Prefeito acusa governo do estado de manipular investigação da Kiss. Advogado reclama de ‘espetacularização’ da apuração policial
FLÁVIO ILHA
O GLOBO
Atualizado:22/03/13 - 22h39
PORTO ALEGRE — O prefeito de Santa Maria reagiu com indignação à sua citação no inquérito que apurou o incêndio na boate Kiss. Num rápido pronunciamento, Cezar Schirmer acusou o governo estadual, a polícia e o delegado regional de Santa Maria de manipularem as investigações e disse que ficou surpreso com seu indiciamento.
— Prevaleceu a vontade do estado de se exonerar de suas responsabilidades. Desde o começo da investigação percebemos indícios de manipulação política. No segundo dia, já houve manifestações públicas e ostensivas de altas autoridades estaduais, e a chefia de polícia veio várias vezes a Santa Maria orientar o inquérito. Além disso, o delegado regional (Marcelo Arigony) fez publicamente juízo de valor político sobre nossa administração, o que não lhe cabe — contestou o prefeito.
Diante de um inquérito considerado por ele como um “absurdo jurídico”, o prefeito disse que confia agora apenas no Ministério Público e na Justiça:
— Esse inquérito é um procedimento de natureza política, que como tal será respondido. Estou clamando por justiça, mas a justiça cega, que não olha para partidos e outras condições. Que não seja aquilo que está nos autos de uma investigação que deveria ser séria, isenta, responsável e precisa, como quer a população, os familiares das vítimas e, acima de tudo, o prefeito de Santa Maria.
No começo da investigação, Schirmer elogiou o trabalho da polícia. Uma semana antes da conclusão do inquérito, entretanto, foi chamado a depor e acabou sendo ouvido formalmente pelos delegados do caso. Um laudo de um engenheiro da prefeitura, apontando 29 irregularidades na Kiss, foi obtido da prefeitura apenas mediante mandado de busca e apreensão.
Os advogados de defesa dos principais acusados também reagiram ao resultado da investigação. Bruno Seligman e Mario Cipriani, que defendem o empresário Mauro Hoffmann, divulgaram nota em que acusam os delegados e o Ministério Público de anteciparem o seu indiciamento muito antes de provas fundamentais terem sido coletadas. “O ato de prender para investigar, de culpar antes de julgar, muito próprios de estados autoritários, serviu para dar uma resposta — equivocada — à sociedade, sangrando o princípio da presunção de inocência”, diz a nota.
O advogado de Elissandro Spohr, Jader Marques, criticou a “espetacularização” da apresentação do inquérito.
— O próprio delegado foi taxativo ao dizer que a opção (por crime doloso) se deve ao tamanho da tragédia, e não a uma opção técnica ou jurídica — disse Marques.
Atualizado:22/03/13 - 22h39
PORTO ALEGRE — O prefeito de Santa Maria reagiu com indignação à sua citação no inquérito que apurou o incêndio na boate Kiss. Num rápido pronunciamento, Cezar Schirmer acusou o governo estadual, a polícia e o delegado regional de Santa Maria de manipularem as investigações e disse que ficou surpreso com seu indiciamento.
— Prevaleceu a vontade do estado de se exonerar de suas responsabilidades. Desde o começo da investigação percebemos indícios de manipulação política. No segundo dia, já houve manifestações públicas e ostensivas de altas autoridades estaduais, e a chefia de polícia veio várias vezes a Santa Maria orientar o inquérito. Além disso, o delegado regional (Marcelo Arigony) fez publicamente juízo de valor político sobre nossa administração, o que não lhe cabe — contestou o prefeito.
Diante de um inquérito considerado por ele como um “absurdo jurídico”, o prefeito disse que confia agora apenas no Ministério Público e na Justiça:
— Esse inquérito é um procedimento de natureza política, que como tal será respondido. Estou clamando por justiça, mas a justiça cega, que não olha para partidos e outras condições. Que não seja aquilo que está nos autos de uma investigação que deveria ser séria, isenta, responsável e precisa, como quer a população, os familiares das vítimas e, acima de tudo, o prefeito de Santa Maria.
No começo da investigação, Schirmer elogiou o trabalho da polícia. Uma semana antes da conclusão do inquérito, entretanto, foi chamado a depor e acabou sendo ouvido formalmente pelos delegados do caso. Um laudo de um engenheiro da prefeitura, apontando 29 irregularidades na Kiss, foi obtido da prefeitura apenas mediante mandado de busca e apreensão.
Os advogados de defesa dos principais acusados também reagiram ao resultado da investigação. Bruno Seligman e Mario Cipriani, que defendem o empresário Mauro Hoffmann, divulgaram nota em que acusam os delegados e o Ministério Público de anteciparem o seu indiciamento muito antes de provas fundamentais terem sido coletadas. “O ato de prender para investigar, de culpar antes de julgar, muito próprios de estados autoritários, serviu para dar uma resposta — equivocada — à sociedade, sangrando o princípio da presunção de inocência”, diz a nota.
O advogado de Elissandro Spohr, Jader Marques, criticou a “espetacularização” da apresentação do inquérito.
— O próprio delegado foi taxativo ao dizer que a opção (por crime doloso) se deve ao tamanho da tragédia, e não a uma opção técnica ou jurídica — disse Marques.
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