ZERO HORA 07 de fevereiro de 2013 | N° 17336
ENTREVISTA. “Não vamos omitir nada”
Antônio Pedro da Luz Figini - Diretor do Departamento de Criminalística
Responsável pela equipe de peritos criminais que trabalham no caso da boate Kiss, o diretor do Departamento de Criminalística, Antônio Pedro da Luz Figini, afirma que a espuma coletada no local da tragédia está em análise. Confira:
Zero Hora – Como está sendo o trabalho da perícia?
Antônio Pedro da Luz Figini – Estamos atuando em várias frentes. Temos peritos examinando os extintores, elaborando a planta real da boate, que não é a que está sendo divulgada, e trabalhando no laudo de incêndio. Além disso, já encaminhamos a espuma coletada no local para o Departamento de Perícias Laboratoriais providenciar o exame.
ZH – Ainda não há uma conclusão sobre a espuma?
Figini – Isso está em análise.
ZH – O delegado responsável pelo caso anunciou que a principal causa da tragédia foi a espuma. A declaração foi precipitada?
Figini – O estatuto do servidor me impede de comentar isso, porque o delegado pertence a outra repartição. A precipitação ou não é assunto do chefe de Polícia.
ZH – Mas o resultado final pode ter uma conclusão diferente?
Figini – Tudo é possível.
ZH – O anúncio não teve por base o que os peritos disseram ao delegado?
Figini – Os peritos não disseram nada, mas isso não quer dizer que a hipótese não será confirmada. O delegado se baseou no que as vítimas provavelmente relataram, porque elas saíram da boate sufocadas e disseram que as pessoas caíam em função da fumaça.
ZH – Quando sai o resultado?
Figini – Em menos de 30 dias. O laudo de incêndio não é tão complexo, porque não houve queima total. Mas tem a questão da fumaça. Não vamos omitir nada.
ZH – Haverá mais alguma perícia no local da tragédia?
Figini – Os escombros já estão sendo removidos do local, e a única coisa prevista, neste momento, é a reconstituição com os sobreviventes.
Vítimas voltarão à Kiss para megarreconstituição
Uma nova, maior e mais completa reconstituição da tragédia na boate Kiss, que provocou a morte de 238 jovens em Santa Maria, está prevista para os próximos dias. A intenção do Departamento de Criminalística do Instituto-geral de Perícias (IGP) é reproduzir em detalhes os fatos que marcaram a madrugada de 27 de janeiro com a presença dos sobreviventes do incêndio.
Ao todo, estima-se que mais de 500 pessoas escaparam da morte e podem, de alguma maneira, ajudar na elucidação das causas do desastre, tratada como prioridade no IGP. A Polícia Civil deverá encaminhar aos peritos os depoimentos prestados pelas vítimas e, a partir deles, será planejada a simulação, em parceria com os agentes.
Ainda não há informações sobre quantas pessoas serão convocadas, já que isso dependerá das condições físicas e psicológicas de cada uma. A ideia dos técnicos responsáveis pela perícia é juntar o maior número possível de participantes.
Quando as testemunhas estiverem definidas, será agendada uma data, posterior ao Carnaval, para reconstituir o incêndio. Os peritos voltarão a Santa Maria especialmente para fazer essa simulação, em parceria com a Polícia Civil e os colegas que atuam no posto de criminalística da cidade.
Com base nas declarações feitas aos investigadores, as testemunhas serão posicionadas dentro da boate, cujos entulhos começaram a ser removidos nesta semana. Cada pessoa mostrará aos peritos e policiais para onde correu na hora das chamas, como conseguiu sair da casa noturna e, principalmente, o que viu durante os momentos de pânico.
Resultados saem em até 30 dias
Essas impressões ajudarão a confirmar o foco das chamas, que seria o teto do palco, e a dinâmica da fumaça. Os peritos querem esclarecer por que o gás decorrente da combustão não se dissipou e se havia obstáculos na saída, entre outras dúvidas.
Uma primeira reconstituição foi feita pela Polícia Civil no dia 30, mas com apenas cinco testemunhas – seguranças, funcionários e frequentadores – e sem a presença dos especialistas do IGP. Todo o trabalho pericial deve estar concluído em até 30 dias, com o laudo final, que conterá os resultados de análises feitas em laboratório e uma planta em 3D do local. Por enquanto, nenhuma possibilidade está descartada. Segundo o diretor do Departamento de Criminalística, Antônio Pedro da Luz Figini (leia entrevista ao lado), os melhores profissionais foram destinados ao caso.
JULIANA BUBLITZ
OS PASSOS DA PERÍCIA
Uma nova, maior e mais completa reconstituição da tragédia na boate Kiss, que provocou a morte de 238 jovens em Santa Maria, está prevista para os próximos dias. A intenção do Departamento de Criminalística do Instituto-geral de Perícias (IGP) é reproduzir em detalhes os fatos que marcaram a madrugada de 27 de janeiro com a presença dos sobreviventes do incêndio.
Ao todo, estima-se que mais de 500 pessoas escaparam da morte e podem, de alguma maneira, ajudar na elucidação das causas do desastre, tratada como prioridade no IGP. A Polícia Civil deverá encaminhar aos peritos os depoimentos prestados pelas vítimas e, a partir deles, será planejada a simulação, em parceria com os agentes.
Ainda não há informações sobre quantas pessoas serão convocadas, já que isso dependerá das condições físicas e psicológicas de cada uma. A ideia dos técnicos responsáveis pela perícia é juntar o maior número possível de participantes.
Quando as testemunhas estiverem definidas, será agendada uma data, posterior ao Carnaval, para reconstituir o incêndio. Os peritos voltarão a Santa Maria especialmente para fazer essa simulação, em parceria com a Polícia Civil e os colegas que atuam no posto de criminalística da cidade.
Com base nas declarações feitas aos investigadores, as testemunhas serão posicionadas dentro da boate, cujos entulhos começaram a ser removidos nesta semana. Cada pessoa mostrará aos peritos e policiais para onde correu na hora das chamas, como conseguiu sair da casa noturna e, principalmente, o que viu durante os momentos de pânico.
Resultados saem em até 30 dias
Essas impressões ajudarão a confirmar o foco das chamas, que seria o teto do palco, e a dinâmica da fumaça. Os peritos querem esclarecer por que o gás decorrente da combustão não se dissipou e se havia obstáculos na saída, entre outras dúvidas.
Uma primeira reconstituição foi feita pela Polícia Civil no dia 30, mas com apenas cinco testemunhas – seguranças, funcionários e frequentadores – e sem a presença dos especialistas do IGP. Todo o trabalho pericial deve estar concluído em até 30 dias, com o laudo final, que conterá os resultados de análises feitas em laboratório e uma planta em 3D do local. Por enquanto, nenhuma possibilidade está descartada. Segundo o diretor do Departamento de Criminalística, Antônio Pedro da Luz Figini (leia entrevista ao lado), os melhores profissionais foram destinados ao caso.
JULIANA BUBLITZ
OS PASSOS DA PERÍCIA
A COLETA - Peritos estiveram na Kiss ao menos três vezes, coletando indícios, como a espuma do teto, os extintores e o que sobrou do sinalizador usado pela banda.
A ANÁLISE - Uma amostra da espuma será queimada, e a fumaça passará por um equipamento capaz de determinar as substâncias dissipadas com a combustão.
AS RECONSTITUIÇÕES - Além de simular a tragédia, os peritos testarão diferentes modelos de sputnik para saber como se comportam quando acionados perto da espuma. O objetivo é confirmar se o sinalizador causou o incêndio.
A PLANTA DA BOATE - Um perito recorrerá a um software usado por arquitetos e engenheiros para compor a planta exata da boate, em 3D. A planta embasará o laudo final.
A EQUIPE - O Rio Grande do Sul é um dos poucos Estados com grupo especializado na elucidação de incêndios. Uma das três melhores do país e com mais de uma década de experiência, a equipe tem arquitetos e engenheiros químicos, eletricistas, civis e de materiais.
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