Defesa Civil no Brasil é uma piada - Gastão Gal, Maj. Da Reserva da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
Convivemos com tragédias previstas e outras que são impossíveis de ser detectadas e fortuitas. Fui instrutor de defesa civil para policiais militares e trabalhei na coordenadoria estadual de defesa civil ao longo de minha carreira de policial militar. Treinei a tropa militar que foi para o Haiti e ao retornarem um oficial me agradeceu os ensinamentos ministrados antes de sua missão e disse que estes ensinamentos foram úteis, pois evitaram mortes e que eles tentaram ensinar ao povo noções básicas de defesa civil. Fui coordenador de defesa civil em minha Cidade Santa Cruz do Sul, e tive grandes dificuldades em conscientizar o prefeito e também os seus secretários na importante estruturação da defesa civil em meu município, usei recursos próprios para ao menos dar operacionalidade a coordenadoria municipal de defesa civil.
Até o computador para monitoramento climático foi comprado com meus recursos. O gabinete era jogado de um lado para o outro quando deveria ser estruturada uma sala de operações integrada com os órgãos municipais, estaduais e federais para dar uma pronta resposta em caso de calamidade. Certa vez solicitei uma verba de R$ 10 mil reais para treinamento em caso de grave acidente no aeroporto da cidade e a resposta foi: “Nem pensar”. Obras inócuas, desnecessárias foram construídas e o que era necessário para salvar vidas era obstaculizado.
Vejam que isto em um município com um dos maiores considerado rico do estado do Rio Grande do Sul. Realizei em conjunto com o governo estadual e federal vários cursos de preparação em ações de defesa civil e todos dos recursos para organizar foram dispendidos de meu salário. Esta é a defesa civil em todo Brasil. Em todos os cursos que participei a queixa era sempre a mesma falta de apoio para qualquer implementação de programas de defesa civil. Quem sofre nestas omissões são as pessoas que compõem nossas comunidades.
Defesa Civil deveria ser uma entidade que possuísse amplos poderes para gerir nas calamidades, onde todas as entidades participantes seriam imediatamente coordenadas pelo gabinete de defesa civil até o término da calamidade. Verbas deveriam estar disponíveis imediatamente e não como acontece hoje. Não existe um fundo de reserva para emergência se existe é modesto e com uma burocracia burra. As pessoas precisam do socorro imediatamente.
Entendo que também deveria fazer parte da Coordenadoria de Defesa Civil o ministério público para que após avaliação dos locais de risco onde habitam as pessoas, deveriam ser removidas e colocadas em moradias dignas e seguras e não jogadas em abrigos provisórios ou na rua como acontece hoje.
Também entendo que todas as coordenadorias, municipais, estaduais, e federal, deveriam ser providas por técnicos em defesa civil e não por políticos, pois estes não entendem deste assunto tão importante. A coordenadoria nacional de defesa civil deveria ser coordenada por um oficial general que agiria imediatamente após tomar conhecimento da calamidade e de sua gravidade enviando tropas federais em auxilio as áreas atingidas. Hoje existe uma lacuna até e demora até ser tomada uma decisão para utilização destes meios.
Em uma enchente de gravidade em minha cidade Santa Cruz do Sul, após se exaurirem os meios municipais, estaduais necessitei usar meios federais e imediatamente o Cmt. do 7º BIMtz, Cel. Newton Cléo Bocchi disponibilizou carros anfíbios e nenhuma vítima fatal tivemos há lamentar. Graças à iniciativa e rapidez na disponibilização dos meios adequados, mas, isto aconteceu porque este comandante agiu de maneira rápida e conhecendo a legislação de defesa civil que lhe autorizava este emprego imediato.
A defesa civil deveria possuir uma sala de operações moderna com meios e recursos para analisar e determinar prontamente a remoção de famílias que habitam em áreas de risco. Este mapa deveria ser feito em todos os municípios do país e após este estudo medidas tomadas rapidamente de maneira preventiva para evitar futuras calamidades.
Muito mais deveria ser feito, mas este é um ponta pé inicial para tirar estes gestores públicos na ociosidade e desta inércia secular e demagógica. Enquanto isto não acontecer a defesa civil no Brasil será uma piada e de muito mau gosto.
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
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