Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DESESPERO E CAOS NO RIO



Perplexidade no centro do Rio. Três prédios perto do Theatro Municipal, um deles com pelo menos 17 andares, desabaram ontem, e busca por vítimas continuaria hoje - zero hora 26/01/2012

Poeira, escombros e um forte cheiro de gás transformaram a Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, em um cenário de guerra na noite de ontem. Três prédios próximos ao Theatro Municipal desabaram por volta das 20h30min. Até a 1h30min de hoje, não havia a confirmação de mortos.

No início da madrugada, as informações eram desencontradas. O coronel Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros no Rio, informou em entrevista a possibilidade de haver pessoas soterradas. Foram ao chão um prédio com pelo menos 17 andares e outros dois, com quatro e 10 pavimentos. O contínuo Orlando Henrique Silveira conversava com um amigo no edifício mais alto. Ele estava com o porteiro do prédio e alertou ao amigo sobre um “tremor diferente” no edifício.

– Minutos antes, escutei um barulho e disse que algo parecia que estava caindo. Ele disse que não teria de me preocupar, falou que o prédio estava sempre estalando. Um tempo depois, senti novamente um tremor mais forte. Olhei para o alto e vi tudo descer. Ainda dei um grito para o Sérgio correr, mas acho que não deu – contou Silveira, ainda sujo de terra.

Problema estrutural é causa mais provável, diz prefeito

Pelo menos cinco pessoas foram internadas no Hospital Souza Aguiar, que fica próximo ao local. Entre elas estariam uma mulher de 30 anos com ferimento na cabeça, o zelador de um dos prédios e um operário que trabalhava na obra do outro.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, concedeu uma rápida entrevista no final da noite. Ele confirmou os relatos de que pessoas ainda estavam nos prédios na hora do desabamento e afirmou que as causas do acidente inda eram desconhecidas:

– O mais provável é que seja um problema estrutural.

Pessoas que estavam em prédios vizinhos contam que sentiram os imóveis balançarem, como se estivesse acontecendo um terremoto. Carros que estavam estacionados no entorno ficaram cobertos por poeira e entulho.

Cerca de 30 pessoas que estavam no prédio ao lado dos que desabaram foram resgatadas. O grupo pediu ajuda na cobertura, sinalizando com a luz de celulares. De acordo com a administração do Theatro Municipal, o prédio principal da instituição não foi atingido. O prédio anexo, nos fundos do teatro, sofreu alguns danos por causa do desabamento.

Fumaça preta e correria

Um estrondo semelhante a uma bomba, fumaça preta e muita correria. Logo após os edifícios irem ao chão, uma nuvem de poeira tomou conta das ruas da Cinelândia.

As testemunhas ficaram cobertas de pó. O operador de refrigeração Nelson Gomes escapou por pouco da tragédia. Ele estava no 10º andar de um dos prédios com 10 pessoas quando ouviu o estrondo.

– Desci as escadas correndo, desesperado. Quando saí do edifício, ele desabou. Escapei por um triz. Foi obra de Deus – relatou o operador.

Repercussão internacional

Em meio à pouca informação sobre o número de feridos no desabamento dos três prédios na área central do Rio de Janeiro na noite de ontem, sites de jornais e emissoras de TV do Exterior já noticiavam o incidente no início da madrugada de hoje. O site da emissora britânica BBC deu destaque a uma estimativa de que 11 pessoas estariam embaixo dos escombros na Cinelândia. O Cnn.com ressaltou que ainda não era possível estabelecer as causas do incidente, e a versão online do jornal espanhol El País afirmava que o número de feridos ainda era incerto.

ENTREVISTA. “Chegamos 20 minutos depois do desabamento”. Filipe Schorn Coimbra, bombeiro gaúcho que, até o início da madrugada, ajudava nos resgates.

Às 23h50min de ontem, Zero Hora conversou por telefone com o soldado Filipe Schorn Coimbra, 30 anos. O pelotense integra o grupo de resgate com cães do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e entraria a madrugada ajudando nos resgates.

Zero Hora – Como está a situação e onde você está?

Filipe Schorn Coimbra – A área toda foi isolada, só está o Corpo de Bombeiros aqui. São de 150 a 200 homens, somos aproximadamente cinco da equipe de cães. No momento, estou em cima do desabamento com meu cachorro. Nós chegamos aqui 20 minutos depois do desabamento.

ZH – Até o momento, o que foi possível identificar?

Coimbra – A gente já passou os cães pela área e marcou alguns locais onde provavelmente tenha vítimas. Trabalhamos com a informação de que haja aproximadamente 16 vítimas nos escombros.

ZH – Quantas pessoas já foram resgatadas?

Coimbra – Já tiramos três vítimas, que estavam mais próximas à superfície. Felizmente, todas com vida. Vamos trabalhar até encontrar todas as vítimas.

ZH – Há boatos de que haveria danos no serviço de gás.

Coimbra – Sim, provavelmente causou algum dano no serviço de gás. O gás aqui é encanado, e há também botijões. Por isso, foi desligado todo o gás da região. Agora mesmo estão apagando um foco de incêndio que está sendo controlado, possivelmente por causa do serviço de gás.

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