Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

EN NOME DE UMA CAUSA MAIOR


ZERO HORA 07 de fevereiro de 2013 | N° 17336

PÁGINA 10 | LETÍCIA DUARTE (INTERINA)


Depois de manifestarem divergências em uma discussão cruzada pelos meios de comunicação sobre as responsabilidades em relação à tragédia de Santa Maria, o governador Tarso Genro e o prefeito Cezar Schirmer tentam desfazer o mal-estar criado. Em uma demonstração de lucidez, suavizam o tom dos discursos para evitar que o clima de embate político prevaleça sobre o que realmente importa neste momento de dor e reflexão públicas.

Assim como Tarso, que na véspera manifestou à coluna sua preocupação em desfazer as interpretações de que haveria um “jogo de empurra”, apontando para a necessidade de uma investigação profunda para revelar a “cadeia de responsabilidades” que culminaram no desastre na boate Kiss, Schirmer fez o mesmo movimento ontem. Por meio de uma nota enviada à Página 10, apostou na retomada do tom conciliador:

“Tenho certeza de que tanto o governador quanto eu estamos totalmente dedicados a socorrer e amparar as famílias e as vítimas da tragédia, bem como a população de nossa cidade tão dolorida e consternada com o ocorrido. Queremos também a plena apuração do acontecido, que está sendo conduzida pela Polícia Civil. A divergência explicitada foi apenas quanto à definição de atribuições e competências legais. A tragédia nos deixa como uma das suas lições que o melhor verbo a conjugar é somar e multiplicar o esforço de todos na mesma direção”.

Ainda há muita tensão nos bastidores e acusações políticas de parte a parte, acirradas pela tradição de confronto entre PT e PMDB, mas o gesto público dos dois governantes é um sinal importante de restabelecimento do diálogo no nível que a sociedade espera. Tudo o que o Estado não precisa agora é a grenalização das culpas. O duelo verbal não ajuda em nada na busca pelas explicações que todos os gaúchos esperam.

A torcida é para que o discurso de conciliação não fique só na retórica nem seja uma posição individual de Tarso e de Schirmer. O Rio Grande do Sul merece que os agentes públicos de todos os níveis consigam se unir para diagnosticar falhas e encontrar caminhos de superação – em nome das 238 vítimas da tragédia, em nome de todos os que sofrem por esta perda, e em nome da promessa de que nunca mais algo semelhante se repita.

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