LIZIE ANTONELLO E PATRIC CHAGAS
Pelo menos 234 das 241 vítimas do incêndio da boate Kiss foram intoxicadas por cianeto e monóxido de carbono. Todas elas morreram no dia 27 de janeiro, mesmo dia da tragédia. Faltam ainda os resultados da perícia das sete pessoas que morreram nos dias subsequentes, em hospitais do Estado.
A informação foi divulgada ontem pela chefe da Regional de Santa Maria do Instituto-geral de Perícias (IGP), Maria Ângela Zuchetto, que entregou, na 1ª Delegacia da Polícia Civil, o resultado de mais 222 laudos de exames de necropsia. Como os laudos chegaram à tarde, e a polícia ainda precisa de outros pareceres para concluir o inquérito, o resultado da investigação não será entregue antes da próxima terça-feira.
Maria Ângela explicou que os exames das causas das mortes foram feitos a partir de amostras de urina e sangue retiradas dos corpos das vítimas, ainda em 27 de janeiro, quando a boate Kiss pegou fogo. Estes exames serão somados aos outros 12 laudos recebidos anteriormente pela Polícia Civil, e que também apontaram a asfixia por inalação de gases tóxicos como a causa da morte das vítimas. Os gases tóxicos foram emitidos pela queima da espuma usada no revestimento acústico da boate.
– Os exames apontaram asfixia por gases tóxicos como causa da morte em 100 % das vítimas (analisadas) – afirmou a perita.
O cianeto, um dos gases liberados pela queima da espuma, chegou a estar no centro de uma polêmica. Desde o início da investigação, a Polícia Civil aponta este elemento químico como a principal causa da morte dos jovens que estavam na danceteria e que foi o mesmo utilizado nas câmaras de gás nazistas durante a II Guerra Mundial.
Para o delegado Marcelo Arigony, um dos responsáveis pela investigação do caso, a confirmação da causa da morte das vítimas não traz nenhuma novidade:
– Os laudos vêm apontando a sinergia entre o cianeto e o monóxido de carbono e apontando isso como a causa da morte daquelas pessoas. Isso vem dentro do panorama probatório que já está formado e dentro daquilo que a gente vem dizendo desde o início. Então, não há nenhuma surpresa (em relação aos dados divulgados).
De acordo com o chefe da Polícia Civil, Ranolfo Vieira Júnior, a investigação aguarda o resultado dos laudos produzidos pelo Departamento Médico Legal de Porto Alegre, referente às vítimas que morreram em hospitais da Capital. O laudo da espuma, usada no revestimento acústico da Kiss, é considerado uma das peças mais importantes da investigação. Prova disso, é que a falta deste resultado é apontada como o motivo para o adiamento da conclusão do inquérito policial. Ranolfo revelou também que, em contato com o IGP, a polícia foi informada de que o resultado deve estar pronto até segunda-feira.
Limite da Kiss era de 700 a 750 frequentadores
ADRIANA IRION
Uma das principais conclusões da perícia do Departamento de Criminalística (DC) no caso do incêndio da boate Kiss é de que a capacidade da casa noturna era inferior a 750 pessoas.
A informação técnica fortalece o que a investigação da Polícia Civil já apontava a partir de testemunhos: a superlotação da boate no incêndio que matou 241 pessoas.
O laudo foi entregue ontem aos delegados que atuam no caso em Santa Maria. A partir do cruzamento de dados como o número de feridos e de outros frequentadores que depuseram, a polícia já calculava que ao menos mil pessoas estavam na boate.
Em um laudo específico o DC produziu a análise dos cinco extintores de incêndio que existiam na boate. O DC comprovou que um extintor, acionado logo depois de o fogo começar, falhou. Ela estava sem a carga completa e, por isso, não tinha pressão para liberar o pó químico.
No exame feito pelos peritos foi definido o foco inicial do incêndio. Essa localização foi confirmada também, depois, por um vídeo feito em telefone celular por uma vítima que morreu. A imagem mostra o começo do fogo e o vocalista da banda Gurizada Fandangueira tentando usar o extintor. Quando percebe que o equipamento não funciona, o músico o entrega a um segurança da boate e diz: “Vamos embora”.
Os delegados, ao concluírem o inquérito, podem entender que, se o extintor tivesse funcionado, o fogo teria sido contido imediatamente. Isso é um dos fatores que pesariam em relação à responsabilização dos sócios ou funcionários da boate, que teriam a obrigação de manter todos os equipamentos em perfeitas condições de uso.
A perícia do DC também trata de quantas pessoas poderiam estar dentro da boate – o laudo traz um número entre 700 e 750 pessoas – e da capacidade de evacuação.
– Especialistas recomendam a existência de mais de uma saída, de preferência, afastadas uma da outra, visando a oferecer mais de uma possibilidade de rota de fuga. Imaginem se tivesse pego fogo junto à única porta? Nenhuma pessoa conseguiria sair – comenta uma autoridade que viu o laudo.
A perícia também analisa toda a parte estrutural da casa, indicando que havia diversos obstáculos que prejudicaram a saída das vítimas, como as barras instaladas na parte da frente da boate, antes da porta de saída. O sistema de exaustão e de ar-condicionado também teve falhas apontadas pelos peritos. No laudo são respondidos ainda diversos quesitos elaborados pela Polícia Civil.
A informação técnica fortalece o que a investigação da Polícia Civil já apontava a partir de testemunhos: a superlotação da boate no incêndio que matou 241 pessoas.
O laudo foi entregue ontem aos delegados que atuam no caso em Santa Maria. A partir do cruzamento de dados como o número de feridos e de outros frequentadores que depuseram, a polícia já calculava que ao menos mil pessoas estavam na boate.
Em um laudo específico o DC produziu a análise dos cinco extintores de incêndio que existiam na boate. O DC comprovou que um extintor, acionado logo depois de o fogo começar, falhou. Ela estava sem a carga completa e, por isso, não tinha pressão para liberar o pó químico.
No exame feito pelos peritos foi definido o foco inicial do incêndio. Essa localização foi confirmada também, depois, por um vídeo feito em telefone celular por uma vítima que morreu. A imagem mostra o começo do fogo e o vocalista da banda Gurizada Fandangueira tentando usar o extintor. Quando percebe que o equipamento não funciona, o músico o entrega a um segurança da boate e diz: “Vamos embora”.
Os delegados, ao concluírem o inquérito, podem entender que, se o extintor tivesse funcionado, o fogo teria sido contido imediatamente. Isso é um dos fatores que pesariam em relação à responsabilização dos sócios ou funcionários da boate, que teriam a obrigação de manter todos os equipamentos em perfeitas condições de uso.
A perícia do DC também trata de quantas pessoas poderiam estar dentro da boate – o laudo traz um número entre 700 e 750 pessoas – e da capacidade de evacuação.
– Especialistas recomendam a existência de mais de uma saída, de preferência, afastadas uma da outra, visando a oferecer mais de uma possibilidade de rota de fuga. Imaginem se tivesse pego fogo junto à única porta? Nenhuma pessoa conseguiria sair – comenta uma autoridade que viu o laudo.
A perícia também analisa toda a parte estrutural da casa, indicando que havia diversos obstáculos que prejudicaram a saída das vítimas, como as barras instaladas na parte da frente da boate, antes da porta de saída. O sistema de exaustão e de ar-condicionado também teve falhas apontadas pelos peritos. No laudo são respondidos ainda diversos quesitos elaborados pela Polícia Civil.
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