Renato Silvano Pulz*
O homem é o lobo do homem, afirmou Thomas Hobbes no século 17. Um dos maiores pensadores da Inglaterra tinha uma visão negativa do ser humano. Ele acreditava que somos todos egoístas e movidos pela esperança de ganhos pes- soais. Assim, teorizou que, se vivêssemos em um estado de natureza, de total liberdade e sem leis, roubaría-mos e mataríamos. Por isto, defendeu que a solução, para podermos viver em sociedade, foi um “contrato social”, abrindo mão de liberdades em nome da segurança coletiva. Legando, pois, a um terceiro imparcial o direito de aplicar a lei. Acreditava que, assim, reconheceríamos a lei natural de que devemos tratar os outros como gostamos de ser tratados. Obviamente, Hobbes não é unanimidade, mas, de certo, muito de seu pensamento pode ser aplicado aos nossos dias.
O debate de ZH deste domingo foi muito apropriado ao abordar a cultura do descaso, a falta de prevenção, o individualismo, as irresponsabilidades, a permissividade do cidadão e das autoridades. Infelizmente, experimentamos toda sorte de irresponsabilidades em nosso cotidiano, quando é comum ouvirmos a máxima “não dá nada”. E como ressaltou Marcelo Rech: “Não raro, quem enquadra irresponsáveis é alcunhado de autoritário”. E cada vez mais nossas vidas estão nas mãos dos outros, no transporte, nas construções, nos parques, nos hospitais, ou seja, existe uma infinidade de situações em que confiamos nos serviços que contratamos. Fazemos isto todos os dias, em todos os lugares. Toda atividade humana requer colaboração, isto seria impossível sem um mínimo de confiança. Por conseguinte, o poder público tem a função de autorizar, fiscalizar e punir aqueles que nos enganam. É o Leviatã de Hobbes.
Quando pagamos impostos, esperamos que o poder público faça a sua parte e, infelizmente, muitas vezes, não é o que tem acontecido, e as consequências são desastrosas. Não obstante, em um Estado democrático de direito é, pois, a sociedade que escolhe os seus representantes e tem a obrigação de cobrá-los. Assim, cabe a nós decidirmos qual o futuro que desejamos, pois não é só de automóveis e de televisões que se faz um país civilizado.
Assim, quando ninguém faz a coisa certa, há um preço a pagar. E, desta vez, foi caro demais. A vida é o nosso bem mais valioso; logo, não pode ser colocada no orçamento e negligenciada em favor do lucro fácil. Há séculos atrás, Molière afirmou que somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer. A célebre frase do dramaturgo resistiu ao tempo e deveria nos servir à reflexão. Afinal, que valores estamos perseguindo? Este trágico episódio é um triste retrato de nossos vícios. Restam-nos de alento a solidariedade e a expectativa de justiça. Torçamos para que Hobbes esteja errado a nosso respeito.
O homem é o lobo do homem, afirmou Thomas Hobbes no século 17. Um dos maiores pensadores da Inglaterra tinha uma visão negativa do ser humano. Ele acreditava que somos todos egoístas e movidos pela esperança de ganhos pes- soais. Assim, teorizou que, se vivêssemos em um estado de natureza, de total liberdade e sem leis, roubaría-mos e mataríamos. Por isto, defendeu que a solução, para podermos viver em sociedade, foi um “contrato social”, abrindo mão de liberdades em nome da segurança coletiva. Legando, pois, a um terceiro imparcial o direito de aplicar a lei. Acreditava que, assim, reconheceríamos a lei natural de que devemos tratar os outros como gostamos de ser tratados. Obviamente, Hobbes não é unanimidade, mas, de certo, muito de seu pensamento pode ser aplicado aos nossos dias.
O debate de ZH deste domingo foi muito apropriado ao abordar a cultura do descaso, a falta de prevenção, o individualismo, as irresponsabilidades, a permissividade do cidadão e das autoridades. Infelizmente, experimentamos toda sorte de irresponsabilidades em nosso cotidiano, quando é comum ouvirmos a máxima “não dá nada”. E como ressaltou Marcelo Rech: “Não raro, quem enquadra irresponsáveis é alcunhado de autoritário”. E cada vez mais nossas vidas estão nas mãos dos outros, no transporte, nas construções, nos parques, nos hospitais, ou seja, existe uma infinidade de situações em que confiamos nos serviços que contratamos. Fazemos isto todos os dias, em todos os lugares. Toda atividade humana requer colaboração, isto seria impossível sem um mínimo de confiança. Por conseguinte, o poder público tem a função de autorizar, fiscalizar e punir aqueles que nos enganam. É o Leviatã de Hobbes.
Quando pagamos impostos, esperamos que o poder público faça a sua parte e, infelizmente, muitas vezes, não é o que tem acontecido, e as consequências são desastrosas. Não obstante, em um Estado democrático de direito é, pois, a sociedade que escolhe os seus representantes e tem a obrigação de cobrá-los. Assim, cabe a nós decidirmos qual o futuro que desejamos, pois não é só de automóveis e de televisões que se faz um país civilizado.
Assim, quando ninguém faz a coisa certa, há um preço a pagar. E, desta vez, foi caro demais. A vida é o nosso bem mais valioso; logo, não pode ser colocada no orçamento e negligenciada em favor do lucro fácil. Há séculos atrás, Molière afirmou que somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer. A célebre frase do dramaturgo resistiu ao tempo e deveria nos servir à reflexão. Afinal, que valores estamos perseguindo? Este trágico episódio é um triste retrato de nossos vícios. Restam-nos de alento a solidariedade e a expectativa de justiça. Torçamos para que Hobbes esteja errado a nosso respeito.
*PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
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