Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

LÁGRIMAS LADEIRA ABAIXO

ZERO HORA 28 de janeiro de 2014 | N° 17687

HELOISA ARUTH STURM | SANTA MARIA


Atos lembram as 242 vítimas da tragédia


Uma homenagem às vítimas da Kiss, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), marcou o último dia de atividades do 1º Congresso Internacional Novos Caminhos – A vida em transformação. A cerimônia ocorreu no templo ecumênico da instituição e foi acompanhada por cerca de 200 pessoas. Para simbolizar a vida, uma árvore frutífera foi plantada no local.

O presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Alves Ferreira, que plantou a bergamoteira na companhia de outros pais, falou sobre o significado daquele ato.

– Este é um momento de introspecção da alma. Estamos reunidos para lembrar dos nossos filhos, nossos anjos, que nos deixaram aqui para que possamos andar novos caminhos. Que esta árvore cresça e se fortaleça para ajudar outras vidas e prevenir outras mortes.

Miguel, Augusto, Nathiele, Laureane, Walter, Jacob, Danrlei, Ana Paula, Daniel, Roger, Susi, Leonardo, Andriese, Daniela, Matheus, Vinícius, Nathi, Jennefer: vítimas da tragédia, foram lembrados e homenageados em cartazes e retratos nas camisetas de pais, irmãos e familiares.

O evento contou com a participação da cantora lírica Luciana Kiefer, professora de canto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acompanhada pelo tecladista Charles Medina, e da banda de música da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, regida pelo tenente-regente Jorge Berghahn.

– O Exército sempre esteve presente desde o primeiro momento da tragédia, trabalhando em silêncio e demonstrando solidariedade. Fazemos parte disso, perdemos oito militares no incêndio. Não poderíamos estar de fora de um ato como esse – disse o tenente-coronel Ribeiro, da 3ª Divisão do Exército.

Em momento de emoção, nomes de mortos foram anunciados sob o rufar de tambores

O reitor da UFSM, Paulo Burmann, estava presente ao evento e lembrou a perda de 111 alunos da instituição no incêndio:

– Foi um evento desastroso que mantém tanta dor circulando ainda nos espaços da instituição. A universidade tem de exercer um protagonismo no processo para servir de referência em termos de segurança, porque a origem desse drama foi o descumprimento de normas de segurança que levaram à perda de tantos valores da nossa sociedade que estes estudantes levavam consigo.

No fim da cerimônia, foram lançados 242 balões representando o número de mortes na Kiss.

No começo da noite, cerca de mil pessoas participaram do último ato de homenagens às vítimas da boate Kiss no dia que marcou um ano da tragédia. Durante a tarde, diversas apresentações de músicos nativistas ocorreram na Praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria.

O momento de maior emoção foi quando os nomes das 242 vítimas foram anunciados ao som de tambores. Voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) e representantes de diferentes instituições religiosas estiveram no local para dar apoio emocional aos familiares. O evento se encerrou com um ato ecumênico.

ADHERBAL FERREIRA, Presidente da AVTSM: ‘‘Este é um momento de introspecção da alma. Estamos reunidos para lembrar dos nossos filhos, nossos anjos, que nos deixaram aqui para que possamos andar novos caminhos. Que esta árvore cresça e se fortaleça para ajudar outras vidas e prevenir outras mortes."


LILIAN XISTO, Feirante, sobre as pinturas feitas no asfalto simbolizando os 242 mortos: ‘‘Eu não consigo enxergar pintura. Eu enxergo a Luana, o João, a Jeniffer... Eu vejo todos eles."



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