Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O FOGO E A ESPUMA


ZERO HORA 05/02/2013


O fogo e a espuma na boate Kiss


USO COMUM NA CASA NOTURNA

Apesar de sócio de boate negar, tudo indica que Kiss promovia shows com fogos

- No dia da tragédia, o guitarrista do grupo, Rodrigo Martins, disse que um sputnik (sinalizador) foi aceso durante a quinta música no palco da casa noturna. E afirmou que a banda “sempre usava” o artefato, até em “lugares menores”. Foi o sputnik que deu início ao incêndio.

- Na quinta-feira, o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, responsável pela investigação, postou em seu perfil no Facebook uma foto em que, aparentemente, funcionários da Kiss manuseiam equipamentos que disparam labaredas de fogo. É possível identificar a boate pelo logotipo em um monitor na parte superior esquerda da foto. Na descrição da postagem, Arigony escreve: “Recebi pelo msn do face. Tirem suas próprias conclusões!”.

- Um funcionário da loja Kaboom Pirotecnia, de Santa Maria, confirmou a ZH, no dia 31, que a Gurizada Fandangueira costumava comprar artefatos pirotécnicos “quase toda semana” na loja. Antes da tragédia, um músico da banda teria adquirido uma caixa de sputniks de uso externo, considerado inadequado para a casa noturna. Uma caixa com seis unidades custa R$ 13, enquanto que um único exemplar de sputnik indoor (uso em ambiente interno) sai por R$ 75.

- Em entrevista ao Fantástico no domingo, Elissandro Spohr, o Kiko, sócio da Kiss, afirmou que nunca autorizou o uso de fogos na boate:

– Faz dois anos que a banda toca lá. Eu vi no mínimo 30 shows deles. Eles nunca fizeram isso, nem na Kiss.

- Na mesma edição do Fantástico, Márcio André de Jesus dos Santos – percussionista da banda e irmão de Marcelo de Jesus dos Santos, o vocalista preso por usar o sinalizador – rebateu a declaração de Kiko. De acordo com o músico, a banda costumava promover pelo menos um show por mês na Kiss e que o dono da boate sabia que o grupo usava fogos na apresentação. Segundo Márcio, os fogos dos shows eram sempre os mesmos.

MATERIAL TÓXICO E FATAL

Espuma usada em revestimento é apontada como causa das mortes

- Na quinta-feira, após análise da perícia, a polícia afirmou que foi a espuma de poliuretano que revestia parte da boate Kiss a principal causa da tragédia em Santa Maria. A fumaça tóxica produzida pela queima do material, instalada no teto de um terço da casa noturna para melhorar a acústica do ambiente, resulta na liberação de gás cianídrico, o mesmo utilizado pelos nazistas para matar judeus na II Guerra Mundial.

- Vetada pela lei municipal de prevenção e proteção contra incêndios, a espuma havia sido instalada entre o isolamento e a fibra de vidro do teto – principalmente na área próxima ao palco. Além disso, não estava protegida por um produto químico usado para retardar a combustão e evitar a rápida propagação do fogo.
- A espuma de poliuretano convencional, sem tratamento específico para retardamento da queima, é de fácil e rápida combustão, quando comparada a outros dois tipos: com tratamento de aditivos que retardam o consumo pelo fogo e a espuma microcelular à base de melamina, que não se incendeia. No sábado, teste de ZH comprovou que espuma similar à usada na Kiss queima muito mais rápido do que o material recomendável.
- A espuma foi comprada pelos donos da boate Kiss em uma loja de Santa Maria especializada colchões. Segundo Flávio Boeira, da loja Colchões & Cia, foram adquiridas 12 lâminas do material, que medem 4mx5m cada, a R$ 330 a unidade.
- Liderada pelo deputado gaúcho Paulo Pimenta (PT), a Câmara criou uma comissão especial para acompanhar as investigações da tragédia e analisar restrições ao uso do material. Hoje está prevista a primeira reunião. A expectativa é definir, em 120 dias, as linhas básicas de uma nova lei que estabeleça critérios para prevenção de incêndio, levando em conta conclusões da investigação, de estudos da ABNT e da legislação internacional.

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