PAGANDO A CONTA. Seca eleva preços ao consumidor. A partir de segunda-feira, os gaúchos devem sentir no bolso os efeitos da falta de chuva que já castiga os produtores rurais - CAIO CIGANA, ZERO HORA 11/01/2012
O consumidor sentirá no bolso os efeitos da seca no campo. Como a falta de chuva reduz a oferta de alimento aos animais e gera perdas nas lavouras, frango e ovos devem subir cerca de 15% a partir de segunda-feira, enquanto o leite tende a ficar até 10% mais caro até fevereiro.
No caso da avicultura, a principal causa é a quebra na lavoura de milho no Estado. Com a disparada do preço do grão, que responde por cerca de 30% do custo de produção das empresas, a indústria sustenta que será necessário repasse de preços.
– O milho estava em torno de R$ 26 a R$ 27 o saco no fim de novembro, início de dezembro, e agora chega a R$ 34 pelo alarme sobre a queda da safra. Não tem jeito. Frangos e ovos vão subir – diz o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, revelando que o problema foi discutido ontem à tarde pela entidade, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pela Comissão de Agricultura da Assembleia.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos informa que, por enquanto, não há previsão de aumento da carne de porco por ser um período de baixo consumo, mas se os custos continuarem altos, o repasse seria inevitável.
No caso do leite, a situação só não é mais grave agora porque as lavouras de milho perdidas são usadas como alternativa para alimentar os animais em forma de silagem devido ao mau estado das pastagens. Mesmo assim, um levantamento realizado ontem pelo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS) mostra que a captação é hoje de 8,5 milhões de litros por dia, um milhão a menos do que o normal para o período. O problema, lembra o secretário executivo da entidade, Darlan Palharini, é que esta reserva de alimento acabará nos próximos meses. O aumento dos preços, previsto até fevereiro, também ocorrerá pela impossibilidade de outros centros estabilizarem a oferta. Palharini explica:
– Em Minas Gerais, a dificuldade é pelo excesso de chuvas. E a Argentina também está sofrendo com a seca.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, diz que já esperava um aumento do leite, mas entende que o no caso da carne de frango pode não chegar aos 15% previstos pela Asgav.
– Esses 15% até podem ser a necessidade, mas o consumidor pode optar por outra carne e também pode vir o produto de fora do Estado – entende.
Longo não descarta que o aumento atinja o óleo de soja pela previsão de safra menor na América do Sul.
Cartão-postal modificado
A estiagem modificou uma das imagens mais conhecidas da Capital. No lago do Parque Moinhos de Vento, bancos de areia chamam a atenção até de funcionários do parque que nunca viram o nível da água – onde existem peixes como lambaris, cascudos e carpas – tão baixo.
O lago do Parcão é abastecido de duas formas: por uma vertente e pela água das chuvas. Ambas são afetadas pela seca – a redução na precipitação também diminui sensivelmente o fluxo vindo do olho d’água. Além disso, explica Sergio Tomasini, engenheiro agrônomo e administrador do parque, o lago é muito mais raso do que parece aos que tomam chimarrão aos domingos em suas margens.
– Foi uma redução de uns 20 centímetros no nível da água, e já apareceu o assoreamento – constata.
Há um fator adicional, além da seca: a erosão do terreno, especialmente nas bordas, vem aumentando nos últimos anos a quantidade de terra no lago. Segundo Tomasini, escavar o local para deixar mais fundo – e evitar situações como a atual – causaria mais mal do que bem aos animais.
– Mexer muito no fundo do lago faz com que o sedimento (terra) fique suspenso nas águas, prejudicando peixes e cágados – afirma.
Uma limpeza nas margens, retirando galhos e folhas caídas das árvores, será feita hoje. Por ora, não há riscos aos animais que vivem no local, garante. Além dos peixes, o lago é residência de cágados e patos domesticados. A bióloga Soraya Ribeirovistoriou o lago do Parcão ontem à tarde e não constatou perigo para os animais.
Prontos para qualquer uma
Os cágados que povoam o lago do Parque Moinhos de Vento – são cerca de 500 animais de quatro espécies diferentes – são especialistas em aguentar o mau tempo. A tática é se enterrar na areia, seja no verão ou no inverno, para escapulir de temperaturas extremas. O segredo é que conseguem armazenar energia em forma de gordura: aí, conseguem ficar longos períodos sem se alimentar. No inverno, ficam até quatro meses debaixo da terra.
Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
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