EDITORIAL ZERO HORA 28/01/2012
O derramamento de petróleo no mar de Tramandaí expõe a saúde de veranistas a riscos, compromete a imagem turística do Rio Grande do Sul justamente no auge da temporada e, o pior, representa mais uma ameaça à já combalida fauna marinha, tão afetada pela pesca predatória. Todos esses prejuízos, cujas dimensões ainda podem se agravar, pois suas consequências já atingem outros balneários gaúchos desde ontem, têm que ser debitados na conta da empresa Transpetro, da Petrobras, que foi no mínimo negligente na operação que resultou no vazamento do óleo.
Pelas versões iniciais, tudo indica que o desastre ambiental foi causado pelos agentes do navio de bandeira grega Elka Aristotle, na manhã de quinta-feira, ao descarregarem petróleo na monoboia da Petrobras, situada no oceano, a seis quilômetros da orla de Tramandaí. No entanto, é inquestionável que a responsabilidade pela segurança do transbordo de uma substância insalubre era da Transpetro, que comanda a operação e conhece as condições adversas da costa gaúcha, com ondas e mar revolto.
Menos mal que, tão logo foi constatado o acidente, os atores envolvidos agiram com presteza, providenciando a limpeza mecânica da areia e alertando para a evacuação dos veranistas. Equipes da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também se mobilizaram em acordo às normas legais. Mas são apenas atenuantes diante da magnitude do estrago. Em nada livram a subsidiária da Petrobras de sua responsabilidade.
E o mais lamentável é que se trata de uma reincidência da maior estatal brasileira. O derramamento ocorrido em 2000 (considerado pior que o atual), na mesma monoboia flutuante, que esparramou 18 mil litros de óleo entre Tramandaí e Cidreira, parece não ter servido de lição. O mínimo que se pode esperar, diante de tanto desleixo, é um pedido de desculpas à população gaúcha e a indenização dos danos causados.
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
sábado, 28 de janeiro de 2012
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