Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 30 de julho de 2013

43 CASAS NOTURNAS TESTADAS NO RS


ZERO HORA 28 de julho de 2013 | N° 17505

SANTA MARIA, 27/01/2013

ZH testa 43 casas noturnas gaúchas. Seis meses depois da tragédia da Kiss, que matou 242 pessoas, levantamento em boates de nove municípios revela avanços e alertas em itens de prevenção contra incêndios



O drama da boate Kiss, incendiada em 27 de janeiro, não passou em branco. É o que mostra uma avaliação feita por Zero Hora em 43 casas noturnas, às vésperas de se completarem seis meses da tragédia ocorrida em Santa Maria.

Repórteres percorreram boates e bares de nove cidades do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Maria, Rio Grande, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo –, na companhia de engenheiros especializados em prevenção de incêndio. Em todos os estabelecimentos, foram checados oito itens de segurança, divididos em risco grave, médio ou leve. Foram 344 pontos avaliados no check-list das casas noturnas.

A má notícia é que, entre os itens analisados, 115 estavam fora da recomendação feita pelos especialistas – ou seja, exatamente um terço da checagem mostrou algum tipo de falha. A boa notícia é que a maioria das falhas é leve (67 das 115), e menos de 10% dos itens vistoriados (30 dos 344) se mostraram perigosos a ponto de comprometer a segurança dos frequentadores.

Muitos dos proprietários admitiram ter feito reformas nas casas noturnas após o choque provocado pela tragédia em Santa Maria. Alguns se adequaram depois de receberem visita de fiscais municipais ou bombeiros. Outros se anteciparam à fiscalização e agiram por conta.

O certo é que o incêndio que matou 242 pessoas na Kiss assustou e estimulou os empresários da noite a incrementarem a segurança. De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), a busca por profissionais especializados na elaboração de Planos de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) aumentou 160% no Estado .

– O que verificamos é que cresceu o número de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) emitidas. Quer dizer, (as casas noturnas) estão contratando profissionais – informa o presidente do Crea-RS, Luiz Alcides Capoani.

Conforme a entidade, o número de vistorias feitas por engenheiros em casas noturnas cresceu 256% em Novo Hamburgo, 216% em Alegrete, 200% em São Leopoldo e 160% em Santa Cruz do Sul. Na Capital, o incremento foi de 15%.

Casas do Interior estão adequadas

Os dois engenheiros do Crea-RS que visitaram 13 casas noturnas de Porto Alegre entre 18 e 20 de julho, acompanhando os jornalistas de ZH, concordam que a situação melhorou. Carlos Wengrover e Telmo Brentano entendem que a segurança foi reforçada, na comparação com anos anteriores.

– O pessoal está se enquadrando, houve uma conscientização bastante boa. Mas (as casas noturnas) ainda não chegaram no ideal e, se não houver fiscalização, (a situação) vai cair na gandaia – analisa Brentano.

Opinião semelhante têm os especialistas que acompanharam o Teste ZH no Interior. Em Santa Cruz do Sul, o engenheiro Luís Eduardo Leitão visitou as casas noturnas e concluiu que, em geral, elas estão adequadas à legislação: há saídas de emergência com barras antipânico, extintores de incêndio e iluminação de emergência em número conveniente para os espaços.

– A não ser uma ou outra situação pontual, como a saída de emergência ser em um ponto de acesso restrito (área VIP), podemos concluir que elas são seguras. A única questão ainda a levantar é se os funcionários estão preparados para uma emergência, para agir com calma e presteza, direcionando as pessoas para uma evacuação rápida e segura – pondera Leitão.

* Participaram desta reportagem Adriano Duarte, André Mags, Eduardo Rosa, Humberto Trezzi, Júlia Otero, João Vitor Novoa, Fernanda da Costa, Rafael Divério, Vanessa Kannenberg, Patric Chagas e Taís Seibt.

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