Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

SOCORRO NA CAPITAL GAÚCHA



ZERO HORA 09 de julho de 2013 | N° 17486

SOCORRO NA CAPITAL

Das 13 unidades da corporação previstas para Porto Alegre, apenas oito estão habilitadas para operar em toda a cidade


JOSÉ LUÍS COSTA

Labaredas começavam a engolir parte do segundo piso do Mercado Público de Porto Alegre, sábado à noite, enquanto bombeiros tentavam, em vão, abrir um hidrante próximo à prefeitura.

Uma peça interna estava quebrada, possivelmente por um ato de vandalismo, e não funcionou. Em meio ao tumulto, um bombeiro lembrou que a antiga estação Mauá, quase ao lado da prefeitura, desativada havia dois anos, tinha um hidrante que poderia ser usado. Um portão de ferro foi arrombado, uma mangueira foi conectada ao equipamento e logo a água jorrou para ajudar a debelar as chamas que consumiriam 10% do prédio.

O episódio é um exemplo de como o 1º Comando Regional de Bombeiros (1º CRB), enfrenta incêndios em Porto Alegre.

– Se ainda existisse a estação Mauá e duas escadas mecânicas estivessem a nossa disposição, quem sabe, teríamos diminuído a área atingida pelo fogo – lamenta o major Rodrigo Dutra, subcomandante do 1º CRB, e coordenador do núcleo de oficiais bombeiros da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asofbm).

Das 13 estações de combate a incêndio previstas para a Capital, 10 estão em atividade, mas apenas oito são habilitadas para operar em toda a cidade (a estação Mauá foi fechada, duas existem apenas no papel, uma só atende ao aeroporto, e outra, dependendo de horários, pode, no máximo, servir de apoio). O quadro de pessoal sofre com um déficit de 31,1%, considerando o efetivo previsto pela Brigada Militar. Se levar em conta estimativas internacionais, a crise de pessoal chega a 50%. Um dos problemas mais graves é a falta de uma equipe especializada em lidar com acidentes com produtos químicos ou radiológicos.

Em termos de equipamentos, as oito estações operacionais contam com 10 caminhões de combate a incêndio – a maioria com mais de 15 anos de uso, passando boa parte do tempo em oficinas. O necessário seria, pelo menos, o dobro. O 1º CRB dispõe de uma escada mecânica (Magirus), quando o mínimo necessário seriam quatro.

Risco de ações no Guaíba

Outro equipamento que ajudaria a garantir a segurança na Capital seria uma lancha-bomba, com capacidade de sucção de água do Guaíba.

– Existem navios que atracam no porto, e há ainda o Catamarã. Se acontece um incêndio com essas embarcações, só temos um bote salva-vidas – afirma o major.

O 1º CRB chegou a ter duas lanchas, fabricadas nas décadas de 20 e 30, em uso até 1996, ano do incêndio no Edifício Cacique, até então, o último grande incêndio na Capital:

– Na época, a estrutura até era melhor. A situação atual é preocupante. Este ano, tivemos ocorrências graves no Estado, com repercussão mundial. Temos apenas um trunfo que é a qualificação humana. O pessoal é bem treinado e faz milagres.

O presidente da Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs), Ubirajara Ramos, acrescenta:

– Temos dedicação profissional e uma estrutura amadora.


Separação da corporação é analisada pelo Piratini

Debatida há décadas, a desvinculação do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar (BM) está de novo em discussão. E, desta vez, com mais ênfase. Há cerca de dois meses, o Conselho Superior da BM – formado pelos coronéis da ativa, a elite da tropa – indicou que a separação seria o melhor caminho a ser seguido pela corporação. No dia 2 de julho, Dia Nacional do Bombeiro, um projeto gestado pelo comando-geral da Brigada foi encaminhado para análise da Casa Civil, no Palácio Piratini.

O projeto prevê autonomia administrativa e financeira para os bombeiros, embora ainda sob a tutela da BM.

– É um avanço, início da separação – analisa a deputada estadual, Miriam Marroni (PT), estudiosa do assunto.

Apenas no Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo e na Bahia os bombeiros são braços das polícias militares. O porta-voz do comando-geral da BM, tenente-coronel Eviltom Pereira Diaz, evitou comentar detalhes do projeto.

Sobre a estrutura dos bombeiros na Capital, Eviltom afirmou que as deficiências são históricas. Lembrou que estão sendo adquiridos três carros e uma auto plataforma – caminhão com um braço conectado a um cesto, no qual um bombeiro pode se aproximar de áreas em chamas a uma altura de até 80 metros.

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