Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

OUTRA VEZ A SECA. OUTRA VEZ A INCOMPETÊNCIA

Francisco Morales - Engenheiro consultor - JORNAL DO COMERCIO, 13/01/2012

Outra vez a seca no estado do Rio Grande do Sul; nesta ocasião o governo do Estado, com diversas secretarias envolvidas, “busca uma adequação jurídica para que os recursos (que vai receber de Brasília) possam ser utilizados efetivamente na construção de açudes, poços artesianos, cisternas e reposição de grãos” (Jornal do Comércio - 11/1/12). Na realidade para combater a seca há que ter preparação, estudos, empregar tecnologias adequadas e vontade de fazer as coisas. Mais técnica e menos política. Grande parte de nosso Estado vem sendo submetida, ao longo dos anos, a períodos longos de estiagem. É um fenômeno por todos conhecido e o pouco que foi planejado para solucionar o problema foi realizado. Agora, as “ideias” surgidas para combater a seca são poços artesianos (nota-se o despreparo da turma, pois o termo “artesiano” somente se pode dar a um poço cuja água flui à pressão), cisternas e açudes, além de continuar com a “cultura” do subsídio para paliar possíveis perdas ocasionadas pela frustração das safras. As cisternas eram utilizadas nas terras de Judea em tempos bíblicos. Hoje, em Israel, há outras formas mais adequadas de guardar água em quantidade e qualidade.

Qualquer técnico hidrólogo/hidráulico sabe que um açude serve para regularizar as vazões da água armazenada nele, para suprir necessidades hídricas a jusante. O problema ocorre quando não há o que regularizar, é dizer não há água no reservatório. O reservatório/açude pode não receber água devido a contingências climáticas adversas e então não haverá água para distribuir. De fato na atual seca que padece o Rio Grande do Sul vemos que os reservatórios existentes estão muito abaixo de sua capacidade e alguns praticamente secos. Por outro lado o estado do Rio Grande do Sul está assentado sobre o sistema do Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios de água potável do mundo, com um potencial de 50.000 quilômetros cúbicos. A profundidade mais comum do aquífero é de 200 m, podendo atingir, em algum caso, os 1.000 m. O caminho mais acertado de encarar o problema seria tratar de utilizar massivamente o grande potencial de águas subterrâneas, e implantar ao longo das regiões deprimidas campos de poços mais profundos. Mas sabemos que os políticos não gostam de poços, não saem na fotografia e são caros. O dinheiro fica para outras coisas, como Fóruns Sociais, por exemplo.

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