SANTA MARIA, 27/01/2013
Três perícias. E pode ter mais
JÚLIA OTERO E PATRIC CHAGAS
JÚLIA OTERO E PATRIC CHAGAS
A boate Kiss passou por mais uma avaliação de técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP). Por volta das 7h30min, profissionais de Porto Alegre chegaram para fazer a terceira vistoria na casa noturna, que pegou fogo na madrugada de 27 de janeiro. O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, não descarta que novas análises sejam feitas.
Após a retirada cuidadosa de parte das homenagens às vítimas, que foram colocadas na única porta de acesso à danceteria, a equipe com cinco técnicos especialistas em incêndio entrou na Kiss. Em um primeiro momento, os peritos, munidos de máscaras e luvas, usaram lanternas para a vistoria. Às 8h10min, militares do Exército foram ao local levando um gerador de energia, escada e outros materiais para garantir abastecimento de energia elétrica improvisada na boate.
A vistoria, que durou cerca de quatro horas, teve como objetivo identificar o ponto exato onde se iniciou o incêndio após um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira apontar um sinalizador para o teto da danceteria, onde estava instalada a espuma de poliuretano. A combustão do material é apontada pela Polícia Civil como a principal causa dos 238 óbitos até agora, decorrentes, em sua maioria, da inalação de monóxido de carbono e cianeto.
Os militares também usaram pás e um carrinho de mão para auxiliar os técnicos a remover os escombros do incêndio. Foram feitas, ainda, fotos das aberturas que apareceram após a retirada da cobertura de madeira localizada na fachada da casa noturna, durante o resgate às vítimas do incêndio.
Conforme o IGP, esta foi a terceira vistoria feita e não existe um procedimento padrão para a realização de perícias. O número de varreduras, segundo o instituto, depende do que o caso demanda. No caso do incêndio de grandes proporções ocorrido na Kiss, foram analisados diversos aspectos solicitados pela Polícia Civil. Por isso, a perícia foi feita por etapas.
– Novas perícias não estão descartadas, caso surjam novos fatos e a Polícia Civil nos peça – afirma o engenheiro eletricista Osvaldo Betat.
Papéis da Hidramix são apreendidos
Também ontem, por volta das 17h, agentes da 1ª Delegacia de Polícia Civil, acompanhados do delegado Gabriel Zanella, cumpriram mandado de busca e apreensão na Hidramix, na área central de Santa Maria. A empresa executou reparos na área de prevenção de incêndio na Kiss e é investigada pelo Ministério Público desde 2011. Entre os sócios da empresa está o bombeiro Roberto Flávio da Silveira e Souza, conforme Zero Hora mostrou em reportagem publicada no dia 31. Pelo menos uma das sócias da empresa já foi ouvida pela polícia.
No estabelecimento, os policiais apreenderam três CPUs e uma caixa com documentos. O material foi levado para a delegacia, onde será analisado.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Após a retirada cuidadosa de parte das homenagens às vítimas, que foram colocadas na única porta de acesso à danceteria, a equipe com cinco técnicos especialistas em incêndio entrou na Kiss. Em um primeiro momento, os peritos, munidos de máscaras e luvas, usaram lanternas para a vistoria. Às 8h10min, militares do Exército foram ao local levando um gerador de energia, escada e outros materiais para garantir abastecimento de energia elétrica improvisada na boate.
A vistoria, que durou cerca de quatro horas, teve como objetivo identificar o ponto exato onde se iniciou o incêndio após um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira apontar um sinalizador para o teto da danceteria, onde estava instalada a espuma de poliuretano. A combustão do material é apontada pela Polícia Civil como a principal causa dos 238 óbitos até agora, decorrentes, em sua maioria, da inalação de monóxido de carbono e cianeto.
Os militares também usaram pás e um carrinho de mão para auxiliar os técnicos a remover os escombros do incêndio. Foram feitas, ainda, fotos das aberturas que apareceram após a retirada da cobertura de madeira localizada na fachada da casa noturna, durante o resgate às vítimas do incêndio.
Conforme o IGP, esta foi a terceira vistoria feita e não existe um procedimento padrão para a realização de perícias. O número de varreduras, segundo o instituto, depende do que o caso demanda. No caso do incêndio de grandes proporções ocorrido na Kiss, foram analisados diversos aspectos solicitados pela Polícia Civil. Por isso, a perícia foi feita por etapas.
– Novas perícias não estão descartadas, caso surjam novos fatos e a Polícia Civil nos peça – afirma o engenheiro eletricista Osvaldo Betat.
Papéis da Hidramix são apreendidos
Também ontem, por volta das 17h, agentes da 1ª Delegacia de Polícia Civil, acompanhados do delegado Gabriel Zanella, cumpriram mandado de busca e apreensão na Hidramix, na área central de Santa Maria. A empresa executou reparos na área de prevenção de incêndio na Kiss e é investigada pelo Ministério Público desde 2011. Entre os sócios da empresa está o bombeiro Roberto Flávio da Silveira e Souza, conforme Zero Hora mostrou em reportagem publicada no dia 31. Pelo menos uma das sócias da empresa já foi ouvida pela polícia.
No estabelecimento, os policiais apreenderam três CPUs e uma caixa com documentos. O material foi levado para a delegacia, onde será analisado.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
AS CAUSAS QUAL FOI A PRINCIPAL CAUSA DA TRAGÉDIA? - Muitos pontos relativos ao incêndio ainda estão sem explicações. Confira os principais:
- Segundo o delegado Marcelo Arigony, que lidera as investigações, a principal causa da tragédia foi a espuma instalada no teto para abafar o som. Ao pegar fogo, provavelmente em razão de um sputnik (sinalizador) usado pela banda Gurizada Fandangueira, a espuma teria liberado gás tóxico semelhante ao utilizado nas câmaras de gás nazistas. Mas essa não é a única causa. Há um conjunto de situações em análise, incluindo a falta de saídas de emergência, extintores que não funcionaram, superlotação e alvarás concedidos de forma irregular.
O SPUTNIK QUEM COMPROU? - Conforme o inquérito policial, foi o produtor da banda, Luciano Augusto Bonilha Leão, na loja Kaboom Pirotecnia, em Santa Maria. Ele confirmou isso em depoimento.
QUEM ACIONOU? - Segundo a Polícia Civil, o sputnik foi acionado pelo vocalista da banda, Marcelo de Jesus Santos. Testemunhas confirmaram que ele teria levantado o sinalizador com a mão e que uma faísca teria sido a causa do incêndio. Santos defende-se, alegando que a causa teria sido um curto circuito.
A LOJA KABOOM, QUE VENDEU O ARTEFATO, SERÁ PENALIZADA? - Ainda não se sabe. Isso vai depender das conclusões do inquérito.
A ESPUMA QUEM MANDOU INSTALAR? - Há controvérsia. Kiko, um dos donos da Kiss, diz que foi Miguel Ângelo Pedroso, engenheiro contratado para realizar uma reforma. O engenheiro assegura que jamais recomendou o uso do material.
SE O USO DADO AO MATERIAL FOI INADEQUADO, O FABRICANTE PODE SER PENALIZADO? - Por enquanto, não há nada confirmado. A responsabilidade do fabricante é investigada pela Polícia Civil.
QUEM É O FORNECEDOR? - A espuma foi comprada pelos donos da danceteria em uma loja de colchões de Santa Maria. De acordo com o proprietário do estabelecimento comercial, Flávio Boeira, o responsável pela reforma na Kiss encomendava o material e ele providenciava com a empresa fabricante, cujo nome não foi divulgado.
QUEM INSTALOU? - Segundo a Polícia Civil, um dos responsáveis pela instalação foi o barman da boate. Ele confirmou que os donos pediam que os funcionários ajudassem nas obras feitas no prédio, entre elas a colocação da espuma.
A SEGURANÇA SE A BOATE TIVESSE SAÍDAS DE EMERGÊNCIA E EXTINTORES FUNCIONANDO, O INCÊNDIO TERIA PROVOCADO TANTAS MORTES? - Provavelmente não. Mas essa resposta será dada pela perícia.
SE O PLANO DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO (PPCI) ERA INCONSISTENTE DESDE O INÍCIO, COMO A BOATE CONSEGUIU AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAR EM 29 DE AGOSTO DE 2009? - Essa pergunta ainda não tem resposta. A Polícia Civil investiga a causa da falha. O Corpo de Bombeiros, até o momento, não se manifestou.
POR QUE A PREFEITURA NÃO FECHOU O ESTABELECIMENTO POR IRREGULARIDADES? - Segundo a prefeitura, a responsabilidade não era dela. Era dos bombeiros.
A INVESTIGAÇÃO QUANTAS PESSOAS JÁ FORAM OUVIDAS PELA POLÍCIA CIVIL? - Cerca de 80. Mas já foram identificadas 575 pessoas a serem ouvidas pelos policiais.
A RESPONSABILIZAÇÃO O BOMBEIRO QUE CONCEDEU O PRIMEIRO ALVARÁ SERÁ PUNIDO? - É possível, se ficar comprovado que houve negligência. Ele deve ser ouvido nos próximos dias.
OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO PROJETO DE REFORMA DA BOATE SERÃO RESPONSABILIZADOS? - É possível, mas está sendo investigado.
QUAIS AS PESSOAS QUE FORAM PRESAS ATÉ AGORA? - Os dois proprietários, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda, o vocalista Marcelo de Jesus Santos e o produtor, Luciano Augusto Bonilha Leão. Eles foram presos temporariamente porque a Justiça entendeu que era necessário para garantir o andamento das investigações.
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