menor importância pelo governo brasileiro, estão no programa de trabalho do Banco Mundial (Bird) e motivaram uma reunião promovida em conjunto com o governo japonês em Sendai, uma das localidades mais afetadas no ano passado por um terremoto seguido de tsunami. Números e histórias apresentados num relatório do banco mostram o tamanho do problema e a importância de políticas especiais para enfrentá-lo.

Catástrofes naturais causaram perdas econômicas estimadas em US$ 3,5 trilhões nos últimos 30 anos, segundo o Bird. Os maiores prejuízos, de US$ 380 bilhões, ocorreram em 2011, quando enchentes custaram à Tailândia 5% de seu PIB e o Japão perdeu 4% em consequência do terremoto e do tsunami. Os danos causados pelo terremoto de 2010 ao Haiti corresponderam a 120% da produção do país.

Os custos econômicos poderiam justificar o esforço conjunto do banco e do governo japonês para colocar no topo da agenda internacional a prevenção e a administração de riscos de desastres. Mas há mais que isso: 9% das catástrofes ocorreram desde 1980 em países pobres, mas neles a proporção de mortes foi de 48%.

O relatório foi preparado para subsidiar as discussões em Sendai e os trabalhos do Comitê de Desenvolvimento do banco e do FMI. "Precisamos de uma cultura de prevenção", disse o presidente do Bird, Jim Yong Kim, defendendo a prática de planejamento para reduzir os danos e as perdas de vidas em casos de desastres. O ministro das Finanças do Japão, Koriki Jojima, participou do Diálogo de Sendai e falou sobre a experiência japonesa nessa área. É preciso, segundo ele, pôr em primeiro plano a administração de riscos "em todos os aspectos dos processos de desenvolvimento".

Isso é exatamente o oposto da prática normal do governo brasileiro e também dos governos estaduais e locais. O material divulgado pela organização Contas Abertas inclui um comentário do especialista em defesa civil Edmildo Moreno Sobral sobre os gestores municipais. Sua cultura, disse ele, é a de esperar ocorrer o desastre para decretar situação de emergência, dispensar licitações e receber maior volume de recursos. É uma descrição até generosa. Repetidas experiências de desastres naturais têm mostrado algo mais grave.

À deficiência de planejamento e prevenção soma-se a precariedade dos trabalhos de assistência e reconstrução e até o descontrole no uso de recursos. É inevitável comparar a rapidez das obras pós-tsunami no Japão com a lentidão dos trabalhos depois dos grandes deslizamentos na serra fluminense - para citar só um dentre muitos exemplos. A tudo isso também se acrescenta o indefensável uso político das verbas, como foi comprovado quando recursos federais destinados à prevenção de acidentes foram destinados quase todos a um único Estado que, além de ter sido um dos menos atingidos por desastres naturais em anos recentes, era a base política do ministro responsável pela administração daquelas verbas.

Entre 1984 e 2006 o Bird aplicou cerca de US$ 26 bilhões em 528 projetos de prevenção e administração de desastres. Entre 2006 e 2011 destinou mais US$ 11,7 bilhões a 113 operações de prevenção e de planejamento e a 68 atividades de reconstrução. O impacto dos desastres deve continuar aumentando, segundo o relatório, por causa do crescimento urbano desordenado e da má administração de recursos naturais. Como nem toda catástrofe é evitável, a capacidade de enfrentar os problemas e de recuperar as áreas atingidas é tão importante quanto a prevenção. Nas duas atividades o serviço público brasileiro é deficiente. O primeiro desastre, no Brasil, é o da própria administração.

sábado, 6 de outubro de 2012

A CAIXINHA DAS CATÁSTROFES

REVISTA ISTO É N° Edição: 2239 | 05.Out.12



Dinheiro que deveria servir para amparar cidades afetadas por desastres naturais foi parar no financiamento de campanhas

 Izabelle Torres





Catástrofes naturais não servem apenas para turbinar discursos de políticos que tentam se eleger nos municípios abalados por essas tragédias. Um cruzamento de informações realizado por ISTOÉ mostra que desastres viraram fonte de recursos para encher caixas de campanha. Em cidades de diferentes regiões do País há indícios de troca de favores entre construtoras beneficiadas com contratos sem licitação e candidatos em busca de doações eleitorais. O socorro aos flagelados vem sumindo pelos esgotos da corrupção política.




Os casos são tão variados quanto chocantes. Em Campo Grande, por exemplo, o candidato a prefeito Edson Giroto (PMDB) recebeu financiamento de pelo menos duas empreiteiras que prestaram serviços à prefeitura ou ao Estado, que é comandado pelo aliado André Puccinelli (PMDB). Uma delas, a Rosa Acorsi Engenharia, embolsou meio milhão do governo pela prestação de serviços que tiveram o próprio Giroto como ordenador de despesas, quando ele era secretário de obras. Em Alagoas, uma mesma empreiteira negociou com políticos de partidos diferentes, mas que se valem do cargo para inchar o caixa de campanha. A Arquitec lidera os contratos de casas populares no município alagoano de Penedo, onde também reconstruiu creches e escolas. Não por acaso, ela é a maior doadora da campanha de reeleição do prefeito Israel Saldanha (DEM), que a contratou sem licitação. A construtora consta da lista de fornecedores de obras emergenciais de outras cidades alagoanas e também fez doações ocultas para a campanha de Ronaldo Lessa (PDT) à Prefeitura de Maceió. Para não aparecer, ela entregou pelo menos R$ 200 mil ao partido do candidato, que encaminhou o dinheiro à campanha do pedetista. A manobra tem razão de ser: na semana passada, a empreiteira foi condenada a devolver cerca de R$ 26 milhões aos cofres públicos. O dinheiro, segundo o Ministério Público, foi desviado do superfaturamento da obra do Hospital Geral do Estado, realizada na gestão de Lessa em Alagoas. Em Camaçari (BA), São José do Rio Preto (SP) e Florianópolis (SC), há escândalos semelhantes. A capital catarinense foi a única do País onde as irregularidades graves fizeram o Ministério da Integração sustar o repasse de R$ 10 milhões destinados a obras de contenção na praia do Pântano do Sul.


REFORÇO
Em Campo Grande, o candidato a prefeito Edson
Giroto (PMDB) recebeu financiamento de pelo menos
duas empreiteiras que prestaram serviços à prefeitura

Apesar da dificuldade para recuperar o dinheiro desviado, é possível punir infratores. No Rio de Janeiro, os prefeitos de Nova Friburgo e Teresópolis perderam os cargos e estão fora das eleições deste ano. Eles foram responsabilizados junto com as empreiteiras contratadas pelos desvios dos recursos emergenciais. Nos dois municípios, a lentidão na reconstrução e as irregularidades praticadas transformaram a tragédia na principal plataforma eleitoral dos candidatos, que agora se preocupam em ocultar as doações recebidas para não deixar pistas em contratos futuros.

Foto:Jadson Marques; Daniel Marenco/Folhapress

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MAIS DO QUE SOLIDARIEDADE

ZERO HORA 21 de setembro de 2012 | N° 17199

EDITORIAL


Em situação de emergência devido aos temporais com chuva de granizo que atingiram o Estado na última quarta-feira, mais de uma dezena de municípios gaúchos está na dependência da solidariedade, mas também de ações efetivas dos poderes públicos para atenuar as carências dos desabrigados. Nesse sentido, age corretamente o governador ao visitar as áreas atingidas e mostrar que o governo não se omitirá diante das dificuldades. A presença do senhor Tarso Genro não pode, no entanto, traduzir-se apenas em ações emergenciais, como geralmente ocorre nesses momentos.

Historicamente – e essa não é uma particularidade gaúcha –, Estado, prefeituras e comunidades são mobilizados após situações como as registradas atualmente e acionam-se mutirões que põem à prova a capacidade de fazer prevalecer, nas emergências, o interesse coletivo. Infelizmente, muitas dessas ações esgotam seus efeitos em pouco tempo, porque se restringem ao que se apresenta como mais urgente. Vencida a etapa do socorro, governos de todos os níveis ignoram as providências que poderiam evitar ou amenizar as consequências dos temporais e das cheias.

A falta de efetividade de iniciativas mais duradouras é que permite a manutenção de famílias em áreas de risco, as deficiências estruturais das áreas urbanas para enfrentar os danos das enxurradas e outras limitações históricas dos municípios no enfrentamento de situações que se repetem anualmente. Comunidades de áreas mais vulneráveis esperam resultados imediatos do propalado esforço que o Estado vem fazendo em Brasília para a liberação de verbas federais destinadas à prevenção. A acomodação não pode ser mantida como a marca da gestão pública depois de superado o impacto das chuvaradas.

sábado, 25 de agosto de 2012

PLANO DE AÇÃO CLIMÁTICA ENVOLVE MORADORES

 FONTE: http://richmondconfidential.org
 

Moradores compartilhar opiniões sobre como reduzir as emissões de gases de efeito estufa através do condado plano de acção

Por Tyler OrsburnPosted 13 de julho de 2012 10:28
O morador Richmond Cordell Hindler já está tomando banhos mais curtos e desligar as luzes. Ele disse que está cansado de ver sua contas de água e aquecimento disparar através do telhado. "Eu moro em uma casa onde tudo não é até à data", disse sobre Hindler luminárias seu fogão, aquecedor e luz. "Minhas contas estão ficando fora de controle. Estou aqui tentando aprender como manter minhas contas de utilidade para baixo. "
Cerca de uma dúzia de padeiro de moradores como Hindler participaram do Condado de Contra Costa Plano de Ação Climática Open House na noite de quinta-feira. O evento, realizado na cidade de Richmond Conselho Chambers, deu residentes do condado a oportunidade de fornecer informações sobre o que eles acreditam que seriam as melhores medidas para peças sem personalidade jurídica do município para aumentar a eficiência energética e reduzir os gases de efeito estufa.
Gases de efeito estufa são bombeados para a atmosfera da Terra por processos industriais e do consumo de combustíveis fósseis, prendendo a radiação infravermelha, ou calor, que normalmente fluem para o espaço. O resultado deste processo é conhecido como o aquecimento global.
Nem todo mundo estava de acordo com o evento da noite. Um grupo de jornalistas independentes e afiliadas com o Tea Party registrado si gritando que o plano de acção foi uma brincadeira e uma forma de dificultar e aumentar os impostos sobre os proprietários. (Foto por Tyler Orsburn)
Patrick Roche, planejador principal com o Contra Costa County Departamento de Conservação e Desenvolvimento de Comunidade, disse que sugestões da casa aberta influenciaria a forma como o município faz política ou alterações de código de zoneamento para peças sem personalidade jurídica do município.
O plano do condado de ação climática está sendo formulado por PMC, de Oakland. PMC é uma empresa de consultoria que oferece consultoria de planejamento ambiental e urbano para órgãos públicos. Eles estão trabalhando em conjunto com a comunidade para criar um documento em evolução, que será lançado em uma data posterior.
O plano de ação climática está sendo criada em resposta a Assembléia da Califórnia Bill 32, que passou o legislador estadual em 2006 e foi assinado pelo então governador Arnold Schwarzenegger. O projeto de lei fixou o prazo de 31 de dezembro de 2020, para o Estado para alcançar um limite de emissões de efeito estufa.
Roche disse que os planos de ação do clima não são necessárias na lei estadual e que o esforço de Contra Costa County é financiado por uma concessão federal. "Todas as jurisdições têm algum nível de responsabilidade de lidar com as ameaças potenciais do aquecimento global", disse ele.
Resultados de entrada da comunidade e da forma final do plano será publicado esta queda e disponível para análise e comentários do público, a Roche disse.
Após uma introdução pelo Supervisor John Gioia, moradores perambulavam o conselho da cidade de câmara e preenchido levantamentos ambientais colados nas paredes. Tópicos variou de eficiência energética para a saúde pública e manejo de resíduos sólidos. Consultores ficou por cada questionário e respondia as preocupações dos moradores.
Scott Davidson, gerente de projeto da PMC, disse que o que eles estão procurando durante a casa aberta é feedback sobre o que poderia motivar as pessoas a apoiar o plano de ação. "Nós estamos esperando para ter uma idéia de qual destas medidas parece fazer mais sentido para a comunidade e, mais importante, para entender o porquê", disse ele. "Nós estamos olhando para descobrir onde pode haver oportunidades de ter uma sobreposição de benefícios, se ele vai guardar o dinheiro município ou se vai melhorar a saúde. Vamos prestar mais atenção a essas medidas. "
Dr. Henry Clark, diretor da Coalizão Oeste de Tóxicos County, participou da casa aberta. Clark disse que acredita que a mudança climática é real e que a tentativa do município para retardá-lo é um bom esforço. Sua preocupação é justiça ambiental para as comunidades já recebe uma mão ruim. "Seja qual for o município vem com, eles precisam ter certeza de que não há aumento negativo sobre o impacto desproporcional muitas de nossas comunidades já experiência", disse ele sobre as áreas não registadas do concelho. "Caso contrário, o seu plano de ação climática não seria consistente com o espírito da lei ou consistente com qualquer espírito de justiça ambiental".
Christy Leffall, de Oakland, vendeu seu carro quando ela se mudou para a área da baía. Ela disse que está tentando reduzir os gases de efeito estufa por viver uma vida mais local. Ela frequentou a casa clima plano de ação aberto para saber se a comunidade tem a autoridade para pedir ao governo para fornecer informações sobre os níveis de emissões de refinarias locais, como a Chevron. "Pelo que eu posso ver na placa não é muito claro, então eu tenho mais perguntas que eu quero respondidas em torno disso", disse ela.
Um participante Richmond que não quis ser identificado disse que ele sentiu a mudança climática só vai piorar e só Deus pode corrigi-lo. "É muito longe", disse ele sobre os erros ambientais do passado. "Os políticos queriam controlar o universo e tudo o mais. Os Estados Unidos não têm nenhuma [ambiental] plano-políticos queriam as pessoas a pagar por tudo o que o Estados Unidos usaram. "


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domingo, 19 de agosto de 2012

A PREVENÇÃO DE DESASTRES

19 de agosto de 2012 | 3h 07

OPINIÃO O Estado de S.Paulo


Com o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais lançado há dias pela presidente Dilma Rousseff, e que prevê investimentos de R$ 18,8 bilhões até 2014, o governo quer evitar ser surpreendido por novas catástrofes como a que provocou centenas de mortes e paralisou diversas cidades da região serrana fluminense no início do ano passado, e diante da qual as autoridades reagiram com grande incompetência.

As ações de socorro à população serrana do Rio foram marcadas por medidas improvisadas, que, prejudicadas por atos notórios de corrupção, demoraram para produzir resultado. O objetivo do plano é dar ao poder público melhores condições para alertar sobre a iminência de fenômenos meteorológicos e, quando eles causarem danos, permitir que as autoridades ajam com mais rapidez e eficiência no socorro às vítimas e no restabelecimento de atividades essenciais.

A presidente reconheceu que é "obrigação" do governo a adoção de medidas como essas. Mais do que obrigação, é urgente a instituição de um programa nacional com essas características, para reduzir os riscos de mortes e perdas materiais por desastres naturais. Como lembrou o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, investimentos em prevenção podem reduzir em até 90% o número de mortes e diminuir em cerca de 35% os danos causados por desastres naturais.

O plano foi estruturado em torno de quatro eixos, mas a destinação de boa parte dos R$ 18,8 bilhões previstos já era conhecida, pois muitas ações integram programas anteriores. O eixo de prevenção, que receberá a maior parcela de recursos (R$ 15,6 bilhões), por exemplo, é constituído, em boa parte, por investimentos do PAC, como os destinados à redução de riscos em áreas urbanas, drenagem urbana e sistemas de captação, armazenamento e distribuição de água.

O segundo eixo é o de mapeamento das áreas de risco de deslizamentos e enxurradas em 821 municípios e do risco hidrológico nos Estados. Nos municípios em que forem identificadas áreas de risco, serão elaborados planos de intervenção com a identificação das vulnerabilidades das habitações e da infraestrutura.

Com o terceiro eixo, o de monitoramento e alerta, o governo pretende fortalecer os sistemas de prevenção e socorro existentes - como o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), em Brasília, e o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais (Cemaden), em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo - e coordenar suas operações. A informação é estratégica no combate aos desastres, lembrou Dilma, recordando que, no ano passado, o vice-governador do Rio, Pezão, só pôde relatar-lhe a situação dramática na região serrana fluminense utilizando o telefone de uma padaria, o único que funcionava na área. "Teremos de ter estruturas de comunicação móveis."

Por fim, o governo quer criar condições para que as ações de resposta aos desastres seja a mais pronta e eficaz, por meio da criação da Força Nacional de Emergência, que, além de um efetivo de mil homens, disporá de estoques de medicamentos, materiais de primeiros socorros e seis módulos de hospital de campanha em condições de atender a três desastres simultâneos.

São iniciativas bem-vindas, mas sua efetiva aplicação em casos de emergência exigirá do poder público capacidade operacional e eficiência na utilização dos recursos disponíveis que poucas vezes ele tem demonstrado possuir. É preciso também que, dispondo das informações sobre os riscos de desastres em determinadas áreas, as autoridades locais sejam capazes de tomar as providências para evitar sua ocupação desordenada e, nos casos necessários, remover as pessoas ali instaladas. Desnecessário observar que desvios de recursos destinados a programas de prevenção de desastres naturais e de socorro às vítimas, como os constatados em municípios fluminenses em 2011, devem ser severamente combatidos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

DIA DOS BOMBEIROS


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 Saudamos a todos os Oficiais e Praças Bombeiros da Brigada Militar e de todo o Brasil que atuam como gestores e operadores atuando com bravura, a dedicação, a abnegação e o compromisso na defesa da sociedade. São homens e mulheres determinados que escolhem os bombeiros como profissão e modo de vida para prevenir e combater sinistros, calamidades e outros infortúnios da vida em convivência em sociedade,


O Corpo de Bombeiros é muito importante para a sociedade já que ela depende muito destes heróis do fogo e escudeiros da defesa civil capacitados para prevenir e preparados para enfrentar os riscos da profissão e salvar vidas também nas emergências, nas praias, nos estádios de futebol, nos grandes eventos e em situações onde pessoas e animais estejam em perigo. 

A data é significativa, pois lembra a criação do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte em 02/07/1856, a primeira unidade de bombeiros do Brasil.




Dia do Bombeiro Brasileiro

quarta-feira, 13 de junho de 2012

SECA NO RS, QUEM SÃO OS CULPADOS?

 
JORNAL DO COMÉRCIO, 13/06/2012

Isnar Ruas, jornalista

Os jornais estão noticiando que o Estado investiu só 13,5% do necessário para prevenir a seca, ou seja, dos R$ 2 bilhões estimados para reduzir os efeitos do descontrole no abastecimento, apenas R$ 275,5 milhões foram aplicados desde 2011. Quem são os culpados pela falta de providências?

Eu me lembro bem que há 60 anos, em 1952, a então Superintendência do Desenvolvimento Econômico da Fronteira Sudoeste do País, que tinha a sigla de Sudesul, contratou técnicos especializados judeus para o desenvolvimento de um projeto destinado a sanar o problema de uma vez por todas, com a construção de barragens e de poços artesianos em pontos estratégicos da fronteira sudoeste. O projeto foi elaborado, após muitas viagens de um lado para outro. Os técnicos de Israel receberam o que lhes era devido, mas antes do início das obras no território gaúcho aconteceu um desastre: o Ministério do Interior, a que a Sudesul era subordinada, foi extinto. Depois de certo tempo, a Sudesul teve igual destino.

O projeto foi guardado em uma velha casa na Cidade Baixa, que sofreu um alagamento e deixou de existir. Nenhuma providência foi tomada. Em consequência, aumentou o problema na Fronteira, se formaram extensos desertos, no município de Alegrete, por exemplo, e em outros, com falta d´água inclusive para a população.

Então se pergunta: quem são os culpados? Evidentemente que nenhuma culpa cabe à Sudesul, autora de excelentes trabalhos em toda a região, como previu o seu idealizador, deputado federal Rui Ramos, de saudosa memória que faleceu juntamente com sua esposa em desastre de avião, nem tampouco aos idealizadores do acordo com técnicos de Israel. Mas então culpar a quem? Quando se extingue um organismo como foi o caso da Sudesul, sem o menor cuidado, o que se pode esperar? Os prefeitos da Confederação Nacional de Municípios (CNM) poderiam fazer uma marcha a Brasília, para reivindicar a construção de poços artesianos, antes que o problema assuma proporções de difícil solução. 

sábado, 9 de junho de 2012

DESCOMPROMISSO COM O AMBIENTE



EDITORIAL ZERO HORA 09/06/2012


É preocupante a conclusão do relatório Panorama Ambiental Global, o GEO-5, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), de que apenas quatro de 90 metas ambientais importantes definidas nos últimos 40 anos registraram avanços significativos. Traduzindo a ideia para uma linguagem mais acessível aos brasileiros, as metas ambientais estariam divididas entre as que “pegam” e as que “não pegam”. Segundo o Pnuma, houve importante avanço na erradicação do uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, na eliminação do uso de chumbo em combustíveis, na ampliação do acesso a fontes de água potável e no aumento das pesquisas sobre a poluição dos mares.

Entre os outros 86 objetivos analisados pelo órgão, 40 registraram poucos avanços e 24 praticamente não apresentaram progressos. Finalmente, 14 não puderam ser avaliados em razão de falta de informações. Entre os terrenos em que as melhorias estão estacionadas, estão o combate às mudanças climáticas e a preservação dos estoques pesqueiros. A proteção de recifes de corais registrou retrocesso – a redução dessas formações desde 1980 foi de 38%.

Trata-se de um balanço modesto se for considerado o peso que a questão ambiental adquiriu nas agendas políticas mundial e nacionais nos últimos 40 anos e o próprio fato de que as organizações não governamentais, das quais uma fatia não desprezível se dedica a causas ecológicas, já foram definidas como “a segunda superpotência global”. Está certo o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner, em identificar nas conclusões do relatório “uma mensagem direta para os líderes que vão se reunir na Rio+20”.

Por mais pessimista que seja o cenário atual, há bons motivos para se acreditar que a conferência a ser realizada no Rio entre os próximos dias 20 e 22 seja capaz de produzir resultados mais alvissareiros do que os de sua homóloga, em 1992. O advento da sociedade em rede possibilitou a disseminação de informações sobre a questão ambiental, as empresas estão definitivamente integradas ao debate sobre o tema e governos e organismos multilaterais têm iniciativas concretas para discutir o assunto. Isso ficou patente quando o Banco Mundial conseguiu este ano, pela primeira vez, reunir ministros de Economia do mundo inteiro para abordar o desenvolvimento sustentável.

O recente debate sobre as mudanças no Código Florestal mostrou que o povo brasileiro está mais preocupado do que nunca com as questões referentes a preservação ambiental, uso sustentável de recursos naturais e impacto do desequilíbrio ecológico na qualidade da vida humana e de outras espécies. Será difícil retroceder desse patamar de conscientização, que começa a se estabelecer desde os bancos escolares. Segundo recente pesquisa do Ministério do Meio Ambiente, aproximadamente 13% dos brasileiros dizem ter preocupação com o ambiente, mais do que o dobro dos 6% registrados há seis anos. Está na hora de os mandatários brasileiros refletirem sobre as implicações dessa nova atitude e passarem a agir em consonância com esse novo movimento.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PASSOS DE TARTARUGA CONTRA A SECA NO RS


Solução distante- ZERO HORA, 08/06/2012 | 06h19

Obras contra a seca avançam a passos de tartaruga no Estado

Dos mais de R$2 bilhões necessários para combater os efeitos da estiagem, apenas 13,6% foram investidos até agora - Marielise Ferreira.


Os períodos de seca com grandes perdas são previsíveis, mas, mesmo assim, as obras necessárias para acabar com a falta de água no Estado, andam vagarosamente. De 2011 até agora, apenas 13,5% do total necessário (mais de R$ 2 bilhões) para acabar com a falta de água foi gasto com obras emergenciais, enquanto 143 municípios estão em situação de emergência e oito enfrentam racionamentos de água no meio urbano.
Registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam ocorrências do fenômeno La Niña desde 1890. Períodos de grandes secas são cíclicos no Estado e deixam perdas na agricultura e no abastecimento humano. Apesar disso, a prevenção sempre é preterida e as obras acontecem de forma emergencial, quando as perdas já são irreparáveis.
— O Estado tem que buscar formas de armazenar água e de melhorar a sua qualidade. Temos 5,4 milhões de hectares em áreas plantadas no Estado e menos de 100 mil delas tem irrigação, o que mostra que há um longo caminho pela frente — avalia o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Marco Mendonça.
O Estado carece de informações sobre a atual situação do uso da água. Estudos feitos pela Emater em 2007 mostram a existência de 33 mil açudes, mas apenas 10% destes foi outorgado pela Secretaria. Com 450 mil propriedades rurais no Estado, apenas 4 mil poços foram outorgados nos últimos três anos, mas o mesmo número de pedidos está numa lista de espera. Depois de ficar sem geólogos para analisar os processos durante todo ano de 2010, a Secretaria ainda trabalha para colocar o trabalho em dia. Os pedidos para abastecimento público tem prioridade e são colocados à frente, mas mais de 60% dos processos acabam sendo devolvidos por erros na documentação.

Em vídeo, veja efeitos da seca no Estado:
 
Os estudos das bacias hidrográficas do Estado, que poderiam dimensionar quanta água existe em cada região frente ao número de usuários, também é um processo lento e que depende das instituições ligadas a cada região. Das 25 bacias existentes no Estado, apenas sete estão em fase de conclusão dos estudos. Outras seis tem o trabalho em andamento, e 12 sequer iniciaram os estudos que poderiam apontar as formas de lutar contra a seca, e as necessidades de cada região. Conforme Mendonça, é unanimidade em todos os comitês de bacia hidrográfica a necessidade de armazenar água para períodos de estiagem.
— Leva de um ano e meio a dois anos para fazer cada estudo, ao custo de R$ 1,5 milhão para cada bacia. Vamos passar por muitas secas antes que o trabalho esteja pronto — salienta.
Ao olho da lei, cabe a cada município elaborar uma política de abastecimento para que não falte água para ninguém. Conforme o promotor Maurício Sanchotene de Aguiar, da promotoria ambiental, União e Estado podem contribuir com obras e recursos, mas a titularidade é do município e da companhia com quem ele tem contrato. Isto não impediu que Erechim, no norte do Estado, vivesse, pela terceira vez em 10 anos, outro longo período de racionamento. Nem que Bagé, no sul do Estado, sofresse com a falta de água nas torneiras.
Sete municípios do Estado enfrentam racionamento de água no perímetro urbano e um oitavo está em estado de alerta e teve o racionamento suspenso até dia 12. Mas as obras para o enfrentamento da seca acabaram sendo emergenciais. Vacaria e Passo Fundo tiveram obras de transposição de rios iniciadas há 15 dias e que aguardam a entrada em operação para reduzir o sofrimento da falta de água.
— Esta seca é excepcional, não se verificavam níveis tão baixos há mais de 60 anos, então não é parâmetro — avalia o diretor de operações da Corsan, Ricardo Rover Machado.
Para enfrentar a seca deste ano, já prevista, a companhia fez uma campanha de controle de perdas e conserto de redes para evitar vazamento. Foram R$ 7 milhões investidos em obras emergenciais para garantir o mínimo de efeito da seca. Outros R$ 930 milhões serão gastos na ampliação de capacidade de barragens até 2015 e o dobro deste valor será aplicado em esgotamento sanitário. Com este investimento, a companhia acredita que poderá manter as torneiras com água por, pelo menos, 30 anos.
O estado das áreas afetadas:
Municípios em situação de emergência — 143
Moradores atingidos pela seca no Estado — 750 mil
Moradores atingidos pelo racionamento — 285 mil

terça-feira, 13 de março de 2012

INCÊNDIO E DIFICULDADES DOS BOMBEIROS


Em chamas. Incêndio de grandes proporções consome seis lojas em Porto Alegre. Fogo começou por volta das 2h e atinge ferros-velhos, lancheria e lojas de autopeças na Zona Norte - ZERO HORA, 13/03/2012 | 10h16

Um incêndio de grandes proporções na zona norte de Porto Alegre consumiu seis estabelecimentos comerciais na Avenida Sertório, na madrugada desta terça-feira. O fogo, que teria começado por volta das 2h, atingiu ferros-velhos, lancheria e lojas de autopeças. Por volta de 4h15min, as chamas foram controladas pelos bombeiros. No entanto, os trabalhos de rescaldo devem durar toda a manhã.

O Corpo de Bombeiros ainda não sabe as causas e onde teriam iniciado as chamas, que alcançaram 30 metros de altura. No local, quase na esquina com a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, o trânsito foi bloqueado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), nos dois sentidos, a partir do número 9.738. Por volta de 7h, o tráfego foi liberado na região.

Por volta das 2h45min, o fogo estava sob controle, mas as duas viaturas dos bombeiros ficaram sem água. Nesse tempo, o incêndio aumentou e seis caminhões chegaram a ser deslocados para controlar as chamas. Não houve feridos.

BOMBEIROS LÍDERES DE GREVE SÃO EXPULSOS NO RIO

Treze bombeiros envolvidos em movimento grevista são expulsos. Entre eles está o cabo Benevenuto Daciolo, um dos principais líderes do movimento. O GLOBO. 12/03/12 - 20h03

RIO - Treze bombeiros envolvidos no movimento grevista que terminou com pelo menos nove presos em fevereiro passado, foram expulsos da corporação. De acordo com a nota divulgada pelo Comando-geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), eles foram considerados 'culpados por articulação em manifestações de caráter político-partidário, nas quais incitaram ostensivamente a tropa à prática de ilícitos de natureza disciplinar e penal militar, além da adoção de conduta incompatível com a missão de Bombeiro-militar'.

Entre os bombeiros expulsos está o cabo Benevenuto Daciolo, um dos principais líderes do movimento. Ele foi preso no mês passado, acusado de incitamento à greve e aliciamento para motim. O militar estava na Bahia, onde ocorria outro movimento grevista, e foi detido ao desembarcar no Rio de Janeiro. O bombeiro teve a prisão administrativa decretada depois da divulgação de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça que o mostravam conversando com uma deputada sobre estratégias para a realização de atos grevistas no estado.

Entre 2007 e 2010, Daciolo trabalhou na Alerj e foi do gabinete da ex-deputada estadual Beatriz Santos, do PRB, na época aliada do ex-governador e hoje deputado federal Anthony Garotinho (PR). A deputada não conseguiu se reeleger e, em fevereiro de 2011, Daciolo acabou exonerado. Semanas depois, ele foi preso por estar entre os líderes do movimento do corpo de bombeiros que ocupou o quartel central da corporação.

Em nota, o movimento de bombeiros afirma que soube pela imprensa da expulsão dos militares, e que as medidas judiciais cabíveis serão tomadas:

"O movimento sempre foi pacífico e ordeiro, pela dignidade, e sempre foi pautado pela busca por diálogo e entendimento. Lembramos que estes 13 pais de família foram presos em Bangu 1, em presídio, de forma arbitrária e ilegal, mantidos em celas de 2mx2m durante sete dias", diz trecho da nota.

segunda-feira, 12 de março de 2012

BOMBEIRO, A PROFISSÃO DE MAIOR CONFIANÇA NO MUNDO


Profissões de Maior Confiança segundo a Revista Seleções do Reader’s Digest - 2003

Profissão - Nível de Confiança (%)

1 - Bombeiros - 96%

2 - Pilotos de Aviação - 89%
3- Dentistas - 78 %
4- Professores - 77 %
5- Médicos - 75 %
6- Jornalistas - 51 %

7 - Motoristas de Táxi - 37 %
8 - Policiais - 18 %
9 - Advogados - 12 %
10 - Agentes Imobiliários - 11 %

11 - Políticos - 1 %

Fonte: Livro Ordem e Liberdade (polost 2006)

sexta-feira, 2 de março de 2012

TEMPORAL DANIFICA 300 CASAS EM TAVARES NO RS

MINUTOS DE PAVOR. Município do Sul decretará situação de emergência após chuva e vento fortes - RAFAEL DIVERIO, ZERO HORA 02/03/2012

Com pelo menos 300 casas danificadas – entre residências, prédios públicos e armazéns – a prefeitura de Tavares, no sul do Estado, deve emitir um decreto de situação de emergência hoje em razão de estragos causados pelo forte temporal que atingiu a cidade na quarta-feira à noite. A cidade é a mais afetada pela mudança climática registrada nos últimos dias. Ainda no sul do Estado, uma estrada foi parcialmente interrompida pelo desabamento de parte da pista de uma rodovia.

Segundo o Inmet, os ventos superaram os 125 km/h em Tavares. Moradores afirmam que em pouco mais de um minuto, prédios desabaram, galhos caíram e telhas voaram pelas ruas do município de pouco mais de 5 mil habitantes.

Até o final da tarde de ontem, metade da cidade estava sem energia elétrica e o abastecimento de água permanecia interrompido.

Para suprir as 2 mil telhas danificadas, a prefeitura distribuiu 800 metros lineares de lonas. Três silos de arroz também foram atingidos.

Durante a tarde de ontem, com o fim da chuva, foi possível começar a reconstrução e limpeza da cidade. Cerca de 50 pessoas estão desalojadas. As aulas estão suspensas até segunda-feira por causa do desabamento de parte do telhado de duas escolas.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) deve iniciar amanhã as obras para recuperar o trecho desabado da rodovia Rio Grande-Chuí (BR-471), no extremo sul do Estado. No final da noite de quarta-feira, parte do acostamento cedeu por causa da chuva forte registrada na região. Desde quarta, a estrada está em meia pista no sentido Rio Grande-Santa Vitória do Palmar na altura do km 592.

Racionamento deve continuar em Bagé

Mesmo registrando índices altos de chuva nos últimos dias, Bagé, na Campanha, manterá racionamento de água de 12 horas em todo o município. Segundo o Departamento de Água e Esgoto (Daeb), o nível das barragens ainda é baixo, impedindo que o abastecimento seja normalizado.

Foram 136 mm de precipitações nos últimos três dias na barragem da Sanga Rasa e 112 mm na do Piraí. Mesmo assim, a primeira aponta 4m10cm abaixo do nível normal e a segunda, 1m80cm.

Estragos também na Região Central

Os temporais de ontem e quarta-feira também provocaram estragos na região central do Rio Grande do Sul. Em Santa Maria, moradores de pelo menos cinco bairros enfrentaram transtornos em razão da chuva.

O temporal que caiu por volta das 7h de ontem alagou trechos de avenidas como Ângelo Bolson e Medianeira. Na Rua Floriano Peixoto, perto da Antiga Reitoria, a enxurrada derrubou o portão da garagem de um prédio residencial. Na Vila Oliveira, várias ruas sofreram alagamentos. Na Rua Guia Lopes, uma família ficou ilhada depois que a rua inundou.

A Defesa Civil de Santa Maria fez ao menos seis atendimentos relacionados a casas destelhadas, ainda ontem. Segundo o agente Peterson Passamani, o órgão distribuiu 80 metros de lona nos bairros Urlândia e Camobi.

– Os outros casos tinham a ver com alagamentos – acrescenta Passamani.

Em São Sepé, entre quarta e ontem, choveu 52mm. O temporal que passou pela cidade destelhou prédios e casas (foto acima).

Em São Gabriel, uma chuva acompanhada de ventos fortes derrubou três casas e destelhou 14 no Assentamento Caiboaté, na tarde de quarta-feira. Ninguém se feriu.

DESPREPARO PARA EMERGÊNCIAS

EDITORIAL ZERO HORA 02/03/2012


O temporal anunciado com mais de um dia de antecedência pelos serviços de meteorologia provocou estragos generalizados no Estado, com prejuízos no fornecimento de energia elétrica particularmente em unidades de Porto Alegre e de cidades da Região Metropolitana. O que chama a atenção, no caso, é tanto a falta de previsibilidade dos responsáveis pelo fornecimento de serviços essenciais quanto a precariedade do atendimento a usuários nessas situações e a demora na reparação dos danos. Os problemas não são recentes e se repetem de forma crônica, mas nem por isso devem ser admitidos como inevitáveis.

No caso específico da tempestade do final tarde de quarta-feira, houve uma combinação de vento e chuva intensos, com forte potencial destruidor, com o registro inclusive de uma morte. Como a instabilidade foi previamente anunciada, porém, o dever do poder público e das empresas prestadoras de serviços habitual- mente afetados por intempéries era pôr em prática ações preventivas capazes de evitar ou minimizar os transtornos mais comuns. Se nem todas as iniciativas puderam ser tomadas no devido tempo ou não foram capazes de assegurar os resultados esperados, o mínimo a que o consumidor tem direito é de contar com explicações convincentes e um horizonte claro sobre as perspectivas de restabelecimento dos serviços.

Particularmente no caso da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), responsável pelo abastecimento de uma região densamente habitada como a Grande Porto Alegre, faltaram cuidados mínimos tanto antes quanto depois do vendaval. O alerta vale também para outros órgãos de âmbito estadual e municipal, responsáveis por questões que vão desde os riscos oferecidos por painéis de rua até a prevenção de alagamentos e a reparação de buracos no asfalto.

O Estado e Porto Alegre em particular têm o dever de reduzir o grau de vulnerabilidade do fornecimento de serviços essenciais e de garantir mais eficiência no enfrentamento de problemas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Quando estive nos EUA, tive a oportunidade de conhecer as instalações policiais e de bombeiros. Na oportunidade, chamou a atenção de aparelhos de tv estarem instaladas nos hall de entrada, nos refeitórios e salas de controle operacional e ligadas apenas no CANAL DO TEMPO. Não tive dúvidas e perguntei o porquê. Eles responderam que aquilo era um meio de prevenir as calamidades, congestionamentos e confusões no trânsito, atuando de forma antecipada e preventivamente nos locais onde poderiam ocorrer os problemas. Enquanto isto, no Brasil, os aparelhos de tv existentes nas polícias e nos bombeiros estão sintonizadas em futebol e novela.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ÁREAS DE RISCO COM MONITORAMENTO

EDITORIAL CORREIO DO POVO, 27/02/2012


O governo federal está aumentando o número de municípios com monitoramento em áreas que apresentem risco de desabar. Até o final de 2012, a previsão é que 285 cidades já estejam sob vigilância constante. O critério de escolha está baseado em levantamentos geológicos que indicam problemas nos terrenos, principalmente quanto a uma incapacidade de absorção normal de águas da chuva. Dessa forma, será possível lidar melhor com enxurradas, por exemplo, fato comum em muitas áreas urbanas do país. Atualmente, apenas 36 cidades do Sudeste e 20 da região Sul contam com acompanhamentos do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Outras 34 serão incluídas no controle a partir do mês de março.

As tragédias costumam deixar um rastro de destruição, com perdas de vidas humanas, bens materiais, danos à infraestrutura e desorganização das economias locais. Para Reinhardt Fuck, diretor do Cemaden, um dos maiores entraves para combater essas ocorrências está relacionado com a falta de informações geológicas. Ele afirma que o banco de dados do Sistema Nacional de Prevenção contra Desastres Naturais é insuficiente para subsidiar um trabalho mais eficiente porque existem poucos municípios no país que tenham carta geotécnica. Isso se deve ao fato de o número de geólogos para dar conta dessa tarefa ser muito aquém do necessário. Não obstante essa situação, o Brasil dispõe hoje de uma tecnologia de ponta para fazer mapeamentos de lugares de risco por meio do chamado modelo matemático Hand, que trabalha com variáveis como drenagem e altura.

Nunca é demais relembrar aquele velho ditado que diz que o melhor remédio é prevenir. Acontecimentos recentes demonstram que, em grande parte dos sinistros, houve uma boa dose de negligência das autoridades. Esperam-se posturas diligentes por parte daqueles que têm o encargo de cuidar da segurança da população que esteja habitando, por falta de opção ou de informação, áreas perigosas e sujeitas a desmoronamento.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

QUEIMADAS: UM PASSO ATRÁS

UM PASSO ATRÁS. GERSON ALMEIRA, EX-SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DE PORTO ALEGRE - ZERO HORA 03/02/2012

A aprovação do projeto de lei que volta a permitir o manejo do campo gaúcho por meio de queimadas é uma verdadeira volta ao passado, um retrocesso em relação ao Código Florestal Estadual, aprovado em 1992 pela mesma Assembleia Legislativa. Há 10 anos, os deputados souberam enfrentar a cultura arcaica e amplamente superada de uso das queimadas no campo e, ao proibir esse método de manejo, induziram o desenvolvimento de modelos alternativos e, entre outras tantas vantagens, mais eficazes para a produção e a preservação da qualidade do solo.

O retorno das queimadas representa um extraordinário salto na contramão daquilo que tem motivado as mais relevantes lutas sociais no mundo, que buscam a construção de outro paradigma capaz de superar o modelo predador dos recursos naturais e que continua a erodir a condição de vida de todos. Mesmo nos países de capitalismo central, a qualidade do ar, da água e as condições sociais penalizam cada vez um contingente maior de pessoas.

O forte simbolismo regressivo da decisão da maioria dos deputados representa uma mudança de rota na boa tradição da Assembleia gaúcha em legislar de forma sintonizada com o crescimento da consciência ambiental, inaugurada quando da votação da pioneira lei contra os agrotóxicos nos anos 80. Além disso, vai de encontro aos objetivos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que pretende reafirmar os compromissos dos chefes de Estado e lideranças mundiais com o desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente justo.

Na questão ambiental, o combate às queimadas ganha cada vez mais relevância, dado que as emissões globais de gases cresceram mais de 40% em relação ao ano de 1992, quando foi realizada a ECO-92, também no Rio de Janeiro, sem que haja qualquer iniciativa que permita prever alguma inflexão nesta curva de crescimento. Essa, portanto, deve ser uma das preocupações centrais em discussão na Rio+20, que não pode perder a oportunidade para avançar num acordo global para a redução drástica das emissões, com poder legal vinculante.

Sendo assim, mesmo que o projeto tenha obtido a maioria dos votos, as decisões do governador Tarso Genro e do deputado Adão Villaverde (então presidente da Assembleia), o primeiro em não sancionar a lei e o segundo em não promulgá-la, sinalizam que esse impactante revés da luta pela sustentabilidade no Rio Grande não encontrará campo livre para outros passos atrás. Ao contrário, chama a atenção dos gaúchos para o fato de que ter sido pioneiro não é garantia de continuar sendo protagonista. Para isso, é preciso permanente vigilância e luta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

INSPEÇÃO PREDIAL É MAIS SEGURANÇA À POPULAÇÃO

Carlos Todeschini, JORNAL DO COMÉRCIO, 31/01/2012


Evitar desastres como o que ocorreu no Rio de Janeiro é exatamente o objetivo do projeto de minha autoria que tramita na Câmara de Porto Alegre, e dispõe sobre as regras para a obtenção do Certificado de Inspeção Predial. Isso porque, com o passar do tempo, as edificações sofrem patologias e, para que possamos conhecer o correto diagnóstico e tratamento adequado, é necessária uma revisão geral para avaliar as mais diversas características. Essa revisão inclui aspectos de segurança e estabilidade estrutural, elementos de fachada em espaços de uso público, impermeabilização de coberturas, instalações primárias, hidráulicas, elétricas e de combate a incêndio, incluindo extintores, elevadores, ar- condicionado, gases e caldeiras. O regramento que proponho para Porto Alegre estabelece que, a partir de uma avaliação, o técnico faça o diagnóstico dos serviços de manutenção preventiva que devem ser executados, seu prazo e gravidade das situações encontradas. Assim, é possível apontar o panorama de suas instalações e orientar como deve ser feita a priorização das manutenções.

É fácil recordar de acidentes com muros, marquises, elevadores ou até mesmo tubulações de água, que poderiam ter sido evitados por uma vistoria periódica. Importante ressaltar que a manutenção predial é responsabilidade civil dos síndicos, conforme o inc. V do art. 1348 do novo Código Civil. Além disso, é de conhecimento geral que uma manutenção realizada de forma preventiva tem um custo bem menor do que uma realizada emergencialmente. A contratação da inspeção predial não deve ser entendida apenas como uma despesa nas contas condominiais sobrecarregadas, mas como uma importante ferramenta de auxílio na gestão e segurança predial. Os cuidados com a estrutura dos prédios são semelhantes aos que destinamos às pessoas. Aqueles construídos há mais tempo, precisam de checkups com mais frequência. Já os mais novos podem passar por uma revisão com intervalos maiores.

PROJETOS QUE EVITAM TRAGÉDIAS

LUIZ ALCIDES CAPOANI, PRESIDENTE DO CREA-RS - ZERO HORA 01/02/2012

No Brasil, a sociedade em geral e o poder público, em particular, mostram-se ineficientes na fiscalização da segurança dos edifícios e obras de artes especiais (túneis, pontes, viadutos). Somente quando ocorrem acidentes com vítimas, de grande repercussão, como o do Rio de Janeiro, lembrando de Capão da Canoa e da ponte em Agudo, é que todos nós concordamos que ainda estamos na fase embrionária de fiscalização e prevenção de acidentes.

Quando permitimos que algo ocorra, somos em parte responsáveis e todos culpados.

É preciso esclarecer qual é a função legal do Crea-RS, agora Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RS; cabe a nós o registro de profissionais e empresas e a fiscalização do exercício profissional, para coibir o exercício ilegal das profissões em defesa da ética profissional, para que os serviços e obras prestados venham em benefício e garantam segurança à sociedade.

A Constituição Federal determinou aos municípios definir leis e regramentos para licenciamento, aprovação de projetos, construções, fiscalizações, permissões, habite-se, proibições e embargos na esfera municipal.

Cabe também, constitucionalmente, fazer leis, no âmbito municipal, aos vereadores e, na esfera estadual, aos deputados, através da Assembleia Legislativa.

Assim como não há crime sem lei anterior que o defina, não é possível que façamos inspeções ou fiscalizações sem que o legislador defina como fazer, a quem cabe a atribuição e de que forma serão feitas.

O Crea-RS, em nossa gestão, após amplo debate em seminários na União Estadual de Vereadores, Federação dos Municípios do RS, na Assembleia Legislativa do RS, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, promoveu, em agosto de 2009, um fórum de discussão, com a participação de autoridades governamentais, entidades públicas, associações de engenheiros, universidades, institutos e sindicatos de nossas categorias profissionais, com o objetivo de criar legislações que visem buscar formas que impeçam que novas tragédias venham a ocorrer com a queda de edifícios e demais elementos construtivos, bem como as pontes, túneis, viadutos e outras obras passíveis de danos e decadência. Desse encontro, elaborou-se um anteprojeto de lei que institui a obrigatoriedade de inspeções e manutenções, sendo encaminhado a todos os municípios, Câmaras de Vereadores e Assembleia Legislativa.

O município de Capão da Canoa, após o trágico acidente acontecido em julho de 2009, quando vidas foram ceifadas, adotou o projeto de lei que prevê inspeções e manutenções prediais periódicas nas edificações e, podem ter certeza, muitas vidas, depois disso, foram salvas.

Também foi entregue ao Legislativo estadual anteprojeto de lei que prevê a obrigatoriedade de inspeção e manutenção em pontes, viadutos, túneis. Mas, lamentavelmente, esse anteprojeto foi arquivado pela Assembleia Legislativa do Estado.

Em Porto Alegre, é urgente a conscientização de nossos administradores e legisladores da necessidade premente de adotar legislação que tramita na Câmara de Vereadores. É um projeto de lei de 2009, recentemente encampado pelo vereador Carlos Todeschini, que previne sinistros para a redução de acidentes, preservação do patrimônio imobiliário, público histórico e cultural e, o mais importante de tudo, a proteção de vidas que são valores primordiais do nosso conselho.

Cada ser humano, ao cerrar seus olhos para sempre, leva consigo um universo de sonhos e possibilidades, e cabe a nós, como cidadãos, cobrar de nossos legisladores que haja leis que não permitam que isso ocorra.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ABUTRES HUMANOS


BEATRIZ FAGUNDES, O SUL. E o asteroide passou raspando.
Porto Alegre, Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2012.


Comparados a políticos, que desviam verbas da merenda escolar e da saúde, os "abutres humanos" são apenas andorinhas que perderam o senso de direção.

Dizem que há 65 milhões de anos um asteroide acabou com o reinado dos dinossauros na Terra. Pois um do tamanho de um ônibus passou de "raspão" pela Terra na noite de sexta-feira, informou o serviço de acompanhamento de asteroides da NASA (a agência espacial norte-americana). Gareth Williams, diretor do Centro de Planetas Menores dos Estados Unidos, disse à BBC que a passagem do 2012 BX34 foi uma das maiores aproximações já registradas. Pelo Twitter, a agência respondeu aos internautas que estavam preocupados com a passagem do asteroide. "Não se preocupem, era um asteroide pequeno", informaram. Então, tá! Para muitos, a raça humana estaria com seus dias contados. E a grande "Besta" será um asteroide, que colidirá com o planeta, devastando a vida conhecida hoje na Terra. Pode até ser. Afinal, um fim nesses moldes já ocorreu segundo a ciência. Enquanto isso não acontece, temos que lidar emocionalmente com as atitudes da espécie humana como, por exemplo, o caso dos três edifícios que vieram abaixo, de forma espetacular, até agora sem uma explicação convincente no centro histórico da Cidade Maravilhosa. O tema desde ontem se resume a quanto às famílias das vítimas poderão pedir de indenizações por suas perdas, humanas e econômicas.

Segundo o procurador-geral da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), do Rio de Janeiro, Ronaldo Cramer, no caso de perda de parentes, as indenizações devem ser de cerca de 200 mil reais: "Parentes de pessoas que morreram podem exigir indenizações por danos morais. E quem perdeu patrimônio tem direito a entrar com uma ação pedindo reparação material. Mas, naturalmente, essas ações só podem existir a partir do momento em que houver um réu", afirmou Cramer. Ele explicou que, havendo perda patrimonial, o valor pago depende de quanto o autor da ação conseguir comprovar de investimentos feitos. Fico fascinada e curiosa sobre qual terá sido a tabela do presidente da OAB-RJ para avaliar o valor da indenização em 200 mil reais. Seria esse o nosso valor nesta civilização de consumo ilimitado? O direito a ressarcimentos emocionais e patrimoniais, segundo especialistas, ainda depende de um detalhe sórdido: quem será indiciado como responsável pelo episódio dantesco! Sem querer parecer inconveniente, devo admitir que a decisão das autoridades da cidade, de enviar horas após o inexplicável desmoronamento radical de três edificações supostamente sólidas, gigantescas retroescavadeiras ao local para a imediata remoção dos entulhos a que se transformaram os prédios, questionei que com o barulho ensurdecedor das máquinas qualquer murmúrio, lamento ou grito de socorro de eventuais sobreviventes seria inaudível, inútil. Se restasse ainda alguma vítima viva esta seria condenada à morte, senão pelo episódio, mas pelo barulho das imensas máquinas, com suas garras implacáveis.

Agora se sabe que entre os entulhos depositados em terreno da prefeitura do Rio de Janeiro já foram encontrados "pedaços de corpos" sem identificação. Segundo consta, restam cinco desaparecidos. A ação de "abutres humanos", flagrados pela imprensa, aparentemente já foi resolvida com a identificação e demissão de cinco, ou seriam quatro funcionários terceirizados da Comlurb, responsável pelo lixo na capital fluminense. O fato se resumirá a indenizações pecuniárias. Imaginem o estado psicológico, emocional dos parentes das cinco vítimas que permanecem desaparecidas ao tomarem conhecimento de que pedaços de corpos estão sendo achados em meio aos entulhos no deposito da prefeitura. Espaço protegido por câmeras para impedir o garimpo de seres que abdicaram da condição humana para se apropriarem de objetos de valor, que certamente estão entre os despojos. Comparados a políticos abutres, que desviam verbas da merenda escolar e da saúde, são apenas andorinhas que perderam o senso de direção. E, o asteroide passou.

sábado, 28 de janeiro de 2012

DANO AMBIENTAL E INCOMPETÊNCIA

EDITORIAL ZERO HORA 28/01/2012

O derramamento de petróleo no mar de Tramandaí expõe a saúde de veranistas a riscos, compromete a imagem turística do Rio Grande do Sul justamente no auge da temporada e, o pior, representa mais uma ameaça à já combalida fauna marinha, tão afetada pela pesca predatória. Todos esses prejuízos, cujas dimensões ainda podem se agravar, pois suas consequências já atingem outros balneários gaúchos desde ontem, têm que ser debitados na conta da empresa Transpetro, da Petrobras, que foi no mínimo negligente na operação que resultou no vazamento do óleo.

Pelas versões iniciais, tudo indica que o desastre ambiental foi causado pelos agentes do navio de bandeira grega Elka Aristotle, na manhã de quinta-feira, ao descarregarem petróleo na monoboia da Petrobras, situada no oceano, a seis quilômetros da orla de Tramandaí. No entanto, é inquestionável que a responsabilidade pela segurança do transbordo de uma substância insalubre era da Transpetro, que comanda a operação e conhece as condições adversas da costa gaúcha, com ondas e mar revolto.

Menos mal que, tão logo foi constatado o acidente, os atores envolvidos agiram com presteza, providenciando a limpeza mecânica da areia e alertando para a evacuação dos veranistas. Equipes da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também se mobilizaram em acordo às normas legais. Mas são apenas atenuantes diante da magnitude do estrago. Em nada livram a subsidiária da Petrobras de sua responsabilidade.

E o mais lamentável é que se trata de uma reincidência da maior estatal brasileira. O derramamento ocorrido em 2000 (considerado pior que o atual), na mesma monoboia flutuante, que esparramou 18 mil litros de óleo entre Tramandaí e Cidreira, parece não ter servido de lição. O mínimo que se pode esperar, diante de tanto desleixo, é um pedido de desculpas à população gaúcha e a indenização dos danos causados.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PRÉDIOS DESABADOS


Uma cicatriz no coração do país. Os cariocas despertaram ontem com sua cidade convulsionada pela tragédia do desabamento de três edifícios, responsável por deixar cinco mortos e 21 desaparecidos - ZERO HORA 27/01/2012

As atenções da população do Rio de Janeiro estiveram voltadas ontem para a imensa cicatriz aberta no coração da cidade depois da queda de três prédios. Enquanto as equipes de resgate escalavam montanhas de escombros em busca de corpos e sobreviventes, a metrópole tentava entender o golpe sofrido às 20h40min da véspera.

Foi um dia conturbado, marcado por serviços interrompidos e bloqueios em áreas centrais por onde milhares de pessoas circulam a cada dia. Às 23h30min de ontem, o saldo era de cinco mortes confirmadas (três homens e duas mulheres), seis pessoas feridas resgatadas dos escombros, 21 desaparecidos, três prédios interditados e um quarteirão evacuado.

Localizados atrás do Teatro Municipal, um tesouro da arquitetura brasileira, os edifícios desabaram com estrondo na noite de quarta, provocando pânico e correria no centro carioca, perto da Cinelândia. O primeiro a cair foi um prédio comercial de 20 andares, onde funcionavam vários escritórios de advocacia. O edifício, na Rua 13 de Maio, passava por reformas em dois andares – de forma irregular, sem acompanhamento de um responsável técnico. Ao desmoronar, levou abaixo duas construções vizinhas. Primeiro, cedeu um edifício de 10 andares, depois, outro, menor, de quatro pavimentos. Uma camada de poeira cobriu as ruas e carros.

– O prédio veio abaixo, como se tivesse havido uma implosão. Parecia o World Trade Center de Nova York – contou uma testemunha, Luiz Trajan.

Os 120 bombeiros e as equipes de socorro, apoiados por policiais, isolaram a área para facilitar as operações de resgate, enquanto escavadeiras, caminhões de lixo e caminhões-cisterna começaram a circular para a retirada dos escombros. Cães farejadores, com experiência no resgate das vítimas do terremoto no Haiti em 2010, foram levados ao local e identificaram focos onde havia pessoas soterradas. O trabalho se estendeu por toda a quinta-feira.

– Pessoas que estariam nos imóveis caídos não voltaram para casa. As equipes só deixarão de buscar quando estiverem seguras de que não há mais vítimas – disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Parentes e amigos dos desaparecidos reuniram-se na Câmara Municipal, a poucos metros do local da queda, à espera de notícias sobre as buscas. A diarista Francisca Eunice Vieira perseguia informações sobre a prima, Margarida Vieira Carvalho, que trabalhava como costureira e morava no último andar de um dos edifícios que ruíram.

– A família está à base de calmantes, mas a esperança é a última que morre – disse.

Afonso da Costa Menezes procurava a irmã, Kelly, que trabalhava em um dos prédios como técnica de segurança.

– Telefonaram e disseram que havia acontecido um acidente no edifício onde ela trabalhava. Aí eu tentei ligar para ela, mas não tive resposta.

Mesmo quem não perdeu conhecidos ou parentes estava desconsolado, como o empresário Renan Magalhães Pimentel, que tinha uma livraria especializada em concursos públicos que funcionava havia oito anos no local.

– A vida segue. Não nasci dono de livraria, nem com as roupas que tenho no corpo – afirmou.

Edifícios próximos ficaram fechados

Por razões de segurança, o entorno da área onde houve a queda foi isolado. Em um quarteirão inteiro, as pessoas foram impedidas de entrar nos edifícios. O resultado foi que milhares de trabalhadores que não puderam chegar aos seus escritórios ou lojas encheram ruas próximas.

O trânsito teve de ser remanejado na área central. No meio da confusão, a Caixa Econômica Federal decidiu fechar ao público o seu edifício sede, na Avenida Rio Branco. Também ficaram fechadas duas agências próximas. Na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que se localiza a pouca distância dos desmoronamentos, funcionários que trabalham no primeiro e no segundo subsolos usaram máscaras durante o expediente, por causa da grande quantidade de poeira.

Até as 17h de ontem, a Companhia de Limpeza Urbana carioca retirou 17 mil toneladas de escombros – o equivalente a 400 caminhões. De Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff telefonou ao prefeito carioca para manifestar sua solidariedade.

VAZAMENTO DE ÓLEO EXPULSA BANHISTAS E ALARMA TÉCNICOS NO LITORAL DO RS


Acidente com óleo expulsa banhistas e alarma técnicos. Manobra que gerou vazamento a seis quilômetros da praia de Tramandaí preocupa ambientalistas - ANDRÉ MAGS, ZERO HORA 27/01/2012

Uma manobra desastrada de descarga de petróleo de um navio para uma monoboia da Transpetro, da Petrobras, causou vazamento para o mar na manhã de ontem em Tramandaí, espalhando uma mancha negra de um quilômetro quadrado, que chegou à praia durante a tarde. O derramamento levou a Brigada Militar a evacuar a orla devido ao risco para os banhistas.

O vazamento de petróleo pode ser um dos maiores registrados no Estado nos últimos 10 anos, conforme o superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), João Pessoa Riograndense Moreira Junior.

– A praia de Tramandaí está bem impactada. Vai levar dias para limpar. O ideal é que não se use essa faixa de praia – alertou o técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Diego Hoffmeister.

O pior acidente até ontem nos últimos anos aconteceu em 2000, quando manchas de petróleo foram vistas à beira-mar entre Tramandaí e Cidreira. Na oportunidade, 18 mil litros de óleo poluíram o mar.

A quantidade exata de petróleo vazado ontem não era conhecida até a noite, mas o analista ambiental do Ibama que sobrevoou a área atingida, o biólogo Kuriakin Toscan, considerou que a quantidade era muito grande. A constatação faz crer que a operação para remover a totalidade do material da areia deve se estender por dias. Por enquanto, o veraneio está comprometido entre a plataforma de Tramandaí e a barra do Rio Tramandaí, em Imbé (3,5 quilômetros).

O defeito que causou o acidente ocorreu na ligação entre a mangueira da embarcação e a monoboia 602 da Transpetro, localizada a seis quilômetros da orla. O navio foi identificado pela BM como o petroleiro de bandeira grega Elka Aristotle, e estaria a serviço da Transpetro. Ele despejava o óleo na monoboia, que conduziria o produto até o terminal da empresa em Osório por uma tubulação.

Quando chegou à costa, às 17h, o piche se colou à areia e causou forte mau cheiro. As equipes da Transpetro usaram ferramentas, como enxadas, para tirar a substância do solo. Os danos ambientais não eram conhecidos ontem, porém certamente haverá impacto na vida marinha, de acordo com Toscan. Ele analisará a possibilidade de multa à empresa.

– É passível de autuação. Agora não se trabalha com essa perspectiva porque nosso foco é na limpeza, mas será avaliada – disse o biólogo.

Nota oficial - A Transpetro divulgou a seguinte nota sobre o fato:

“A Transpetro informa que na manhã desta quinta-feira, 26, foi detectado um vazamento de óleo na monoboia do Terminal de Osório, em Tramandaí (RS), durante operação de descarregamento de um navio. Imediatamente, equipes de contingência da Transpetro e o Centro de Defesa Ambiental (CDA) foram acionados para iniciar os trabalhos de contenção e remoção do produto. Os órgãos ambientais, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Capitania dos Portos foram comunicados. As causas do incidente estão sendo investigadas pela companhia. Ainda não foi possível quantificar o volume de óleo derramado.”