CORREIO DO POVO 15/07/2013 07:34
Capital tem apenas 330 profissionais. Décima cidade mais populosa do País, Porto Alegre deveria ter 1,8 mil combatentes
Décima cidade mais populosa do País, Porto Alegre deveria ter 1,8 mil combatentes
Crédito: Wilson Cardoso / BM / Divulgação / CP
A população brasileira alcançou 193.946.886 de pessoas em 1º julho deste ano, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio Grande do Sul é o quinto Estado mais populoso do país, com 10,7 milhões de pessoas. Porto Alegre tem 1.416.714 moradores e segue cotada como a 10ª cidade mais populosa do Brasil. Organismos internacionais preconizam que cidades com mais de 1 milhão de habitantes sejam atendidas por, no mínimo, 810 bombeiros. O ideal seriam 1,2 bombeiro por mil habitantes, mas a capital gaúcha, no entanto, tem apenas 330, o que representa uma grande defasagem do Corpo de Bombeiros da Capital em relação a outras cidades pelo mundo.
Em razão da população local, Porto Alegre precisaria ter 1,8 mil profissionais para atender as necessidades. Em cidades com menos de 1 milhão, seria um bombeiro para 2 mil habitantes. De acordo com o coordenador do Núcleo de Bombeiros da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsOfBM), major Rodrigo Dutra, na Capital existem oito quartéis de bombeiros, sendo que o ideal seriam 13. Destas, apenas oito estações de combate a incêndio possuem caminhões para atender as ocorrências. "Seria preciso duas viaturas, sendo que uma serviria de reserva", revela. "E estes caminhões são de 1997 e sujeitos a falhas. Cada vez que um quebra, a estação é fechada", complementa. Conforme o oficial, a Capital conta apenas com duas escadas mecânicas (chamadas de aparatos aéreos), o que não é suficiente para atender as necessidades de uma grande cidade.
O major Dutra admite que uma dessas escadas está inoperante, pois foi instalada em um caminhão da década de 1980, vindo da Alemanha, e há dificuldades em encontrar peças para reposição. Apenas uma escada desse tipo, que chega a uma altura de 30 metros, está em operação desde 1996. Ele admite que caminhões equipados com escadas mecânicas que pudessem chegar a alturas acima de 60 metros não existem em Porto Alegre. 'Para a Capital deveríamos ter quatro aparatos aéreos, pois com apenas um dificulta as ações nas edificações mais altas', afirma. Três escadas mecânicas e uma plataforma, que se ergueria acima de 60 metros seria o ideal', descreve. Foi o caso do incêndio no Mercado Público. Com apenas uma escada, os bombeiros tiveram que reposicionar o equipamento por diversas vezes, atacando os flancos onde o fogo estava mais forte, até a chegada de equipamento vindo de Novo Hamburgo.
"A certeza é de que os bombeiros têm uma ótima qualificação e um bom treinamento, que garante o sucesso das ações", assegura Dutra, salientando que o treinamento do efetivo visa a superar as dificuldades e a falta de equipamentos. Também destaca a inclusão de 600 homens nos últimos anos, de maneira específica para a profissão, pois antes quem escolhia onde o novato seria lotado era a Brigada Militar. De acordo com o coordenador-geral da Associação dos Bombeiros do RS (Abergs), Ubirajada Ramos, se fosse aplicado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), muitos caminhões não poderiam circular pelas ruas da Capital. "Muitos não têm cinto de segurança ou bancos", denuncia.
São Borja não tem quartel
Falta de um quartel e pessoal efetivo na área central da cidade são hoje os maiores problemas enfrentados pelos bombeiros em São Borja. Recém estão recomeçando a construção de uma unidade, no entroncamento entre as ruas General Marques, Borges do Canto e Júlio Tróis, obra que é aguardada há mais de quatro anos.
O comandante da 3ª Seção de Combate a Incêndios (3 SCI), tenente Adilson Araújo, ressalta que o atual quartel, no bairro do Passo, apesar de ter instalações adequadas, fica no extremo Norte da cidade, circunstância que demora muito para o tempo-resposta no atendimento das ocorrências de incêndio.
As obras do novo quartel, iniciadas com recursos do município e do Funrebom, pararam porque houve necessidade de licitação e liberação de recursos do Estado. Agora a empresa Construmonte, de Montenegro, que venceu a disputa, tem até o dia 21 de dezembro para concluir a construção do imóvel, que está orçado em mais de R$ 350 mil.
A unidade dos bombeiros em São Borja tem caráter regional, atendendo também Itaqui, Maçambará, Itacurubi e Garruchos, que, juntos, têm 120 mil habitantes. Possui um efetivo de 27 homens, distribuídos entre São Borja e Itaqui, mas deveria ter pelo menos 44. São três viaturas de combate ao fogo, uma delas praticamente nova, de 2011, resultante de indicação da Consulta Popular. Outra, entretanto, é de 1978. Itaqui tem quatro bombeiros e um caminhão de combate ao fogo. São Borja, como a maioria das cidades do interior, não tem escada mecânica para atuação em ocorrências em altura.
Capital tem apenas 330 profissionais. Décima cidade mais populosa do País, Porto Alegre deveria ter 1,8 mil combatentes
Décima cidade mais populosa do País, Porto Alegre deveria ter 1,8 mil combatentes
Crédito: Wilson Cardoso / BM / Divulgação / CP
A população brasileira alcançou 193.946.886 de pessoas em 1º julho deste ano, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio Grande do Sul é o quinto Estado mais populoso do país, com 10,7 milhões de pessoas. Porto Alegre tem 1.416.714 moradores e segue cotada como a 10ª cidade mais populosa do Brasil. Organismos internacionais preconizam que cidades com mais de 1 milhão de habitantes sejam atendidas por, no mínimo, 810 bombeiros. O ideal seriam 1,2 bombeiro por mil habitantes, mas a capital gaúcha, no entanto, tem apenas 330, o que representa uma grande defasagem do Corpo de Bombeiros da Capital em relação a outras cidades pelo mundo.
Em razão da população local, Porto Alegre precisaria ter 1,8 mil profissionais para atender as necessidades. Em cidades com menos de 1 milhão, seria um bombeiro para 2 mil habitantes. De acordo com o coordenador do Núcleo de Bombeiros da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsOfBM), major Rodrigo Dutra, na Capital existem oito quartéis de bombeiros, sendo que o ideal seriam 13. Destas, apenas oito estações de combate a incêndio possuem caminhões para atender as ocorrências. "Seria preciso duas viaturas, sendo que uma serviria de reserva", revela. "E estes caminhões são de 1997 e sujeitos a falhas. Cada vez que um quebra, a estação é fechada", complementa. Conforme o oficial, a Capital conta apenas com duas escadas mecânicas (chamadas de aparatos aéreos), o que não é suficiente para atender as necessidades de uma grande cidade.
O major Dutra admite que uma dessas escadas está inoperante, pois foi instalada em um caminhão da década de 1980, vindo da Alemanha, e há dificuldades em encontrar peças para reposição. Apenas uma escada desse tipo, que chega a uma altura de 30 metros, está em operação desde 1996. Ele admite que caminhões equipados com escadas mecânicas que pudessem chegar a alturas acima de 60 metros não existem em Porto Alegre. 'Para a Capital deveríamos ter quatro aparatos aéreos, pois com apenas um dificulta as ações nas edificações mais altas', afirma. Três escadas mecânicas e uma plataforma, que se ergueria acima de 60 metros seria o ideal', descreve. Foi o caso do incêndio no Mercado Público. Com apenas uma escada, os bombeiros tiveram que reposicionar o equipamento por diversas vezes, atacando os flancos onde o fogo estava mais forte, até a chegada de equipamento vindo de Novo Hamburgo.
"A certeza é de que os bombeiros têm uma ótima qualificação e um bom treinamento, que garante o sucesso das ações", assegura Dutra, salientando que o treinamento do efetivo visa a superar as dificuldades e a falta de equipamentos. Também destaca a inclusão de 600 homens nos últimos anos, de maneira específica para a profissão, pois antes quem escolhia onde o novato seria lotado era a Brigada Militar. De acordo com o coordenador-geral da Associação dos Bombeiros do RS (Abergs), Ubirajada Ramos, se fosse aplicado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), muitos caminhões não poderiam circular pelas ruas da Capital. "Muitos não têm cinto de segurança ou bancos", denuncia.
São Borja não tem quartel
Falta de um quartel e pessoal efetivo na área central da cidade são hoje os maiores problemas enfrentados pelos bombeiros em São Borja. Recém estão recomeçando a construção de uma unidade, no entroncamento entre as ruas General Marques, Borges do Canto e Júlio Tróis, obra que é aguardada há mais de quatro anos.
O comandante da 3ª Seção de Combate a Incêndios (3 SCI), tenente Adilson Araújo, ressalta que o atual quartel, no bairro do Passo, apesar de ter instalações adequadas, fica no extremo Norte da cidade, circunstância que demora muito para o tempo-resposta no atendimento das ocorrências de incêndio.
As obras do novo quartel, iniciadas com recursos do município e do Funrebom, pararam porque houve necessidade de licitação e liberação de recursos do Estado. Agora a empresa Construmonte, de Montenegro, que venceu a disputa, tem até o dia 21 de dezembro para concluir a construção do imóvel, que está orçado em mais de R$ 350 mil.
A unidade dos bombeiros em São Borja tem caráter regional, atendendo também Itaqui, Maçambará, Itacurubi e Garruchos, que, juntos, têm 120 mil habitantes. Possui um efetivo de 27 homens, distribuídos entre São Borja e Itaqui, mas deveria ter pelo menos 44. São três viaturas de combate ao fogo, uma delas praticamente nova, de 2011, resultante de indicação da Consulta Popular. Outra, entretanto, é de 1978. Itaqui tem quatro bombeiros e um caminhão de combate ao fogo. São Borja, como a maioria das cidades do interior, não tem escada mecânica para atuação em ocorrências em altura.
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