Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O RS ARDE - ONDE A SECA NÃO DÁ TRÉGUA


Chuva desigual em diferentes regiões do Rio Grande do Sul faz com que municípios gaúchos ainda amarguem prejuízos - CAIO CIGANA, zero hora 17/01/2012

A terra segue com sede em parte do Rio Grande. A chuva da semana passada serviu para saciar a necessidade momentânea de umidade em regiões produtoras de grãos como o Norte, Planalto Médio e Campos de Cima da Serra, mas nos pontos onde a situação era mais crítica o quadro não se reverteu.

Maior núcleo de produção de soja no Estado, o Noroeste foi o retrato da irregularidade. Onde houve chuva, foi esparsa e, em regra, com baixos volumes acumulados. Na região de Santa Rosa, além das lavouras, a pecuária leiteira amarga queda de produção devido ao clima.

– As pastagens estão muito prejudicadas, e esta chuva foi muito irregular. Não foi suficiente para recuperá-las. Está tudo murcho – diz o gerente agroindustrial da Cooperativa Mista São Luiz (Coopermil), Milton Racho.

Descendo o mapa, o panorama segue se agravando em Tupanciretã, dono da maior área de soja no Estado. O milho já foi dizimado, e o cenário não é nada animador para a soja.

– A quebra na soja vai chegar a 40% – assegura o agrônomo da Cooperativa Agrícola Tupanciretã (Agropan) Luciano Luiz Callegaro.

Na região Central (com o Noroeste uma das regiões mais castigadas pelo déficit hídrico), pode faltar água nas barragens até para terminar o ciclo de algumas lavouras de arroz, aponta o diretor técnico da Cooperativa Tritícola Sepeense (Costrisel), Sinval Gressler.

– A evaporação dos reservatórios também é muito forte – acrescenta.

Em Santa Maria, por exemplo, o acumulado na 1° quinzena de janeiro soma apenas 30,9 mm, distribuídos em três dias. Em novembro e dezembro, a chuva também foi escassa – apenas 55 mm, ou 23% do normal. Dos primeiros 15 dias do mês, 12 tiveram temperatura superior aos 30°C – em cinco deles, passou dos 35°C.

Na Campanha, um dos maiores polos da pecuária de corte, a seca que voltou a deixar a zona urbana de Bagé com racionamento faz o gado emagrecer e deve comprometer novamente a taxa de natalidade de terneiros, projeta Erich Oscar Groeger, assistente técnico do escritório regional da Emater. Mesmo em partes do Estado onde a situação não era tão aguda, o quadro tende a se deteriorar. É o caso da Zona Sul.

– Até a semana passada não havia grandes perdas consolidadas. Mas a tendência é de agravamento – relata o gerente adjunto da Emater em Pelotas, Cesar Demenech.


OLHAR DO CAMPO | IRINEU GUARNIER FILHO. Gestão de águas

A chuva que trouxe algum alívio para os agricultores gaúchos não pode servir agora para desmobilizar governo e sociedade da busca por uma solução definitiva para o problema da estiagem que atinge o Estado sete vezes por década. As soluções são conhecidas e seria ocioso enumerá-las aqui. Mas não basta sair por aí escavando açudes e perfurando poços. Nem financiando pivôs ou kits de gotejamento em cada uma das mais de 400 mil propriedades do Estado. O gerenciamento das águas disponíveis (chuva, rios, barragens, subsolo) deve obedecer a uma ação articulada entre Estado e iniciativa privada. Isso porque talvez seja necessário inclusive transpor águas de uma região para outra, por meio de aquedutos. O que não seria nenhuma novidade. Os romanos já faziam isso há mais de 2 mil anos em quase todo o seu vasto império. A solução para a seca não pode ser pontual, regional, localizada. O Estado tem de ser beneficiado por essa “gestão de águas” em seu conjunto.

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