Um sistema simples para salvar vidas - MARCOS AREAS é empresário. O GLOBO, 21/01/2011 às 19h22m
A prefeitura de Areal, uma das cidades atingidas pelas recentes tragédias na Região Serrana do Rio, salvou vidas ao usar o bom senso. Ao saber que a cidade vizinha, São José do Rio Preto, havia sido atingida por uma enxurrada, o prefeito de Areal mandou um carro de som avisar a população instalada às margens dos rios que cortam o município que evacuasse o local imediatamente. Ninguém morreu.
Foi uma demonstração tosca do poder de comunicação de massa na prevenção de uma tragédia.
Em 1963, o governo dos EUA criou o Sistema de Radiodifusão de Emergência, ou EBS, a sigla em inglês. No auge da Guerra Fria, era uma rede nacional envolvendo todas as emissoras de rádio e TV para comunicações do presidente em caso de emergências, guerras ou graves crises nacionais. Nunca foi usado em emergências nacionais, mas entre 1976 e 1996 foi acionado mais de 20.000 vezes em emergências locais, avisos de eventos climáticos extremos e como suporte a planos de evacuações.
A partir de 1997, passou a se chamar Sistema de Alerta de Emergência (EAS) e integra o programa de gerenciamento de emergência do governo federal. Apesar de fazer parte de um programa nacional, cada estado tem autonomia para gerir seu próprio sistema.
É simples. Cada vez que há uma emergência como a de previsão de chuvas fortes, uma emissora com alcance na área a ser alertada emite no ar um tom característico, percebido pelos operadores das demais emissoras, que então se juntam a ela e passam a transmitir o alerta, multiplicando o alcance. Simples, de implantação imediata e a custo quase zero.
Antes que os radiodifusores se receiem de uma nova "Voz do Brasil", é importante lembrar que o sistema é acionado uma vez por semana com aviso de teste e não dura mais de 30 segundos e que, em caso de emergência, irá salvar muitas vidas.
Há duas maneiras de implantar o sistema: através da iniciativa dos radiodifusores e participação dos governos estaduais e municipais, o que parece o melhor caminho, ou aguardar que algum órgão do governo federal lidere a ação, através de portarias e toda essa burocracia que ceifa vidas.
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
sábado, 22 de janeiro de 2011
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