Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A TRAGÉDIA DA NÃO PREVENÇÃO


A tragédia da não prevenção, por Cláudio Júnior Damin, Cientista politico e escritor.Zero Hora 17/01/2011

Abra-se a gaveta de qualquer prefeito brasileiro. Encontraremos o currículo de um correligionário prestes a ser nomeado, uma lista com emendas propostas por deputados federais ao município e, muito provavelmente, um plano para aumentar receitas a partir do aumento de impostos. O que certamente não encontraremos é um plano de emergência quando a cidade for atingida por um evento climático extremo, e menos ainda medidas preventivas contra desastres. Afinal, qual prefeito ousaria gastar dinheiro com algo que, por primeiro, não rende voto e, por segundo, não se mostra necessário no presente?

A lógica das autoridades brasileiras é a de remediar e não prevenir. É um raciocínio totalmente equivocado, mas que tem se reproduzido por décadas no país. Nossas autoridades pagam para ver, e, quando a tragédia e a calamidade destroem cidades inteiras, a culpa é transferida para o clima, para as pessoas que moram nos quintais dos rios; enfim, nossos governantes nada têm a ver com a tragédia.

E, com desavergonhada retórica, anunciam a liberação de milhões de reais para a reconstrução, para a volta à normalidade. Sabe-se, no entanto, que o dinheiro demora a chegar em função de outro desastre brasileiro, o de sua própria burocracia, que atravanca a ajuda às populações brasileiras. O caso de Angra dos Reis, atingida por deslizamentos no final de 2009 é prova disso, pois R$ 30 milhões, dos R$ 80 milhões prometidos pelo governo federal, até hoje não chegaram à cidade. O mesmo acontecerá com os deslizamentos na serra do Rio de Janeiro, é esperar para ver.

Há tempos que caiu por terra a lenda segundo a qual o Brasil é um país sem desastres naturais. É bem verdade que não temos terremotos ou vulcões, mas a estação das cheias dos rios e os deslizamentos já fazem parte do calendário de preocupações das populações. No calendário dos governos, no entanto, não passam de perfumaria sem qualquer importância. Ou os políticos em geral tratam a prevenção aos desastres naturais como uma prioridade nacional ou nos transformaremos em uma Bangladesh, que a cada chuva torrencial lamenta milhares de mortes sem que o governo faça algo, estando em permanente letargia.

As estruturas governamentais devem estar preparadas para as consequências de eventos climáticos extremos, e especialmente os prefeitos, pois são eles os agentes públicos que melhor entendem a realidade dos cidadãos nacionais. O lamento é que não há perspectivas de que isso aconteça, pois os desastres naturais são pensados hoje no Brasil como problemas que simplesmente acontecem em função da ação “natural da natureza” e, por isso, seria impossível fazer planejamento, prevenção ou planos emergenciais. Essa miopia apenas pode nos conduzir a novos e grandes desastres.

País com 500 áreas de risco - ZERO HORA 17/01/2011

O governo estima que haja no país 500 áreas de risco, onde vivem cerca de 5 milhões de pessoas. Um levantamento detalhado dessas áreas será tema de um encontro hoje em Brasília, prévia da reunião convocada para amanhã pela presidente Dilma Rousseff, para reestruturar o sistema nacional de defesa civil.

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