EDITORIAIS
Prevaleceram o bom senso e a coerência nas conversas e no desfecho do que ameaçava ser um impasse em relação ao Carnaval de rua de Porto Alegre. O bom senso esteve presente desde o início, quando da oportuna e rigorosa inspeção realizada pelo Corpo de Bombeiros no sambódromo da Capital e nos barracões das escolas de samba. A coe- rência se manifestou quando da intervenção do Ministério Público, no sentido de advertir a prefeitura para a necessidade de corrigir as falhas apontadas pelas autoridades de segurança, como fez em relação a outros casos recentes. Seria, no mínimo, uma irresponsabilidade, se o poder público, que promove o Carnaval de rua, compartilhando atribuições com as entidades, tratasse de forma negligente as informações dos bombeiros e as advertências do MP.
Todos saem ganhando com o acordo firmado ontem entre representantes do município, dos bombeiros e do Ministério Público, depois de um período de tensão, em decorrência da decisão dos promotores de fazer com que as determinações dos policiais fossem cumpridas. O episódio deixa uma lição exemplar: os governos, em qualquer esfera, devem obediência a orientações que buscam, em primeiro lugar, a segurança, como ocorreu, nesse caso, quando da intervenção dos bombeiros. É óbvio que há uma maior exigência em relação a esses cuidados depois da tragédia em Santa Maria. E também fica evidente, em meio a embates como o que envolveu o sambódromo, que a prevenção raramente era cumprida integralmente em eventos públicos, ou o local que acolhe os desfiles não teria provocado, por suas deficiências, os alertas dos peritos da BM.
Todos, mesmo os que não se interessam pelo Carnaval de rua, devem reconhecer que o entendimento tornará a festa mais segura, e que isso somente foi possível pela insistência com que bombeiros e MP defenderam seus pontos de vista. Nesse contexto, que se reconheça a atuação de promotores e procuradores que têm tentado – muito antes do incêndio na boate Kiss – fazer com que prevaleçam as medidas de segurança nem sempre levadas a sério por órgãos públicos e entidades privadas.
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