EDITORIAIS
Nada vai atenuar a dor dos pais e mães que ficaram órfãos de seus filhos em Santa Maria naquele domingo trágico de janeiro.
Palavras, homenagens, manifestações, reportagens e até mesmo eventuais responsabilizações dificilmente reduzirão o sofrimento e a saudade de parentes, amigos, professores, colegas ou mesmo simples conhecidos dos jovens que tiveram suas vidas interrompidas de forma tão brutal.
Mas a Justiça precisa ser feita, porque ela é a única maneira de se dar sentido para um acontecimento tão estúpido e desconcertante. E basta um breve olhar para as causas da tragédia para se ter certeza de que não foi uma fatalidade – foi, isto sim, um crime inominável, conjugação de desleixos, ganâncias, desprezo às leis e às normas de segurança, exibicionismo irresponsável, negligência do poder público, leniência dos órgãos fiscalizadores e total falta de memória de todos em relação a sinistros semelhantes que ocorreram em outras latitudes.
Não pode acontecer mais, nem aqui, nem em qualquer outra parte do mundo. Por isso, se registram o fato, a dor e o andamento das investigações um mês depois da sua ocorrência. Por isso, se exigem apuração rigorosa e punição exemplar para os culpados. Por isso, estamos voltando a um assunto que preferíamos nunca ter noticiado. Dói relembrar o que muita gente gostaria de esquecer. Mas doerá mais se fingirmos que nada aconteceu, pois assim os erros não serão corrigidos e logo teremos outras desgraças para chorar. Não vamos nos omitir. Não vamos esquecer. Não vamos deixar que os responsáveis fiquem impunes.
Porém, da mesma forma como procuramos tratar do infausto acontecimento com total respeito às vítimas, a seus familiares e amigos, queremos continuar acompanhando com atenção e responsabilidade as investigações e as providências que estão sendo tomadas pelas autoridades. Neste sentido, estamos registrando hoje, em reportagens especiais nos nossos veículos, não apenas as homenagens de Santa Maria pela passagem do primeiro mês da tragédia, mas também o estágio da investigação policial, das ações judiciais e das demais iniciativas relacionadas ao caso.
Mais: na próxima sexta-feira, apresentaremos o programa multimídia Painel RBS com a participação de representantes da Secretaria de Segurança, do Ministério Público, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, da prefeitura de Santa Maria, da associação de familiares das vítimas e de especialistas que possam lançar luzes sobre as investigações e a prevenção de novas tragédias. Nosso propósito é contribuir, por meio de um debate civilizado e consequente, para o aperfeiçoamento da legislação e para a disseminação de comportamentos que efetivamente protejam a vida.
Um mês, ainda que carregado de perplexidade, é um período muito curto para todas as mudanças que o país precisa fazer para garantir a segurança de seus cidadãos. Mas é um período suficiente para evidenciar as lições que precisam se aprendidas.
Uma dor dessas não pode ser esquecida em um mês. Nem em 10 anos (como mostra emblemático artigo publicado ao lado). Nem nunca.
Mas pode ser transformada em ações práticas para que jamais volte a dilacerar os corações de pais e mães que geram os seus filhos para o sublime dom da vida.
Vamos fazer isso.
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