Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

SECA NÃO É FATALIDADE

EDITORIAL ZERO HORA 10/01/2012

Enquanto os governos federal e estadual anunciam medidas emergenciais para atenuar o drama da seca que castiga o Rio Grande do Sul, é importante enfatizar advertências como a feita pelo jornalista Irineu Guarnier Filho. No artigo intitulado “Seca não é destino”, o especialista em questões agrárias alerta que os Estados sulinos não podem incorrer no mesmo erro dos integrantes da Região Nordeste, habituados por décadas com a ajuda de Brasília. O agravante, no caso, é que essa ajuda, historicamente, pautou-se mais por critérios políticos do que técnicos, dando margem a crônicos desvios como os denunciados agora no âmbito do Ministério da Integração. É por isso que tanto as consequências simultâneas da estiagem prolongada no Estado e em Santa Catarina quanto as das chuvas em diferentes regiões do país devem ser atribuídas mais a problemas gerenciais do que simplesmente a imposições climáticas.

Certamente, o fenômeno atual – percebido pela falta de água tanto para a população quanto para a safra de grãos e para a pecuária – se deve à ausência de chuvas provocada pelo fenômeno La Niña. Assim como em 2005, porém, quando foram registrados prejuízos bilionários que amea- çam se repetir agora, faltaram medidas preventivas, capazes de evitar ou pelo menos atenuar a repetição do drama. A justificativa de sempre é a escassez de verba orçamentária, tanto em âmbito federal quanto estadual. As consequências de problemas cíclicos como a atual escassez de água, porém, devem ser explicadas mais pelo mau gerenciamento das medidas de prevenção do que pela falta de recursos financeiros.

O fato de ser aplicado muito menos do que o necessário nesta área pode ser comprovado pelas dotações orçamentárias a cada ano mais tímidas para irrigação, por exemplo, mesmo depois da última seca. Por mais que os governantes aleguem investir na construção de barragens, açudes e poços artesianos, ainda há muito a fazer nesta área. Objetivamente, o Estado avançou pouco em obras para armazenamento e abastecimento de água e enfrenta dificuldades para tornar real o seu Plano Estadual de Recursos Hídricos. Por isso, o andamento dessas providências deveria ser acelerado, para que não voltem a ser lembradas apenas no próximo episódio.

Assim como as chuvas, secas como a atual não se constituem em desafio apenas para os governos federal e estadual, mas também para as comunidades e os prefeitos que as representam. As alternativas, portanto, precisam ser buscadas sempre de forma conjunta e permanente, de preferência voltadas para a prevenção. É o modo mais eficaz de evitar contratempos para o cidadão e prejuízos ao agronegócio e à economia de maneira geral, com repercussões importantes sobre o consumo, o emprego e a arrecadação.

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