Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

FOGOS EM SHOW NA KISS


ZERO HORA 09 de fevereiro de 2013 | N° 17338

SANTA MARIA, 27/01/2013

Sócio usou fogos em show na Kiss


Em 27 de outubro de 2012, um sábado, os mais de mil jovens que participavam da festa dos 500 Dias da Medicina na boate Kiss, em Santa Maria, levaram um susto. Um dos sócios da casa noturna, o empresário e roqueiro Elissandro Spohr, o Kiko, gravava um videoclipe da sua banda, Projeto Pantana, quando fogos jorraram do chão rumo à espuma do isolamento acústico do teto. Foram três jatos de fogo.

Três meses depois, na madrugada de 27 de janeiro, um domingo, a banda Gurizada Fandangueira fez um show pirotécnico na Kiss que teria provocado um incêndio que resultou em 238 mortes – um episódio que entrou para a galeria das grandes tragédias do mundo.

Kiko está preso. E a foto da apresentação da banda Projeto Pantana integra o volumoso inquérito policial que apura as responsabilidades pela morte dos jovens no desastre.

– Lembro que, na hora em que o fogo começou, houve um princípio de pânico das pessoas, principalmente entre aquelas que estavam perto da porta. Houve gritaria entre os que estavam na fila, próximo à porta de entrada – relatou Vanessa Vasconcellos, que, na época, era relações públicas da boate.

Ela recorda que, logo após os fogos serem acionados, o ar da boate ficou com um cheiro forte, que irritava a garganta. Para acalmar a multidão, Kiko gritou, no microfone, que estava tudo sob controle.

Testemunhas garantem que, nos meses seguintes à apresentação de outubro, o uso de pirotecnias na apresentação das bandas se tornou comum na boate. Inclusive pela Gurizada Fandangueira, como lembrou Érico Paulus Garcia, que era barman da Kiss.

Em uma entrevista para o programa Fantástico, da Rede Globo, Kiko disse que desconhecia que o grupo usava artefatos pirotécnicos. A foto de outubro, em que a banda do empresário aparece usando fogos na Kiss, e os depoimentos de funcionários no inquérito policial mostram que havia se tornado uma rotina na boate esse tipo de apresentação.

Advogado de Kiko, Jader Marques confirmou que a foto foi tirada durante as gravações do clipe da banda, mas diz que não se tratava de uma festa aberta ao público:

– Tudo foi feito à tarde, fora do horário de funcionamento da boate. Não havia clientes no local. Eram só convidados e amigos. Não era o mesmo material usado pelo músico da Gurizada Fandangueira. Era um material seguro.

Ex-funcionária afirma que festa foi à noite

A ex-relações públicas da Kiss, no entanto, sustenta que o show foi realizado em um dia de festa normal, por volta da 1h30min.

A técnica em pirotecnia Denise Nunes analisou a foto, mas, devido à distância dos fogos e pelo fato de a base do artefato não aparecer na imagem, ela não pôde identificar o tipo de produto usado pela banda.

Não é a primeira vez que surgem fotos indicando o uso deste tipo de artefato. No dia 31 de janeiro, o delegado Marcelo Arigony, responsável pelas investigações, publicou em sua página no Facebook uma foto mostrando pessoas manuseando fogos na Kiss. Na oportunidade, Arigony postou nas redes sociais:

– Tirem suas próprias conclusões.

Ontem, procurado pela reportagem, Arigony preferiu não se manifestar:

– Não temos a análise documental das provas, por isso, não posso falar sobre essa foto.

*Colaborou Patric Chagas

carlos.wagner@zerohora.com.brCARLOS WAGNER* | SANTA MARIA

Nenhum comentário:

Postar um comentário