Moisés Mendes
Quantos professores, estudantes, funcionários da universidade e pessoas que passavam poderiam ter impedido que um aluno veterano de Direito atasse uma corda ao pescoço de uma caloura, desfilando com a moça pelo campus como se fosse uma escrava? Aconteceu na semana passada na Universidade Federal de Minas Gerais.
O trote foi aplicado a uma menina pintada de preto, com um cartaz no peito: Chica da Silva. Outros, da mesma linhagem, faziam saudações nazistas na recepção aos calouros em Belo Horizonte.
Quem tentou ali, na hora, segurá-los? Quem teve o peito de enfrentar os racistas e dizer: aqui, não. Ninguém. Nenhuma autoridade do campus, nenhum professor, nenhum estudante. Pois alguém deveria pelo menos ter tentado.
Em Santa Maria, na hora do horror na boate Kiss, pelo que a polícia suspeita, os bombeiros poderiam ter tentado impedir que os jovens socorressem os amigos. Como muitos entraram no prédio e não voltaram, pode sobrar agora para os soldados.
No dia seguinte à tragédia, conversei com os primeiros bombeiros a chegarem à boate. Era um grupo de homens atordoados. Sentados em roda, na quadra de esportes do quartel, me contaram tudo. Me passaram a convicção de que fizeram o que poderia ter sido feito.
Um detalhe estava presente em todos os relatos: ninguém negava que os jovens participaram ativamente das tentativas de resgate. Na volta a Porto Alegre, conversei com colegas da Redação e repeti várias vezes, como síntese do que ouvi dos soldados: nem bombeiros, nem pais, nem irmãos, nem namoradas, ninguém conseguiria segurar aqueles rapazes.
Investiguem a precariedade com que os bombeiros trabalham, mas deixem os homens que estiveram na Kiss com seus pesadelos. Os guris que retornaram à boate e morreram tentando salvar os amigos formavam um grupo poderoso de valentes. Não havia como contê-los.
Já os covardes de Belo Horizonte, estes sim poderiam ter sido contidos.
Quantos professores, estudantes, funcionários da universidade e pessoas que passavam poderiam ter impedido que um aluno veterano de Direito atasse uma corda ao pescoço de uma caloura, desfilando com a moça pelo campus como se fosse uma escrava? Aconteceu na semana passada na Universidade Federal de Minas Gerais.
O trote foi aplicado a uma menina pintada de preto, com um cartaz no peito: Chica da Silva. Outros, da mesma linhagem, faziam saudações nazistas na recepção aos calouros em Belo Horizonte.
Quem tentou ali, na hora, segurá-los? Quem teve o peito de enfrentar os racistas e dizer: aqui, não. Ninguém. Nenhuma autoridade do campus, nenhum professor, nenhum estudante. Pois alguém deveria pelo menos ter tentado.
Em Santa Maria, na hora do horror na boate Kiss, pelo que a polícia suspeita, os bombeiros poderiam ter tentado impedir que os jovens socorressem os amigos. Como muitos entraram no prédio e não voltaram, pode sobrar agora para os soldados.
No dia seguinte à tragédia, conversei com os primeiros bombeiros a chegarem à boate. Era um grupo de homens atordoados. Sentados em roda, na quadra de esportes do quartel, me contaram tudo. Me passaram a convicção de que fizeram o que poderia ter sido feito.
Um detalhe estava presente em todos os relatos: ninguém negava que os jovens participaram ativamente das tentativas de resgate. Na volta a Porto Alegre, conversei com colegas da Redação e repeti várias vezes, como síntese do que ouvi dos soldados: nem bombeiros, nem pais, nem irmãos, nem namoradas, ninguém conseguiria segurar aqueles rapazes.
Investiguem a precariedade com que os bombeiros trabalham, mas deixem os homens que estiveram na Kiss com seus pesadelos. Os guris que retornaram à boate e morreram tentando salvar os amigos formavam um grupo poderoso de valentes. Não havia como contê-los.
Já os covardes de Belo Horizonte, estes sim poderiam ter sido contidos.
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