Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 19 de março de 2013

KISS: JANELAS E EXAUSTORES ESTAVAM OBSTRUÍDOS

ZERO HORA 19 de março de 2013 | N° 17376

SANTA MARIA, 27/01/2013


Além de ter uma porta inadequada, com uma barra da ferro imprópria e de contar com um extintor sem carga, a Kiss estava com os exaustores obstruídos, o que colaborou para que as pessoas morressem asfixiadas pela combinação de cianeto e monóxido de carbono liberada pela fumaça do incêndio de 27 de janeiro, na boate. A conclusão está nos laudos entregues pelo Instituto-geral de Perícias (IGP) à Polícia Civil na última sexta-feira.

Conforme o delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação do incêndio, ainda é preciso estudar melhor a questão dos exaustores, mas os equipamentos estavam comprometidos depois de reformas feitas na casa noturna.

– Este detalhe precisa ainda ser melhor estudado, mas dá para se dizer que, se os exaustores estivessem funcionando de forma adequada, no mínimo, minimizaria os efeitos da fumaça. A gente sabe que a única saída de ar era a porta principal da boate. As janelas e as saídas dos exaustores estavam obstruídas – explicou Meinerz.

O sistema de exaustão da Kiss é um dos 29 quesitos que integram o laudo do incêndio solicitados pela polícia ao IPG. A perícia sobre a espuma que revestia a parte interna da boate era esperada para ontem, mas não chegou. Os laudos devem chegar hoje. A nova previsão para encerramento da investigação é a quinta-feira.

Retirada de documentos da prefeitura sob suspeita

Um fato novo e ainda não investigado até o final ganhou destaque nas apurações sobre o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria.

A Polícia Civil pediu as imagens das câmeras de vigilância do prédio da Sociedade União de Caixeiros Viajantes (SUCV) para apurar se procede a denúncia de que uma pessoa teria entrado no prédio na noite seguinte à tragédia para, supostamente, apagar arquivos de computadores da prefeitura. No prédio está instalado o gabinete do prefeito Cezar Schirmer.

As imagens já foram encaminhadas à polícia pela prefeitura na quarta-feira, dia 13. Conforme o delegado Marcelo Arigony, que coordena as investigações do incêndio que deixou 241 mortos e dezenas de feridos, a polícia recebeu, logo após a tragédia, a denúncia de que alguém teria ido na prefeitura e retirado documentos – em papel ou HDs de computadores.

Um homem ligado a uma empresa de manutenção de computadores foi apontado, pelo denunciante, como quem teria entrado no local de madrugada e feito uma limpeza nos arquivos da prefeitura. O profissional foi chamado pela polícia para prestar esclarecimentos e negou que tivesse ido ao local e feito o trabalho.

Câmeras podem auxiliar apuração

Há quatro dias, a polícia recebeu outra pista: câmeras da prefeitura poderiam ter gravado alguém mexendo em papéis do município. As imagens foram repassadas à equipe coordenada pelo delegado Arigony. Até as 21h de ontem, porém, nenhum policial havia analisado o vídeo, que já está em poder da polícia há cinco dias

O secretário de Comunicação e Relações de Governo, Giovani Mânica, disse que disponibilizou as imagens à polícia sem ver o conteúdo gravado. Também informou que, já que a polícia está investigando o caso, não há planos de abrir uma sindicância interna para apurar o que houve naquela madrugada. Além das imagens, o secretário garante que os guardas de plantão naquela noite estão à disposição da investigação policial.

– Não sei se alguém entrou na prefeitura na madrugada de domingo (de 27 para 28 de janeiro, um dia após o incêndio na boate), muito menos quem seria. Mas estamos auxiliando a polícia para saber se isso ocorreu – disse o Mânica.


Sócio da Kiss não quis falar a delegados

Um dos sócios da boate Kiss Elissandro Spohr, o Kiko, se negou a prestar depoimento à polícia ontem à tarde, na Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde permanece preso. Sob orientação do defensor, Kiko se calou. O motivo foi a negativa da polícia a um pedido do advogado, Jader Marques, de gravar o depoimento. A ideia do defensor era disponibilizar as declarações à imprensa.

Em entrevista coletiva, Marques fez uma série de declarações que supostamente estariam no segundo depoimento de seu cliente, previsto para ontem e que acabou não ocorrendo.

– A quem interessa o silêncio de Elissandro Spohr? Arrisco uma resposta, ele derruba esse inquérito frágil, apoiado em indícios fracos, em elementos mal colhidos, faremos isso no bojo da instrução penal. A autoridade policial não só prendeu Elissandro, mas escondeu Elissandro – disse o advogado.

Conforme o delegado regional Marcelo Arigony, a polícia não autorizou a gravação do depoimento pelo defensor porque seria um privilégio em relação aos outros investigados:

– A polícia quis ouvir Kiko, mas ele abriu mão do direito de ser ouvido (ontem). Sobre pedido de ir à boate, o defensor deve formalizar nos autos.














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