Chuva e mortes em Petrópolis
Deslizamentos em cidade turística da região serrana do Rio já mataram 16 pessoas e deixaram mais de 550 desalojadas
Dezesseis pessoas morreram e 33 ficaram feridas até o início da noite de ontem na cidade turística de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, em razão da chuva. Alguns bairros do município receberam até 390 milímetros de precipitação em 24 horas – o esperado para todo o mês de março era de 270 milímetros.
Houve deslizamentos de terra, e o governador do Rio, Sérgio Cabral, fez um apelo para que as pessoas deixem as áreas de risco e procurem abrigos organizados pela prefeitura. A presidente Dilma Rousseff ofereceu apoio. Em Roma, ela disse que devem ser tomadas “medidas um pouco mais drásticas” para impedir que as pessoas insistam em ficar em áreas de risco, na tentativa de reduzir o número de vítimas da chuva.
Até ontem, mais de 550 pessoas estavam desalojadas. Pela manhã, os rios que transbordaram retornaram ao seu curso, mas a meteorologia prevê mais chuva. O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, decretou feriado escolar, pediu para a população permanecer em suas casas e alertou sobre o risco de novos deslizamentos de terra na região. Entre os 16 mortos, estão dois técnicos da Defesa Civil que trabalhavam no resgate de desaparecidos. Eles foram atingidos por deslizamentos quando ajudavam nas buscas por vítimas
– Eles tinham muita experiência. São insubstituíveis. Morreram como heróis. Estavam ali salvando vidas – afirmou o prefeito.
Na tarde de ontem, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou a liberação de R$ 3 milhões para a contratação de serviços emergenciais em Petrópolis. O dinheiro será usado para contratar 500 pessoas, que trabalharão para restabelecer a normalidade nos locais atingidos pela chuva. Segundo ele, máquinas do Instituto Estadual do Ambiente e da Secretaria Estadual de Agricultura foram deslocadas para Petrópolis. Vão ajudar na desobstrução das vias e remoção de entulhos. A prefeitura de Petrópolis destinou R$ 200 mil para a compra de colchões, cobertores, alimentos e produtos de higiene.
O governador também disse que analisa com o governo federal a possibilidade de comprar as casas das famílias que moram em áreas de risco, para poder remover os moradores. O custo seria R$ 75 mil por unidade.
No estado do Rio de Janeiro, as cidades de Angra dos Reis, Duque de Caxias, Nova Friburgo, Mangaratiba, Niterói e Teresópolis também foram atingidas. Na cidade do Rio, os aeroportos Santos Dumont e Galeão operaram por instrumentos, e o Santos Dumont chegou a fechar pela manhã. Em São Paulo, o município mais afetado por temporais foi São Sebastião, no litoral, onde houve alagamentos e cerca de mil pessoas ficaram desalojadas e desabrigadas.
“As pessoas não querem sair”, diz Dilma
Ao comentar sobre a chuva que deixou 16 pessoas mortas no Rio, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que “não tem prevenção que dê conta se você ficar numa região, num determinado lugar, mesmo sabendo que tem que sair”.
– A nossa prevenção hoje avisa as pessoas. O que eu acho é que vão ter que ser tomadas medidas um pouco mais drásticas para que as pessoas não fiquem nas regiões que não podem ficar – afirmou ela, em Roma.
– O homem não tem condição de impedir desastre. O que ele pode impedir é a consequência do desastre e é isso que a gente tem lutado para fazer.
A presidente está em Roma para acompanhar, hoje, a missa inaugural do papa Francisco.
– Nós temos um sistema de prevenção, o problema é que muitas vezes as pessoas não querem sair (das áreas de risco) – acrescentou.
Em janeiro de 2011, logo após Dilma assumir o poder, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do Rio devido a fortes chuvas.
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