SANTA MARIA, 27/01/2013
A tática da defesa de Kiko
MARCELO GONZATTO
A estratégia de defesa de um dos proprietários da boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, utiliza um arsenal de recursos que inclui mobilização em redes sociais, entrevistas e críticas públicas a autoridades.
Conforme especialistas consultados por ZH, a receita empregada pelo advogado Jader Marques tem como base técnicas de criminologia que procuram destacar o lado humano do suspeito e distribuir a culpa entre mais pessoas a fim de buscar um indiciamento menos severo.
No Facebook, um dos instrumentos utilizados pelo advogado, Marques publicou domingo a íntegra de três vídeos de uma entrevista com seu cliente. Ele se queixou de que a versão exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, não mostrou o lado “humano” de Kiko.
O profissional, um dos mais conhecidos criminalistas gaúchos e íntimo do célebre advogado Lia Pires, já falecido, também tem procurado ressaltar a responsabilidade de outros envolvidos no caso, como o Corpo de Bombeiros. O jurista de São Paulo Luiz Flávio Gomes sustenta que a estratégia utiliza duas técnicas principais:
– São técnicas estudadas em criminologia e conhecidas como neutralização e justificação. A intenção é neutralizar o que está sendo dito a respeito do cliente, e justificar alguma coisa que tenha sido feita. Quem tem acesso à mídia, por exemplo, tenta mostrar o lado humano do réu.
Estratégia traz risco de reação negativa
Na avaliação de Gomes, nesse tipo de caso de grande comoção pública, o objetivo do advogado é evitar o enquadramento do cliente por crimes mais graves. Para isso, começam a surgir iniciativas que, mesmo sem estarem publicamente relacionadas à defesa, também cumprem essa missão.
No Facebook, a página Força Kiko, lançada ontem, compartilha as gravações do advogado e mensagens de apoio ao empresário. Outra mobilização virtual busca fazer um vídeo com mensagens favoráveis a ser repassado ao advogado e a Kiko – que poderá receber alta hoje. Ele será encaminhado a uma delegacia e, depois, a um presídio.
Um criminalista gaúcho, que prefere não revelar o nome por razões éticas, sustenta que a estratégia de Marques tem a intenção de atrair simpatia, mas envolve riscos:
– Em um momento de consternação, qualquer frase mal colocada pode resultar em reação negativa.
Procurado à tarde, Marques disse que não falaria à imprensa. Pela manhã, à Rádio Gaúcha, afirmou que não eram utilizados fogos no interior da boate durante as festas.
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